segunda-feira, 17 de maio de 2010

O CANTO DE SANNY ALVES DEIXA OS CORAÇÕES EM FESTA.



Quando os ouvintes de um amante da música brasileira ouvem as primeiras emissões de uma voz que não conhece, logo ele se pões em posição de atenção total, com a audição do Cd da cantora Sanny Alves, o primeiro lançado no Brasil, foi o coração que se pois não em atenção total mas em Festa.

A audição do Cd desta cantora que já foi ouvida e vista ao lado de ninguém menos que Nei Lopes e que já tem até um cd lançado no Japão (ai que vontade de ouvir...!!!!) é filha do grande contrabaixista Luis Alves - um bamba no oficio de músico que tocou ao lado de muitos nomes iluminados da MPB.

Mas iluminado mesmo deve sentir-se Luis Alves por ter nos presenteado com esta bela cantora/atriz que vem traçando um caminho que certamente a levará ao esplendor da constelação de estrelas onde brilham eternas: Clara Nunes, Elis Regina, Alcione, Beth Carvalho, Nora Ney, Linda Batista, e tantas outras.

Dona de voz firme e forte, mas com a leveza que a permite cantar um dos clássicos do cancioneiro brasileiro, “Modinha de Gabriela” (até então obra que parecia imortalizada na voz de Gal Costa) sem deixar nada a dever a grande diva baiana e imprimindo uma versão que merece ser ouvida com muita atenção.

Algo é definitivo: é impossível ouvir Sanny Alves apenas como ouvinte da boa música brasileira, é necessário ouvi-la com o coração feliz, pois ao interpretar “Samba e Amor” de Chico Buarque mastigando os versos que diz: “... eu faço samba e amor a noite inteira / não tenho a quem prestar satisfação ...”

É impossivel ter o coração triste. Em algumas interpretações deste belissimo CD é possivel encontrar proximidade entre o canto de Sanny e o canto de Leny Andrade, daí sim é que o coração dispara de alegria e bate no compasso da certeza de estar diante do nascimento de um das mais belas estrelas da Música Popular Brasileira.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva


A CORAGEM DE JOÃO PINHEIRO E O SEU CANTO EM HOMENAGEM A SADE.



Certamente o excelente cantor João Pinheiro deve ser fã incondicional da cantora Sade, a ponto de lhe render belíssima homenagem em seu CD de 2007 intitulado “João Pinheiro – Canta Sade”, que desde que chegou às minhas mãos não para de tocar aqui em casa.

Lançado sobre o apadrinhamento da cantora Beth Carvalho e da poetiza Elisa Lucinda seu primeiro Cd “Brasilidad” chegou ao cenário musical brasileiro incensado pela competência vocal e pelo histórico de respeito que o cantor já havia somado em sua trajetória musical.

João Pinheiro é talvez o cantor de maior coragem no cenário de hoje em dia, pois para poder chegar a este cd “... Canta Sade” certamente deve ter percorrido um caminho cheio de obstáculos e ao ouvi-lo fica claro que é fruto de alguém que sabe o que quer.

Esta bela voz do cantor João Pinheiro abrasileira a obra de Sade, e é delicioso ouvir os instrumentos e a percussão, tão brasileiros, a emoldurar os versos da cantora que nos anos 80 chegou a ser promessa de Pop Star, tendo com o passar dos tempos tornado-se figura emblemática no cenário da canção mundial.

O resgate primoroso que João Pinheiro faz da obra de Sade merece lugar entre as coleções de CDs, sobretudo das coleções de quem aprecia a belas vozes. Raro encontrar na ala masculina da música popular brasileira alguém com tamanho carisma vocal.

João Pinheiro tem sem duvida o mais belo canto, e não demorará em que o mundo se curve a esta voz tão brasileira.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva



DE BACH A JOBIM O TRIO TERNURA É DO BRASIL.



Eva, Mariza e Regina: eis os nomes destas “meninas” que hoje vivem na França com suas famílias, mas que na década de 60 / 70 fizeram enorme sucesso neste nosso país que quase nunca mantém na memória o que realmente é bom e eterno.

Minha memória afetiva musical lembra tão bem da meiga Evinha cantando “Cantiga Para Luciana” que eu vi na casa de uma tia que naquela época era a única da família a ter uma televisão, tudo que víamos era em preto e branco, mas a voz de Evinha trazia tantas cores para mim que eu, criança, adorava aquela voz, e achava Evinha muito parecida com minha irmã que na época deveria ter uns 5 ou 6 anos.

Evinha é a Eva do Trio Ternura, grupo de irmãs que junto a ala masculina da família fizeram enorme sucesso no cenário musical do Brasil, não só com cantores em trios, mas também na década de 80 como produtores de grandes discos principalmente para a gravadora EMI.

Mas o Trio formado no Brasil apaixonou-se pela França e para lá mudaram, casaram-se, tiveram filhos e de vez em quando presenteiam o mundo e o Brasil com perolas como este CD, que até este momento (maio de 2010) ainda não havia sido lançado por aqui.

Desde a belíssima concepção gráfica da capa, até a seleção perfeita do repertório é impossível não sentir-se comovido com cada uma das interpretações quase à capela e na maioria das vezes acompanhada por arranjos que valorizam perfeitamente a harmonia das três vozes que com o passar do tempo só tem feito ficar ainda mais harmoniosas.

Estão no repertório - que até agora só os franceses tem a sorte de ver e ouvir - “Desafinado”, “Samba do Avião”, “Romaria”, “Upa Neguinho” e a que talvez tenha a interpretação mais comovente “Joana Francesa” de Chico Buarque, e ainda tem interpretações de canções dos Beatles, mas sobre estas deixarei que a curiosidade os façam correr atrás desta perola lançada na França.

Ainda bem que a França sabe que Eva, Mariza e Regina são brasileiras, e que o Trio Ternura nasceu aqui e mora no coração de ouvintes que, como eu, ama a musicalidade de nossa nação.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva


domingo, 2 de maio de 2010

A MARAVILHOSA NEGRITUDE DE ZEZÉ MOTTA.



* Item de Colecionador*

Há exatos 31 anos o acervo musical brasileiro recebia um LP de presente da gravadora Warner. Tratava-se de um trabalho produzido pelo grande João de Aquino e a cantora era ninguém menos que a estrela do cinema e TV Zezé Motta e este trabalho chamou-se simplesmente “Negritude”.

A abertura do disco traz o imortal Manacéa em voz e cavaquinho numa composição sua chamada “Manhã Brasileira” e Zezé faz um belo dueto com o compositor mostrando ao ouvinte quais as maravilhas iria encontrar pela frente.

A segunda canção também de ilustre compositor é “Atividade” de Padeirinho que diz assim: “... malandro prá ser malandro / tem que ter capacidade / se tiver mulher bonita / tem que andar na atividade ..”. Já mostrando mais uma gíria carioca que haveria de tomar conta do vocabulário de todo nosso imenso Brasil.

A próxima é a canção de John Neschiling e Geraldo Carneiro chamada “Ai de Mim” um chorinho rasgado que numa interpretação para lá de sensual de Zezé Motta ganha um swing todo especial e torna praticamente impossível se ouvir a canção sem sacudir o corpo.

Temos a seguir uma canção da melhor safra de Moraes Moreira que inicia a re-ligação dos laços da musica brasileira com a música feita no continente africano, a canção que Zezé interpreta soberanamente, chama-se “Pensamento Ioruba” e toda a negritude vocal da cantora é percebida nesta interpretação marcante.

O poeta maior da Mangueira, Cartola, esta presente no disco através de uma de suas obras primas a canção: “Autonomia”: “...É impossível nesta primavera, eu sei / Impossível, pois longe estarei / Mas pensando em nosso amor, amor sincero / Ai! se eu tivesse autonomia / Se eu pudesse gritaria / Não vou, não quero ...”

Uma canção surpreendente das raríssimas composições feitas pela cantora Maria Bethânia, em Parceria com Rosinha de Valença, estão presente neste trabalho requintado de uma das Divas de nossa canção, intitulada “Caca Caiana” que diz assim: “... meu rumo foi traçado / na palma de uma palmeira / ai, ai, ai, ai / na beira do Paraíba / do sul do sul / brinquei nos canaviais ...”

O disco trás ainda composições de Tunai e Sergio Natureza intitulado: “Trovoada”, marcando a solidificação do nome destes compositores no universo da musica popular do Brasil.

Mas definitivamente a canção: “Senhora Liberdade” de Wilson Moreira e Nei Lopes ganhou interpretação definitiva na voz de Zezé Motta e registrada neste disco, certamente os amantes da boa musica lembra-se de Zezé Motta imediatamente quando ouvem os primeiros acordes desta que podemos considerar um dos clássicos da composição mpbistica, e, como a “Negritude” de Zezé Motta, exala liberdade torna-se impossível terminar esses escritos sem cantarolar “... Abre as asas sobre mim / Oh senhora liberdade / Eu fui condenado / Sem merecimento / Por um sentimento / Por Uma paixão / Violenta emoção / Pois amar foi meu delito / Mas foi um sonho tão bonito ..”.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva


“QUATRO” MARAVILHAS DE SÁ E GUARABYRA.



* Item de Colecionador*

Muito antes de Chico César e Zeca Baleiro existiR no solo fértil da MPB uma dupla de cantores e compositores que conseguiam fazer a síntese entre a musica urbana dos grande centros (Rio- São Paulo) e a música feita no restante do pais, sobretudo no nordeste. Quando fui apresentado a eles aos meus vinte anos de idade o encantamento foi imediato.

Falo de Sá e Guarabyra que iniciaram carreira na verdade como um trio, estava junto a eles o grande compositor Zé Rodrix que já partiu, mas quando me foram apresentados tinham uma carreia consolidada como dupla e eram reverenciados pela turma que, ao final dos anos 70, adoraria ter vivido a efervescência dos anos 60.

Quero aqui escrever sobre o LP que Sá e Guarabyra gravaram entre os anos de 78 e 79 e que, lançado pela gravadora Som Livre, chamou-se “Quatro”. O LP me encantou desde a concepção da capa até a seleção de composições que ao meu ver é perfeita.

Logo de inicio ouvimos a abrir o disco a canção “Sete Marias” que hoje encontra-se no inconsciente de todos os amantes da boa música, podemos chamá-la de um clássico eles dizem assim através de vosso canto: “... Sete Maria tinha a vila dos meninos / Sete Maria dentro do sertão / Sete destino diferente, sete sina / Sete caminho para o coração ..”.

O LP tras onze canções todas autorais. Neste trabalho, eles não gravaram nenhum outro compositor, prepararam as canções cuidadosamente e deixaram a produção do trabalho a ninguém menos que Guto Graça Mello na época um idealizador de grandes LPs de sucesso e, diga-se, de qualidade.

Mas de todas as canções que o disco traz é numa que tem letra curtissima que me apego buscando na memória lembranças de um periodo de minha vida e da vida do nosso Brasil onde sonhar era necessário mas lutar muito para construir um Brasil melhor era nossa obrigação estava em nosso sangue, e no pulsar de nossa existencia a vontade de mudar os rumos da história, e esta canção cheia de singeleza me chegou através de ares que hoje ainda busco mas que sinto estar cada vez mais distante “... um tocador de violão não pode cantar, prosseguir / quando lhe acusam de estar mentindo / quer virar passaro e rolar no ar, no ar / quer virar passaro e sumir ...”

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva


ZEZÉ GONZAGA – A SENHORA QUE SEMPRE CANTOU.



*Item de Colecionador*

Em 2002 a gravadora Biscoito Fino colocou no mercado fonográfico a edição em CD do espetáculo criado por Hermínio Bello de Carvalho para a espetacular cantora Zezé Gonzaga, foi aí que pude ter contato com o que chamaria de uma senhora cantora.

O CD intitulado “Sou Apenas uma Senhora que Ainda Canta” trazia para o grande publico uma cantora que decidiu voluntariamente recolher-se por um longo período, certamente este período deve ter sido o mais triste da nossa grande música popular.

É inconcebível imaginar o Brasil sem a voz de Zezé Gonzaga, e neste espetáculo registrado em disco podemos verificar a cada interpretação da cantora o quanto sua categoria é única no meio musical.

Abre o disco a canção de Joyce que traduz na verdade o oficio de todas as mulheres que elegeram o canto como o seu labor, diz assim a magnífica canção da compositora que já imortalizada por Elizeth Cardoso ganhou aqui releitura única de Zezé Gonzaga “ ... Assim como quem cuida de uma casa / Com capricho e com carinho / Cuido bem da minha voz / Que saia limpa e clara da garganta / E voe sempre mais veloz / Lavando o coração de quem me escute / Feito água cristalina, aliviando toda a dor / Tornando mais bonita a vida rude / Faxineira do amor / E assim esfrego o chão da minha alma / Até vê-la mais brilhante / Do que sala de jantar / Que é pra bem receber os convidados / Que começam a chegar / E quem me vê no palco tão serena / Tão segura e poderosa / Radiante de emoções / Não pode adivinhar o meu trabalho: / Faxineira das canções!

Acho importante nos apropriarmos cada vez mais das composições que nosso Brasil produz pois são verdadeiros contos em forma de canção, e a voz de Zezé Gonzaga dá uma vida a canção que certa feita a “Divina” imortalizou.

Encontramos na voz da grande senhora Zezé Motta uma vivacidade digna das principiantes quando no disco interpreta com leveza a obra prima de Francis Hime e Chico Buarque: “Trocando em Miúdos” que falam de uma separação dolorida “... eu vou lhe deixar a medida do bomfim / não me valeu / mas fico com o disco do pixinguinha sim / o resto é seu ...”

Zezé Gonzaga sempre foi fã confessa de Elizeth Cardoso e numa das fotos do encarte do disco aparece usando um dos aneis da Divina em atitude de reverencia, e grava a unica canção compsota por Elizeth Cardoso que diz assim: “... Estrelas / vivem no ceu / sozinhas / sem amor minha vida / também vive só ...”

Certamente hoje lá no céu Zezé Gonzaga e Elizeth Cardoso formam a mais bela dupla de vozes, alias, façam silêncio! ...Prestem atenção... Olhem para os céus, conseguem ouvir? Eu consigo !

Paulo Gonçalo dos Santos Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva