quarta-feira, 22 de outubro de 2008

“DEIXA” Renata Arruda invadir sua alma!


JÁ FAZ MAIS DE ANO QUE NÃO TE VEJO
FAZ MUITO TEMPO QUE DERRAMEI
TODA A ÁGUA QUE MEUS OLHOS GUARDAVAM POR TI ...

Gosto de música há muitos anos, e costumo contar para os amigos que este gosto se fez vivo em mim desde que minha avó vinda do sertão de Pernambuco me ninou com cantos que até hoje trago no coração.

A primeira vez que vi Renata Arruda estremeci pela força que saia da boca daquela jovem tão bonita que a telinha da TV me trazia, lembro-me que enlouqueci atrás do primeiro trabalho dela, consegui e o tenho até hoje aqui entre os meus mais queridos CDs.


Este trabalho de Renata Arruda chamado “Deixa”, tocou-me a alma profundamente, presente de uma querida amiga, chegou a mãos e aos ouvidos trazendo lembranças de um tempo onde a felicidade instalada estava em mim.

EU ME CHEGUEI MEIO TONTAREPLETA DE DOCES PRA TE OFERECER ...

Falo de um tempo onde pela periferia de São Paulo era possível correr junto aos amigos respirando um ar que era mistura de todas as regiões do pais, a voz de Renata Arruda cada vez mais bela e límpida, nos transporta por entre flashes que a memória teima não deixar escapulir.


Cada canção do CD “Deixa” inspira e dá a vontade de correr loucamente atrás da felicidade que hoje parece tão impossível de alcançar. O CD fala de amor tão docemente e tão brasileiramente que se torna impossível em algumas canções não deixar as lagrimas rolarem face afora.

A canção que abre o CD: Palavra Escrita toca por deixar vuneravel a verve da criadora de canções, sim porque Renata Arruda é compositora de mão cheia e o CD trás 13 canções dela em parceria com vários outros compositores, para citar apenas alguns estão lá: Chico César, Zélia Duncan e uma Lucia Veríssimo (atriz) cheia de inspiração.


Impossível não deixar este trabalho de Renata Arruda tomar conta da alma da gente e acreditar em cada frase tão bem dita e cantada por ela, segurando-se assim com toda a força num fiozinho lilás de esperança que nos faz acreditar que AMAR é possível.

Como diz Renata Arruda:


PALAVRA ESCRITA QUANDO NASCE DÓI DEMAIS.

Corram atrás deste trabalho de Renata Arruda, afinal não são todos que tem o privilégio de ter amigos que nos presenteiem com trabalho tão maravilhoso.

sábado, 11 de outubro de 2008

OS SACRAMENTOS DE MARCOS.

A primeira vez que ouvi este cantor foiháuns três ou quatro anos atrás quando adquirri o CD Memorável samba da gravadora biscoito fino no relese encontrado no site da própria gravadora vimos assim a descrição deste trabalhoque me conquistou e me fez um apaixonado pela voz deste cantor carioca: ... Intérprete apurado do samba carioca de variadas épocas e estilos, o carioca Marcos Sacramento reafirma sua preferência - com habilidade - pelo gênero em seu novo disco, Memorável samba, pela Biscoito Fino. Trata-se do segundo álbum de Sacramento pela gravadora, por onde lançou em 2002 Saravá Baden Powell, em dupla com a cantora Clara Sandroni. O título do novo disco dá a idéia precisa do conceito proposto por Sacramento. São 13 sambas, todos de fato memoráveis, criados entre as décadas de 30 e 50. A expressão “Memorável samba” foi tirada de Meu Romance, composto por J. Cascata, em 1938, em saudação à Mangueira, sua jaqueira e suas pastoras: “Na tarde daquele memorável samba / eu me lembro, tu estavas de sandália / com teu vestido de malha / no meio daqueles bambas”. Sacramento é acompanhado por Luis Flavio Alcofra (violão) e Jaime Vignoli (cavaquinho), junto com os percussionistas João Hermeto, Marcelinho Moreira e Netinho...
Agora em final de 2006 Marcos Sacramento lança mais um CD solo pela mesma gravadora intitulado apenas Sacramentos, ao ouvi-lo é impossível não permitir que nosso imaginário leve-nos ao Rio de Janeiro dos anos 30 e 40, que venha a memória Araci de Almeida e Noel Rosa, que não mergulhemos nas histórias ingenuamente marginais de um Madame Satã que dominava a Lapa e assustava alguns.
O canto de Marcos Sacramento esta cada vez melhor, a sonoridade de seu CD é capaz de mobilizar um publico maior que o de muitos astros e estrelas da nata de nossa MPB, ele é sem duvida o cantor mais atual e o que melhor reflete o que nossa cultura popular tem de melhor, seu disco é uma verdadeira aula de história de nossa música ele canta neste “Sacramentos” canções de Baden Powell, Custódio Mesquita. Herivelto Martins, Davi Nasser, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Fátima Guedes e ainda sobre espaço para uma composição própria intitulada: Falo de Amor que diz mais ou menos assim:
Falo de amor por onde ando
Falo de estalo, sem perceber
Falo de manhã, falo a tarde, falo ao anoitecer
No sol, na chuva, se a terra estremecer
Quando a política me empobrece
E a estatística me empobrece
Falo, falo, falo, falo de amor ...
Pois é isto é Marcos Sacramento o cantor !

AS ÁGUAS DE MARIA BETHÂNIA.

A Rainha acaba de lançar de uma só vez dois CDs vendidos separadamente sendo um pelo selo Quitanda que é seu e outro pela gravadora Biscoito Fino, nestes dois trabalho Bethânia nos conta de forma erudita sua compreensão sobre as águas salgadas e as águas doces que banham sua vida desde sempre. Obviamente não aprece nada difícil recolher canções de fale de nossos rios e de nossos mares afinal todo o Brasil é repleto de veios d’águas e temos o Atlântico a nos banhar por toda nossa extensão territorial, afinal o Brasil é um pais de águas doce e salgada.
Mas fazer essa escolha de maneira acertada e vigorosa só mesmo Maria Bethânia, que com toda sua dignidade e sabedoria monta um painel maravilhoso que mergulha desde Portugal e emerge no recôncavo baiano onde nasceu e criou-se.
O disco nos remete ao canto triste português bem como nos leva ao universo alegre e brejeiro de Dorival Caymmi sem cair na vulgaridade nem mesmo na obviedade. NO CD das águas doce Bethânia nos apresenta a poetiza portuguesa Sophia de Mello Breyner que tem pinçado pela Rainha de seus escritos trechos que enchem a alma de todo ouvinte que dizem mais ou menos assim: ... as suas asas empresta A tempestade Quando os leões do mar rugem nas grutasS obre os abismos passa e vai em frente ... quando declama este poema a Rainha emenda a canção de Paulo César Pinheiro intitulada “A dona do raio e do vento” nada mais apropriadamente sábio. O show deste repertorio certamente deve resultar em um DVD que deve repetir a singeleza de Brasileirinho, pois o recolhimento de canções de domínio publico, as homenagens aos santos católicos e às entidades da natureza são presentes e nos dão verdadeira aula de cultura brasileira proporcionando-nos momentos de rara beleza musical. A capa do CD que fala das águas salgada intitulado “Pirata” é de uma beleza arrebatadora ela reproduz um bordado primitivo que toca a alma de todo apreciador de obras de arte e todo o tratamento gráfico deste CD é repleto de singelezas encantadoras o repertorio é todo montado com as sonoridades que calam profundo n’alma e aqui devemos ressaltar a importância da participação de seu maestro Jaime Além e do percursionista Nana Vasconcelos que conseguem criar climas distintos para as águas que sempre se encontram principalmente na voz da Abelha Rainha.
Salve Bethânia!

A ESTRELA LUCINHA LINS


Para falar do cd “Canção Brasileira” onde Lucinha Lins interpreta Sueli Costa lançado em 2002 pela gravadora Biscoito Fino é necessário que falemos um pouco da história desta personalidade das artes no Brasil. Sim, porque Lucinha já foi back vocal, bailarina, atriz, apresentadora de programas infantis e cantora de mão e voz cheia.

Para contar a sua história deixemos que a própria Lucinha Lins fale: ... Lucinha Lins costuma dizer que, na infância, queria ser bailarina. Depois, médica.E, mais tarde, queria mesmo era ser cantora. Na verdade Lucinha é um pouco disso tudo: nunca foi bailarina, mas dançou muito bem em vários espetáculos; não é doutora, mas pode ser considerada a médica da família; e a cantora ficou em segundo plano quando ela se tornou atriz.
Lúcia Maria Werner Vianna nasceu no Rio de Janeiro em 9 de março de 1953. Cresceu no bairro da Tijuca e, na adolescência, com um grupo de amigos apaixonados por música, formou o MAU (Movimento Artístico Universitário) – onde começou a cantar e conheceu o músico e compositor Ivan Lins.
No começo dos anos 70, já casada com Ivan Lins, Lucinha participou dos shows
do cantor como vocalista e percussionista. Paralelamente cantou em festivais de música brasileira e começou a gravar jingles. Vieram então os comerciais de televisão, que acabaram por revelar o belo rosto escondido atrás daquela bela voz.
Mas foi na década de 80 que Lucinha Lins se tornou conhecida nacionalmente ao vencer o Festival MPB Shell 82 com a música “Purpurina” e receber uma vaia gigantesca – a música favorita do público era “Planeta Água”, de Guilherme Arantes. (trecho da biografia extraído do site oficial http://www.lucinhalins.com.br/.

Canção brasileira nos trás o universo musical da maior compositora viva de nosso país: Sueli Costa, abre o cd “Canção Brasileira” ... quantas vezes vagueio no quarto, ou nos abres tão só, mas eu nunca fui triste, os corredores da vida eu sei de cor ..., a compositora é a única dentre tantas que consegue transpor para a canção o universo feminino, suas dores, alegrias, sonhos e desejos, entres os grandes compositores de nossa canção popular, só Chico Buarque consegue fazê-lo sem ser piegas e sem ser mulher.

Lucinha Lins no CD que para nossa sorte ainda está em catalogo na gravadora Biscoito Fino, e indispensável para qualquer colecionador de MPB, segue cantando “Vinte anos Blues’ que retrata toda a efervescência da juventude obrigada a se calar nos anos 70 e, que tinha na MPB sua grande saída, e assim segue segura por “dentro de mim mora um anjo” , “coração ateu”, “medo de amar nº 2” e fecha o disco num atrevimento só permitido às grandes interpretes de nossa canção, regrava a canção “Alma” canção que colocou definitivamente a cantora Simone entre as maiores interpretes da MPB no início dos anos 80 e tornou-se sua marca registrada. Lucinha Lins regrava mostrando-nos que um país que tem compositoras como Sueli Costa e interpretes como Simone, Bethânia e Nana Caymmi não precisa de mais nada, apenas a constatação de que as nossas ... almas tem um corpo moreno, nem sempre sereno, nem sempre emoção, feliz desta alma que vive comigo e vai onde eu sigo o meu coração ...

Não poderia deixar de lembrar as participação de Lucinha Lins no cinema e quem foi criança, adolescente, jovem, ou velho nos anos 80 não esquecerá jamais sua atuação no filme “Os saltimbancos trapalhões”, linda, com sorriso magnetizante, Lucinha Lins além de ser a mocinha da história ainda cantava de maneira cristalina as canções de Chico Buarque para nosso deleite, agora quanto às vaias do Festival de MPB da Rede Globo, oras deixemos pra lá e ouçamos o CD “Canção Brasileira”. Vale a pena.

PRA FALAR DE AMOR... E DE... EDUARDO CONDE.


Poucos devem se lembrar dele, mas sua voz registrada em pouquíssimos álbuns (CD), é tal forma marcante, que diria que a MPB deve ainda um grande Tributo a este artista brasileiro chamado Eduardo Conde.

Eduardo Conde esteve entre nós até seus 56 anos de idade e 37 de carreira, iniciada na segunda metade dos anos 60, com os festivais de música popular brasileira. Sua figura esguia, de longos cabelos lisos e rosto marcante, o levou às passarelas, mas ele preferiu investir na carreira de ator, em que destacou-se, nos anos 70, como protagonista do musical Jesus Cristo Superstar, versão pop da história bíblica.

Apadrinhado pela cantora Beth Carvalho que lhe ensinou tudo sobre música, gravou em 1969 seu primeiro LP chamado “Minha Chegada”, fora de catalogo obviamente. Retoma a carreira de cantor somente em 1995 com a gravação do CD “Pra falar de amor” e, em 1997, grava o belíssimo álbum tributo a obra de Suely Costa chamado “Intimo”.

Os CDs ainda podem ser encontrados numa busca mais detalhada na internet e vale a pena fazer parte de toda CDeteca de amantes da MPB mais pura e visceral. Com sua voz grave e com um charme e bossa únicos que misturam a firmeza de Orlando Silva e a delicadeza de Djavan, as músicas de Sueli Costa na voz de Eduardo soam como bálsamos pra nossas almas.

Grande sucesso na voz da cantora Simone a canção “ALMA” ganha um brilho especial gravada por Eduardo Conde no CD Intimo, os versos de Sueli Costa em parceria com Abel Silva são reciclados e enternecem o coração ... há almas que tem a mais louca alegrias , que é quase agonia, quase profissão ...

As alegrias, a voz firme, enternecem ainda mais nossos ouvidos ao ouvirmos ... quero cantar pra você / segunda-feira de manhã / pelo meu rádio de pilha tão docemente / e ajudar a escalar esse dia mais facilmente ... imortalizada na voz de Elis Regina e reconstruída magnificamente na voz de Eduardo Conde a canção “O PRIMEIRO JORNAL” também parceria de Sueli Costa com Abel Silva.

Ainda é possível sentir toda a singeleza do amor entre duas mulheres cantada na voz masculina, quando Eduardo Conde nos presenteia com a canção “A ALEGRIA E A DOR”, também da parceria entre Sueli Costa e Abel Silva, traduzindo e possibilitando que o som se transforme em imagens em nosso imaginário. Salve o amor, salve o cantor, salve a MPB que teve entre seus cantores Eduardo Conde ... quando a alegria se levanta / a dor espera / e o vento da sorte / bate a porta e abre a janela ...

Dedico esta matéria a um amigo distante, Carlos Elydio que me vem a memória sempre que ouço Eduardo Conde, saudades ...

Céu e Mar são achados no novo CD de CEUMAR e DANTE OZZETTI



... Quem estiver
Atrás de um grande amor
Achou !


Ao ouvir o novo CD de Ceumar e Dante Ozzetti é impossível não achar que se deparou com o melhor disco dos últimos tempos da nossa contemporânea MPB que vive cheia de grandes nomes e pouca criatividade.

Num disco simples e de um colorido ímpar que podemos apreciar logo pela capa intitulado simplesmente ACHOU ! é de um lirismo e de uma pureza que evoca os cantinhos mais esquecidos de nosso belo país cheio de uma sonoridade que um dia Mário de Andrade quis tornar pública.

Ceumar mineira de Itanhadu mudou-se para São Paulo no ano de 1995 e, desde então, vem abrindo espaço no meio musical desta selva de pedras que adora a musicalidade dos cantos do Brasil com dois ótimos CDs facilmente acháveis “Dindinha” e “Sempre Viva” emociona as platéias que tem o privilégio de ouví-la sempre.

Dante Ozzetti arranjador e produtor musical tem uma obra premiada, presença marcante nos CDS da irmã Na Ozzetti, se mostra um dos compositores que podemos considerar herdeiros daqueles que fizeram a MPB dos anos setenta mundialmente respeitados.

O CD só tem canções de Dante Ozzetti com diversos parceiros que vão de Alzira Espindola a Zélia Duncan, passando por Zeca Baleiro, Kleber Albuquerque, Chico César e o professor universitário de Luiz Tatit, autor de praticamente mais da metade do CD, a parceria se mostra afinada.

Algumas canções nascem deliciosamente antológicas como é o caso de “A TARDINHA” que diz mais ou menos assim “...o meu barquinho vai, mas a tardinha não cai não, que aflição, não vou suportar, tão só, tão só no mar ...”, essa salutar brincadeira permite arejar uma MPB que corre o risco de um dia vir a mofar.

A Serra da Mantiqueira abençoou sua filha com uma voz que traduz os Brasis escondidos no Brasil que a gente só vê pela mídia de maneira desfocada e desarranjada. Ouví-la cantar o fraseado rasgado da canção que diz “...quero viver de amor, de amor me colorir, abrir as asas pra você ...” é deixar a alma encher-se de céus e mares provavelmente nunca dantes navegados.

Portanto, não perca a chance de achar “ACHOU”, e colocá-lo em seu aparelho de som rapidamente.

QUASE 35 ANOS DEPOIS SIMONE CONTINUA TÃO RARA!



Energia! É esta palavra que me vem à cabeça cada vez que penso, ouço, sinto o canto de Simone Bittencourt de Oliveira, ou simplesmente Simone, a Cigarra que já por quase 33 anos tem enchido nossas vidas de sons.

Impressiona-me ouvir sempre de gente amiga que o canto de Simone transmite paz e tranqüilidade, fico a pensar: "... Que energia boa, pura..."

Cursava História no inicio dos anos 80 quando o país vivia a efervescência da transição para uma sistema político democrático, aliás democracia que ainda buscamos feito adolescentes sonhadores.

Quando ouvi pela primeira vez a voz firme e forte de Simone, estava em meio à ebulição do movimento estudantil, a voz que falava de amor da mesma forma que reivindicava junto conosco um Brasil melhor.

Era época de "Canta Brasil", megashow promovido pela Rede Globo e, que trazia de volta à emissora, o grande Chico Buarque, no Morumbi, maior estádio de futebol de São Paulo. Fui ao delírio junto a milhares de pessoas que soltaram a voz com Simone, vingando-se assim, da derrota da canção de Geraldo Vandré anos atrás num dos festivais da canção. Era na verdade, um grito engasgado que Simone nos ajudou a dar, éramos uma única voz a gritar: "...Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não...".

Que emoção! Hoje, ainda ao rever as cenas registradas em vídeo pela TV, a emoção faz rolar lágrimas saudosas no rosto já marcado pelos desencantos, pelas paixões, pelas decepções, pelas vitórias e derrotas que a vida nos deixa.

Daí em diante, a energia de Simone não deixou de me acompanhar pela vida. A cada canção, cada LP, cada foto eram momentos de alegria, sentia que cada disco era feito para o momento que vivia, mesmo em momentos que discordava de posturas de Simone, sentia que sua energia continuava a vibrar de modo positivo em minha vida.

É realmente incrível, mas para mim, é como se fossemos velhos amigos. Amigos queridos que procuramos em momentos de extrema alegria e de torturantes agonias, é incrível também que nestes anos todos, não fui a todos os shows de Simone e, somente em 2000, vim a conhecê-la pessoalmente. Admito que foi um encontro rápido, mas muito bom.

Assisti a alguns shows, a outros, por pura falta de coragem, não fui. Ver Simone no palco me deixa tão atordoado, que não resisto à quantidade de energia que ela emana. Portanto, vou raramente a seus shows, afinal, sou fraco, sou mortal, sou simples e diante de tamanha estrela, desapareço como os fiéis desaparecem diante de seus deuses.

Já os cds, lps, vídeos e reportagens têm me enchido a alma de alegria, cada detalhe, cada data, cada história me chega como chegam as noticias boas das pessoas que amamos e queremos bem!

Há dez anos reencontrei um amor que havia perdido naquele início dos anos 80, e juntos, estamos construindo uma história baseada no respeito, na compreensão e na paixão. É desnecessário dizer que Simone tem nos trazido momentos de extrema felicidade, e juntos, vamos construindo este caminho difícil de uma relação a dois, mas, que, com o canto de Simone, tem sido mais ameno, e a sete chegou em casa o Gustavo, criança linda que já cantarola e lê as canções da MPB.

A cada foto, a cada vídeo que recebemos, ou a cada Cd que adquirimos nossas almas são banhadas pelas águas mansas do mesmo mar que banha a residência de Simone, no Rio de Janeiro.

O tratamento que há alguns anos a critica brasileira vem dando a Simone é algo que me deixa perplexo. Minha formação de historiador não permite que concorde com absurdos que já foram escritos a respeito de seu trabalho, é necessário lembrarmos que, quem lançou Simone, primeiro nos Estados Unidos e Europa, foi Herminio Bello de Carvalho, e me pergunto, será que os críticos sabem quem é Herminio Bello de Carvalho? Um mestre, ou melhor um Doutor, em MPB, que busca incansavelmente manter viva na memória nacional nomes como o de Clementina de Jesus, Elizete Cardoso e tantos outros. Herminio lançou Simone para o mundo quando já havia lançado o príncipe Paulinho da Viola para o Brasil, ele jamais erraria, como não errou, presenteando-nos com a energia pura e cristalina de Simone.

O canto da Cigarra é o canto de nosso povo, um povo apaixonado, sofredor, mas festivo, cheio de vida e energia. Somos um país jovem, temos pouco tempo de história, mas com certeza, uma parte dela ficará registrada para sempre através da voz cheia de energia de Simone Bittencourt de Oliveira.

Por isso tudo indico a todos leitores o CD e DVD – Simone ao vivo –2005 da gravadora EMI e sugiro, que iniciem a audição ou assistam primeiro as imagens da canção: “A Idade do Céu” (Drexler – Moska) um duo com Zélia Duncan, que diz mais ou menos assim: ... não somos mais / que uma gota de luz / uma estrela que cai / uma fagulha tão só / na idade do céu ... só por esta audição/visão já vale a pena estar vivo e ser brasileiro.

Dedico este artigo a Marilia Aguiar, Renato Fragoso, Carina Simonini , Vania Rocha, Gilson Botari, Catarina Santos e a Chan amigos e fãs de Simone, que iluminam sempre minha caminhada. Abraços fraternos e até a próxima!