terça-feira, 29 de dezembro de 2009

QUANDO O CÉU CLAREOU PARA FABIANA COZZA PASSAR


Fim de ano chega e lá vem uma enchurrada de CDs, DVDs , tibutos, boxes, enfim, tudo que faz mover a engrenagem capitalista que à duras penas faz a cultura movimentar-se. A grande maioria dos lançamentos deste periodo é tão obvia que para os que admiram e acompanham a MPB quase nada tem interesse.

Mas eis que chega dezembro de 2009 e a gravadora Lua Music, em parceria com a TV Cultura, fazem chegar até o grande publico que devora cultura o primeiro DVD da cantora, que ao meu ver retomou a magnitude das interpretações femininas no ceneario da MPB desde a aparição de Elizeth Cardoso... Simplesmente falo de Fabiana Cozza.

Sabemos de todas as dificuldades que uma cantora que não pertence ao casting de uma grande gravadora deve ter sofrido até fazer com que este belissimo trabalho chegasse aos estandes das lojas, afinal este trabalho foi gravado no Auditorio Ibirapuera, em 2008, tendo percorrido longo ano até chegar até nós.

Tive a oportunidade de assistir a esta gravação e foi aí que Fabiana Cozza entrou de vez em minha vida, e entrou com força que desde então não há sequer uma participação sua em shows que não faço o possivel para lá estar. Me encanta seu jeito forte e ao mesmo tempo doce de ocupar todos os espaços do palco.

Cantora de voz privilegiada e de um canto personalizado, raras são as cantoras da MPB que deixam sua marca no canto e Fabiana Cozza pertence a este time, sei lá, seria ela talvez uma mistura de Clara Nunes, Bethânia, Simone, Elis Regina e Elizeth Cardoso?? Quem sabe?

Mas isso não importa, o que realmente impoorta é que este registro que tras em seus extras uma videografia de Fabiana para que aqueles que não a conhecem possam entender sua trajetória dentro do universo musical brasileiro, e foi neste documentário que revi uma cantora que tem em minha opinião tem um dos mais belos discos que perpetuam a obra de Noel Rosa, a inigualavel Ione Papas. Vale não só conferir os extras do DVD “Quando o Céu Clarear” de Fabiana como ir atrás do CD tributo a Noel Rosa gravado anos atrás por Ione Papas.

O CD trás um belo e comovente repertorio que nos leva diretamente ao encontro das raizes de nosso povo, entendendo esse povo como latino-americano, e conta com as participações de Maria Rita (reverenciaando Fabiana da maneira que ela merece) e de Rappin’ Hood numa das mais comoventes fusões de ritmos que nossa música já viu. Vale conferir! Vale comprar! Vale divulgar, pois estamos diante de um dos mais recentes clássicos da MPB.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O BELO CORAÇÃO VAGABUNDO DE CAETANO VELOSO


Amores antigos e verdadeiros nunca deixam de reascender dentro do peito, principalmente quando passamos dos 40 anos e um certo ar saudosista começa a se instalar feito posseiro dentro de nossos corações, o amor por Caetano Veloso e sua arte é assim.

Eu e meu menino saímos num sábado quente de dezembro a passear pela Av. Paulista, aqui em São Paulo, atrás de comprar os presentes de Natal que ele me pedira: livros, DVDs e alguns jogos para seu Nitendo DS, após a caminhada e o almoço chegamos a nossa livraria predileta.

Algumas horas caminhando dentro da livraria e pronto todos os presentinhos comprados. Estávamos na fila para pagar as compras, quando vejo numa estante repleta de DVDs, o filme documentário: “Coração Vagabundo”, em uma capa com acabamento lindo e acima, em vermelho, escrito “Edição de Colecionador”. Já havia ouvido falar do filme e visto alguns de seus trechos em canais de TV por ocasião de alguma mostra de cinema ao longo do ano.

O coração disparou e logo lembrei que andava de mal de Caetano Veloso já há alguns anos, mas o amor que se guarda numa das saletas da alma gritou mais alto e pedi ao Gustavo para apanhar na estante aquele DVD onde em vermelho líamos “Coração Vagabundo”. Foi assim que Caetano, nesta tarde de sol, voltou a habitar minha vida e minha casa.

Alguns dias depois de chegar em minha casa o DVD, o mesmo rodou para deleite meu e de meu amor, assisti a tudo encantado, já o amor que é de outra geração perdeu algumas partes, com a impaciência que lhe é peculiar diante da telinha. E eu não terminei de assistir, ainda com os olhos marejados de lágrimas.

Depois assisti ao pocket show (maravilhoso!) no segundo DVD, de fato somos um país sortudo mesmo, afinal ter Caetano Veloso produzindo há tanto tempo é privilégio de poucos, mundo afora, só para se ter uma vaga idéia das emoções que o filme trás, temos nele depoimentos de Almodóvar e de Michelangelo Antonioni (maior cineasta italiano vivo). Que alegria reencontrar este amor.

E desde este reencontro amoroso uma canção de Caetano não me sai da cabeça, e me faz refletir sobre minha vida seguidamente:

Luz fria, seus cabelos têm tristeza de néon
Belezas, dores e alegrias passam sem um som
Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de Hebron
E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom ...



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

CAUBY PEIXOTO E AS CANÇÕES DE ROBERTO CARLOS.


Ao ouvir o novo CD de Cauby Peixoto intitulado: “Cauby Interpreta Roberto”, se reafirma dentro da gente aquela certeza que boa parte do povo brasileiro já tem: O Rei fica bem melhor nas vozes de grandes interpretes. Foi assim com o “LP” que Nara Leão dedicou a ele... Assim com o belo trabalho que Maria Bethânia fez em “As Canções que Você fez pra mim”.

Em Cauby Interpreta Roberto a sensação que temos é de que de fato estamos diante do maior interprete da musica brasileira e também diante de um de seus maiores compositores populares, alias conta a lenda que Roberto sugeriu que o primeiro titulo deste trabalho, que era “Cauby Canta Roberto” fosse alterado para “Cauby interpreta Roberto”... Pura bobagem!

Cauby canta mesmo Roberto neste seu trabalho e canta da maneira mais despudorada que já cantou. Nosso maior interprete, de voz sempre aveludada, parece em alguns momentos sussurrar em nossos ouvidos a poesia das canções românticas de Roberto, e aí não importa se quem ouve seja homem ou mulher, o que importa é que a vontade de se entregar ao amor toma todo nosso ser.

O Cd foi produzido por Thiago Marques Luis, um grande produtor que este ano nos presenteou com várias perolas, e que neste trabalho se superou ao escolher repertorio tão delicado para que Cauby Peixoto pudesse prestar homenagem ao Rei, que completou em 2009 50 anos de carreira.

No Cd encontramos as canções: “Proposta”, “De Tanto Amor”, “A Volta”, “Sentado a Beira do Caminho”, “Os Seus Botões”, “Música Suave”, “As Flores do Jardim da Nossa Casa”, “Não se Esqueça de Mim”, “Desabafo”, “Olha’,
“A Distância”, O show já terminou, todas transformadas em obras primas na interpretação magistral de Cauby Peixoto.
O Rei não convidou Cauby Peixoto para seu especial de fim de ano, obviamente porque Cauby não pertence a nenhuma grande gravadora, mas certamente este tributo ao Rei será transformado em show e em DVD porque nunca Cauby Peixoto mereceu tanto o titulo de Rei da canção Popular brasileira como hoje.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

VINICIUS DE MORAES E O SOM BRASIL DA REDE GLOBO.


O programa SOM BRASIL da Rede Globo de Televisão, que foi repaginado e teve sua reestréia na telinha no ano de 2007, parece ter voltado para ficar. Com ares de programa musical moderno, espelhado na TV européia, e o acerto em homenagear os grandes compositores da MPB através dos grandes e novos interpretes de nossa canção, funciona muito bem.

Agora, depois de três anos na grade da maior emissora da TV do Brasil três programas chegam nas lojas no formato DVD, uma alegria para os amantes das imagens de nossa canção, e Vinicius de Moraes, nosso poetinha maior, é o primeiro.

Ninguém menos do que uma das maiores DIVAS de nossa música brasileira quem comanda toda a homenagem ao poeta de nossa canção: Gal Costa, com sua belíssima voz e presença única no palco solta a voz para comandar um belo momento da MPB na TV. Gal Costa canta: “A Felicidade”, “Insensatez”, “O Amor em Paz” e encerra com “Se Todos Fossem Iguais a Você”... Iimpecável!!

Temos também o conjunto musical Bossacucanova e a cantora Cris Delano que trazem as canções de Vinicius para o universo lounge, tornando a muito próxima do publico jovem, temos também Michel Powell filho do grande Baden, que foi parceiro de Vinicius, e o grupo Criolo Doido que repaginam grandes canções do poetinha.

Mas quem rouba mesmo a cena, em minha opinião, é o violeiro Chico Pinheiro, jovem talento brasileiro e já muito respeitado no meio musical, Chico Pinheiro traz ao vocal ao longo do programa cantoras como Luciana Alves e Tatiana Parra e interpreta “Chega de Saudade”, “Lamentos” e “Coisa Mais Linda” de forma a perpetuar a genialidade do grande Vinicius de Moraes.

Outros títulos em DVD da série SOM BRASIL já estão à venda. Eis um investimento na memória da MPB que merece ser feito.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

domingo, 27 de dezembro de 2009

PALAVRA ENCANTADA.



O desejo de ler sempre tudo o que se refere à música e poesia é algo que me acompanha há muitos anos. Como minha primeira formação academica foi no curso de História, a necessidade de juntar o que de mais belo nosso pais produz: “musica e poesia”, sempre esteve presente em meus pensamentos.

O primeiro mestre ao qual ouvi falar, e escrever sobre - afora José Ramos Tinhorão - foi o Profº Nicolau Sevcenko, em seus escritos sobre possibilidades de trabalhos interdisciplinares envolvendo as questões da leitura, pois o filme dirigido por Helena Solberg; “Palavra Encantada” é o que traduz em imagem o que sempre sonhei em discutir.

Com as participações de criadores (compositores) e criaturas (interpretes) o livro vai alinhavando a riqueza de nossa poesia e a musicalidade que habita a alma de muitos poetas brasileiros desde seculos atrás.

O documentário é uma verdadeira ode às possibilidades de um trabalho indisciplinar envolvendo todas as questões e linguagens relacioandas à cultura de nosso povo. Encontramos depoimentos de José Celso Martinez Correia, Chico Buarque, Adriana Calcanhoto, Lenine, e belissimas leituras de Maria Bethânia.

A vocação didatica do documentário se expande até um DVD extra que trás para educadores de nossas escolas possibilidades concretas de trabalhos a serem realizados nas comunidades escolares de todo o nosso pais.

Quiçá as autoridades escoalres do Brasil se apercebam do quão seria improtante que este trabalho chegasse a todas as escolas brasileiras, sobretudo as escolas publicas, e assim dando inicio ao ‘start’ à entrada, junto com os milhares de livros necessários, assim como as também necessárias imagens de nossa cultura. Já imaginaram nossos meninos e meninas assistindo a um DVD do lendário Cartola?? Eis uma dica de politica de estimulo a leitura.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Revisão Afetiva: André Menezes

sábado, 26 de dezembro de 2009

WILSON SIMONAL, EM DVD, LIVRO E TRIBUTO.










Quando eu tinha quatro anos de idade chegou até minha casa o boneco MUG, que foi divulgado pela mídia até então como amuleto de sorte para o ano novo que se iniciaria (1967), e o garoto propaganda do simpático boneco, recheado de palha, era o maior cantor daquele período, ou seja: Wilson Simonal.
Em casa não tínhamos televisão e por mais ou menos 10 anos minha mãe me levava aos sábados ou domingos à casa de uma tia que morava duas ruas à frente, em nosso bairro, para assistirmos alguns programas de TV.
E me lembro perfeitamente de ver algumas apresentações de Wilson Simonal na TV Record cantando musicas como: “Meu limão, Meu Limoeiro” e “Mamãe Passou Açúcar em Mim”. Era um som que entrava pelos ouvidos e dava uma vontade danada de sacudir o corpo, mas naquele momento, eu estava mesmo era interessado na série de TV chamada: “Perdidos no Espaço”, que acompanhava sempre que podia ir até a casa de minha tia.
O tempo passou e me tornei um ardoroso fã da MPB e no final dos anos 70 iniciei uma militância política - coisa que todo jovem, que neste período estava em Universidades pelo pais afora, fizeram. E foi neste período que tornei a ouvir falar de Wilson Simonal, mas não como o grande ídolo que foi da MPB, e sim como alguém que estava ao lado do governo militar que tanto detestávamos.
O tempo passou... O Brasil retomou a democracia e já nos anos noventa comprei uma caixinha com três CDs de Wilson Simonal que a gravadora EMI lançou. Deliciei-me ao ouvi-lo... Rememorei os sabores e cheiros daquelas tardes de sábados e domingos que visitava minha tia.
Neste mesmo período, a TV Record ainda sob o comando da família Machado de Carvalho, colocou no ar nas tardes de domingo um programa chamado “Arquivo Record” e neste período pude rever aquelas apresentações e também gravá-las para o meu acervo de vídeos da MPB.
Agora em 2009 me deparo com vários produtos que tentam jogar luz sobre a vida e a obra deste primeiro ídolo negro de nossa canção. Temos o DVD “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei”, idéia do Casseta Claudio Manoel. O excelente livro: “Nem Vem Que Não Tem – A Vida e o Veneno de Wilson Simonal” de Ricardo Alexandre e o DVD Tributo organizado pelos filhos Simoninha e Max de Castro que reuniu vários nomes da MPB para reinterpretar as canções do pai.
Para uns pais que nem sempre usa sua memória cultural, este momento Wilson Simonal é prelúdio de que algo esta mudando em nosso Brasil, e quanto a Wilson Simonal, certamente sua mamãe passou muito açúcar nele!



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

domingo, 22 de novembro de 2009

COMO É BOM OUVIR ALINE CALIXTO .


Nada melhor do que ouvir a maravilhosa voz de Aline Calixto entoando versos e reversos de canções que alegram a alma de todos que amam a música brasileira, como Milton Nascimento, Aline é nascida no Rio de Janeiro mais criada em Minas Gerais, pronto nada mais é preciso falar, afinal o Brasil é isso a MoMA de litoral e interior.

A voz melódica, sensual, aveludada e sobretudo cativante de Aline consegue nos paralisar para dedicar atenção plena ao sons que emite quando abre a bela boca que emite sinais de que estamos de fato diante de uma grande DIVA da MPB.

Impossível não lembrar de Clara Nunes, mas só de clara?? Não, não, é impossível não lembrar de Marisa Monte compositora de suas belas canção, Aline é assim também compões e são três a canções que estão registradas neste belo CD que tem apenas seu nome no titulo “Aline Calixto” lançado pela Warner Musica no primeiro semestre de 2009, é bom prestar atenção ans composições de Aline neste trabalho: “ Cara de Jiló”, “Você ou eu” e “O dragão da maldade contra o santo guerreiro”.

Delicoso é ouvi-la na terceira canção do CD intitulada “Enfeitiçado” de Affonsinho que diz mais ou menos assim: ... Uma colher de amor purinho / Um burburinho da manhã / Três dedos de leite quentinho / Um céu gigante, uma avelã ... só mesmo ouvindo para poder compreender a alegria que é ouvir Aline Calixto.

O grande Edu Krieger esta rpesente neste primeiro trabalho com duas composições: “ Uma só Vez” que encerra o CD dizendo: ... Quando a tristeza chegar, já fui / Não quero nem saber de dor / Tristeza em meu cantar, não flui / Se o pranto me chamar, não vou ... e “Saber Ganhar” quinta canção deste trabalho que sabiamente diz: ... Se você perde / Na humildade se apresenta / E de novo você tenta / Sem vaidade e sem rancor ...

Agora é de encher os olhos de lágrima a interpretação de “Oxossi” de Roque Ferreira que em seus versos nos trás forte no peito a saudade de Clara Nunes, só mesmo Aline Calixto para fazer esta saudade tornar-se menos doída.
.. Oxossi, filho de Iemanjá / Divindade do clã de Ogum / É Ibualama, é Inlé / Que Oxum levou pro rio / E nasceu Logunedé! / Sua natureza é da lua / Na lua Oxossi é Ode / Odé-Odé, Odé-Odé / Rei de Keto /Caboclo da mata Odé-Odé...




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

O ROMÂNTICO FABIO JR EM PLENA FORMA .


Devo confessar que minha admiração por Fabio Jr sempre foi dirigida a sua verve de ator. Desde que o vi em “Ciranda Cirandinha” achei que estava diante de um dos grandes destaques do mundo das artes dramáticas, tal impressão só fez confirmar em sua atuação majestosa no filme “Bye Bye Brasil”.

Enfim, como príncipes transformam-se em sapos, assim como vice e versa, deixei Fabio Jr. virar sapo em meu acervo musical nas ultimas décadas, nunca dando importância a seus trabalhos e sempre achando que o pais perderá para a mesmice um grande talento na dramaturgia nacional.

Em 1998, quando assisti na TV um especial intitulado “Fabio Jr e Elas’, hoje meio picotado e disponível em DVD, pus-me a pensar o quanto este artista era respeitado no universo musical, afinal pelo programa de TV desfilaram de Angela Maria a Simone, de Elba Ramalho a Fernanda Takai e de Wanderléa a Zélia Duncan, isso sem falar em Joanna, Fafá, Sandra de Sá e Paula Toller, ou seja, 11 anos antes do Rei Roberto Carlos fazer o seu “Elas Cantam Roberto” Fabio Jr já tinha feito o seu.

Depois disso deixei novamente esquecido em meu acervo este artista, quando há tempos atrás ouvi a noticia de que tal especial de TV sairia em DVD voltei a pensar na carreira de Fabio Jr, quando adquiri o tal DVD fiquei surpreso que as convidadas daquele programa foram reduzidas a metade, mas de qualquer forma estava registrada para sempre um momento especial na carreira de Fabio Jr.

Mas definitivamente, hoje ao ouvir algumas vezes e sem vergonha de falar para os amigos queridos o Cd “Romântico”, lançado por Fabio Jr pela gravadora Sony Music, digo que o Brasil deve ser orgulhoso de ter um cantor desta categoria. Neste trabalho, Fabio Jr. consegue dar vida nova a muitas canções já desgastadas pelo tempo. Vejam bem, inclusive ele consegue enfim dar a interpretação definitiva a canção “É o Amor”, aquela mesma que Zezé de Camargo e Luciano lançaram para o Brasil, e que Maria Bethânia insisti em incluir em seu repertório.

Que burro fui eu que abandonei por décadas a carreira deste que, certamente, é o maior interprete da canção brasileira de sua geração. Fabio Jr é nosso último grande ROMANTICO.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

VIVA JÔ SOARES E SEU HUMOR ENGAJADO.


Tenho assistido repetidas vezes a bela caixinha lançada pela Globo Marcas com episódios do programa “Viva o Gordo”, humorístico transmitido as segundas feiras pela Rede Globo de Televisão, que tinha Jô Soares como seu protagonista vivendo vários personagens que deixaram saudades.

O cuidado com a embalagem é visível do “Viva o Gordo” é o bom gosto extremado, assim como parece ser Jô Soares que há anos trocou os humorísticos da TV por um dos mais respeitados programa de entrevistas que nossa TV já teve noticia. Certamente, existe hoje toda uma geração que não conhece Jô Soares como humorista, mas como entrevistador competente e brincalhão. A caixinha de lata onde estão acomodados dois DVDs é muito charmosa.

Logo após alguns minutos assistindo ao primeiro DVD tive a impressão de que estava diante de um material extremamente datado. Logo percebi que a grande importância da chegada deste material ao público é o fato de estar mesmo datado. Afinal, num pais sem memórias é mesmo necessário re-lembrar re- memorar sempre todos os fatos que marcaram nossa gente.

Podemos rever personagens como “O Reizinho”, “Capitão Gay”, “Bo Francineide”, e tantos outros. Através dos esquetes do programa podemos ir percebendo os momentos políticos que o pais atravessava, ou melhor, nada passava despercebido pela equipe de roteiristas. Toda a fase de transição da época da ditadura militar para o período democrático que vivemos até hoje, está ali retratada, é incrível como algumas situações até hoje não mudaram.

O programa ficou no ar por quase 10 anos (1981 – 1987), e podemos ver a abertura e o encerramento de cada um dos anos, grande sacada da Globo Marcas.

E alguns dos atores que hoje enchem a telinha em novelas, filmes, estão lá em inicio de carreira, como Claudia Raia, Claudia Gimenez, Angela Vieira, Louise Cardoso, Pedro Paulo Rangel, entre outros tantos. Sem dizer no prazer indescritível de rever, Walter D’ávila, Francisco Milani, Célia Biar... Grandes artistas que a meninada de hoje se quer chegou a conhecer. Só por essas lembranças já vale dizer “VIVA O GORDO”!



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O BEIJO QUE NEY MOTOGROSSO ROUBA DOS OUVINTES.


Ouço em meus indefectíveis fones de ouvido ” ... parece me dizer / Que a noite envelheceu / Que é hora de lembrar / E de chorar ...” na voz de Ney Matogrosso, música que há muitos anos atrás tocava na rádio AM na voz de Ângela Maria e tinha uma áurea de ‘cafonisse’ Hoje ela me soa completamente contemporânea e na voz de Ney simplesmente soberana.

A próxima canção chama-se: “De cigarro em Cigarro” estrondoso sucesso na voz de Nora Ney - para quem não conhece esta cantora é bom saber que sem ela o cenário musical brasileiro, não teria Maria Bethânia e Simone, cantoras de vozes graves e encorpadas, Nora Ney foi a primeira e fora sua voz grave, era uma comunista declarada. A canção diz assim: “... Vivo só sem você / Que não posso esquecer / Um momento sequer / Vivo pobre de amor / À espera de alguém ...” brilhante escolha de Ney.

A proxima canção é uma das traduções mais populares e belas de nosso cancioneiro popular, nada mais nada menos que “Fascinação”, sim, aquela que tornou-se classico na voz de Elis Regina que entoava “... os sonhos mais lindos sonhei ...”, como se falasse ao pé do ouvido de cada um de seus ouvintes, e o que poderia parecer uma escolha menor, torna-se mais uma delicia.

Estas canções estão no CD intitulado “Beijo Bandido”, lançado há algumas semanas pela gravadora EMI, que além de contar com um repertorio e a voz impecaveis de Ney Matogrosso tem uma produção grafica caprichada que faz com que o amante da boa música se deslumbre, a capa é de uma ousadia única. Só mesmo possivel para uma estrela como Ney. Alias, acho mesmo que o Brasil é privilegiado por ter um artista tão completo.

Após o arrebatador “Inclassificaveis”, Ney Matogrosso presenteia seus inumeros fãs com um trabalho de qualidade indiscritivel. A escolha do repertorio é fascinante, passeia por várias decadas, garantindo uma unidade que poucos artistas conseguem imprimir em seus trabalhos.

Beijo Bandido certamente será transformado em DVD, assim como todos os outros trabalhos de Ney, e aí mais uma vez será impossível não sonhar com muitos beijos bandidos dados por Ney Matogrosso em nossas faces.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

NÁ OZZETTI EMPRESTA SUA DOCE VOZ A CARMEN MIRANDA.


“... Adeus meu pandeiro do samba / tamborim de bamba / já é de madrugada...” É com esta canção de Sylval Silva qeu a cantora de voz límpida e bela fecha seu tributo ao centenário da mais completa artista que nosso Brasil um dia criou : Carmen Miranda.

Carmen Miranda, a portuguesa mais brasileira de que se tem noticia, nunca teve homenagem a sua altura até o lançamento do CD “Balangandãs” mela MCD no primeiro semestre deste ano.

Várias são as homenagens que tem sido produzida à Carmen, até mesmo a graciosa Roberta Sá tem percorrido o Brasil com show muito bem cuidado, mas é neste CD (que aparentemente não teria nada para dar liga) que a obra de Carmen Miranda renasce para os ouvidos sensíveis a boa música.

A princípio, podemos nos questionar quanto ao que poderia juntar a “The Brazilian Bomb – Shell” dos anos 40 a uma das cantoras ícones da chamada Vanguarda Paulista dos anos 80? A resposta é curta : Música boa!

Pois é, Carmen Miranda teve o privilégio de construir uma carreira musical repleta de clássicos que foram muitas vezes feitos para sua voz e para sua interpretação, e a delicadeza com que Ná revive em arranjos arrojados criados por Dante Ozzetti, Mario Manga e outros, que valorizam ainda mais o repertório clássico da primeira DIVA internacional produzida por nosso Brasil.

Gravado em estúdio em janeiro de 2009, o trabalho traz novos arranjos e interpretações para clássicos da canção popular brasileira, de Assis Valente ("Camisa Listada", "Recenseamento"), Synval Silva ("Adeus Batucada", "Ao Voltar do Samba"), Ary Barroso ("Na Batucada da Vida"), Dorival Caymmi ("A Preta do Acarajé") e Braguinha ("Touradas em Madri"), entre outros.

Ao mergulhar no universo musical de Carmen Miranda, a cantora Ná Ozzetti firma seu lugar no cenário musical nacional, como uma das mais felizes cantoras de nossa música. Salve Carmen Miranda, Salve Ná Ozzetti ambas DIVAS num Brasil que acostumou-se a render-se a suas grandes estrelas.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

O TEMPO DELICIOSAMENTE QUENTE DE MARINA MACHADO.


Que tal iniciar o dia ouvindo numa bela voz feminina vinda lá das Minas Gerais? Numa canção que diz assim: “...Sol na cabeça num dia de frio / O tempo frio num dia de sol / A juventude escorrendo nas veias / Inevitável é estar com sol / Na esperança de que um dia tudo mude pra melhor ... “, só saberá a alegria que isso causa ao coração os que se prontificarem a ouvir Marina Machado e seu CD: “Tempo Quente” , lançado em 2008 pela EMI.

Durante muito tempo atravessei a cidade para chegar ao trabalho em 2008 ouvindo a voz de Marina Machado e posso afirmar que se Minas Gerais existia dentro de mim, hoje ela existe com muito mais força. Minha geração que cresceu considerando Milton Nascimento como sendo a voz masculina do Brasil, tem que descobrir, assim como Milton o fez, as qualidades desta cantora tão feliz.

Este é o primeiro trabalho de Marina Machado por uma uma grande gravadora, ela tem alguns outros CDs muito interessantes sempre com a presença marcante do músico Flavio Henrique, mas a possibilidade deste trabalho surgiu após Marina acompanhar pelo mundo participando também do DVD de Milton Nascimento chamado “Pietá”.

O CD conta com a participação de Milton Nascimento, Seu Jorge e Samuel Rosa, o que apenas serve para realçar mais ainda o talento desta que considero a mais completa cantora da nova geração que desponta nesta primeira decada do século XXI que vai chegando ao fim.

Pensando naquele tributo feito pelas cantoras da MPB ao rei Roberto Carlos, certamente os idealizadores e diretores do show não ouviram a gravação de Marina Machado para a quase desconhecida “Grilos” que, em duo com Samuel Rosa, cantam “...Sei que o mundo pesa / Muitos quilos / Não me leve a mal / Se eu lhe pedir / Para cortar os grilos / Guardar os grilos ...” ao ouvir a canção a vontade é de sair por ai cantarolando feliz a melodia... Que pena que os idealizadores de grandes projetos sejam tão caretas e covardes.

Ouvir Marina Machado faz bem pra alma e tras a certeza infinda de que nossa música e nossas cantoras são de fato as melhores do mundo.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

ISABELA NÃO QUER SEU CORAÇÃO BATENDO DEVAGAR.


Isabela Taviana já confessou publicamente sofrer influências em sua formação, que vai de Maria Callas, Bethânia, Simone a Gal Costa, e já reverenciou em seus shows, DVDs e CDs suas Divas, o que torna sua potente voz e sua forte presença de palco ainda mais recheada de legitimidade.

A gravadora Universal lança o mais recente CD de Isabela, intitulado: “Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar”, com a voz muito parecida com a de Ana Carolina, mas com uma história muito mais antiga e uma vivencia pelos bares da vida do que a colega que pertence ao casting da outra gravadora. Isabela tinha tudo para estar ocupando o lugar que Ana ocupa hoje.

Certamente o cenário musical nacional tem lugar para as duas, e as comparações nunca fizeram parte de meu pensamento em relação à boa música, mas tanto Ana quanto Isabela lançaram trabalhos bem aquém de seus trabalhos anteriores, o que não deixa de ser lamentável.

O CD de Isabela Taviani é muito gostoso de ouvir, mas a grande impressão que fica ao termino do CD é de que estamos ouvindo canções que não entraram no “Diga Sim” que foi seu ultimo trabalho, e que tornou-se já um clássico de nossa canção.

Ouvir Isabela cantar é um prazer único, sua voz é aveludada e faz muito bem aos ouvidos, e como cantora que tem atitude ela sempre consegue nos laçar e levar para junto de si como poucas outras cantoras conseguem fazer com ouvintes e fãs, mas confesso que espero avidamente pelo DVD, que espero vir logo.

O CD trás as participações de Toni Platão na canção “Um Vendaval” composição da própria Isabela que diz assim: “... Quanto sentimento pode um coração / calar? / Quanta solidão pode suportar? / Quando a minha vida vai deixar de se arriscar? ...”. Já com Zélia Duncan, canta: “Depois da Chuva” parceira dela com a propria Zélia e Jorge Vercilo.
E “Arranjo”, composição de sua autoria.

Bem, gosto muito de Isabela e não deixo de ouvi-la um dia se quer, portanto nada como terminar citando a composição dela com Zélia e Jorge “... Fecho os olhos pra cantar / Deixar meus passos nesse chão / Suave a noite / Leva a voz e o coração / Melodias leves de alcançar ...’”



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ELAS CANTAM ROBERTO CARLOS.


Como o especial transmitido pela Rede Globo de Televisão foi picotado, o show em homenagem ao Rei Roberto Carlos, gravado no Teatro Municipal de São Paulo no primeiro semestre deste ano, foi objeto de imensa curiosidade para aqueles que não tiveram o privilégio de estar lá. E nos fãs incondicionais das DIVAs de nossa MPB, contamos os dias até o lançamento do DVD.

Pois bem! Esse dia chegou, e em minhas mãos encontra-se o tão esperado DVD. Vi e revi algumas vezes desde sua chegada, confesso que o final do show me encheu os olhos de lágrimas, não sei explicar ao certo o porque. Mas deve ter sido por ver tantas mulheres incríveis tornarem-se menininhas novamente diante da possibilidade de dividir o vocal com Roberto Carlos. Estava estampado no rosto de cada uma o sonho de menina realizando-se.

Mas confesso que dos 22 números musicais que encontramos no DVD lançado pela Sony Music, nem metade deles me comoveu ou tocou meu coração. Sim, por que apesar de não figurar entre meus cantores prediletos da MPB, as canções de Roberto sempre tocaram meu coração, principalmente as feitas em parceria com Éramos Carlos e, sobretudo, estas cantadas por nossas DIVAs.

Muito embora muitas das cantoras convidadas não figurem em meu rol de DIVAS, respeito e conheço o trabalho de cada uma que estiveram no palco do teatro Municipal de São Paulo.

É bom avisar aos leitores que o DVD está picotado! Alguns números não entraram, como o de DANIELA MECURY em duo com WANDERLÉA na canção “Esqueça”, e o segundo numero de IVETE SANGALO, sem falar na canção “É Preciso Saber Viver”, cantada por todas as DIVAs e o Rei, portanto não temos o show na integra, o que á é uma pena (e um desrespeito aos fãs, também.).

Tocaram me profundamente as participações (em ordem) de ZIZI POSSI e LUIZA POSSI e a interpretação em italiano da canção que levou Roberto Carlos a vencer o Festival de San Remo, ALCIONE e sua versão (pelos bares da vida...) de “Sua Estupidez.”, a alegria sempre estonteante de Daniela Mercury em “Se Você Pensa.”, WANDERLEA entoando a que talvez seja a mais bela canção que Roberto Carlos tenha feito para um amor seu “Você Vai Ser Meu Escândalo.”. Bonito também fez a serena ROSEMARY, ao entoar “Nossa Canção.”, ADRIANA CALCANHOTO esteve perfeita em “Do Fundo do Meu Coração.”, NANA CAYMMI sempre DIVA em “Não se Esqueça de Mim”, ANA CAROLINA magistral em “Força Estranha.” e a de fato DIVA de todas as artes “MARILIA PERA”, plena em “120... 150... 200 km por Hora”, simplesmente arrepiante!

Bem, os outros números, para mim, são totalmente desnecessários e é ai que lamentamos profundamente a falta de: Maria Bethânia, Gal Costa, Simone, Marisa Monte, Zélia Duncan, Fernanda Takai, Rita Lee, Jussara Silveira, Beth Carvalho... Nomes que certamente tornariam esta bela idéia no que de mais genial já haveria sido feito em matéria de homenagens ao Rei da canção popular brasileira. Outro? Só daqui a 50 anos, ou quem sabe no próximo especial de final de ano.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

BENITO DE PAULA: DO JEITO QUE A VIDA QUER.


Chegou a pouquíssimo tempo nas lojas o primeiro DVD de um dos mais populares compositores das décadas de 70 e 80, ninguém menos que “Benito de Paula”, precursor do intitulado (de modo pejorativo) pela considerada elite do samba carioca “samba-jóia”. Este trabalho trás uma síntese do que foi realizado pelo compositor, que andava um tanto esquecido da grande mídia.

Certamente, Benito de Paula nunca foi esquecido pelo publico. Prova disso é notar a participação in loco de sua fiel platéia, que entoa com entusiasmo todas as letras das canções do compositor feitas em seu período áureo. Veja bem: TODAS as músicas!

Confesso que minha memória afetiva musical da infância carrega a canção “Charlie Brown” por onde caminho nestes mais de 40 anos de vida de amante do cancioneiro deste nosso Brasil. Não sei se por que associei sempre ao personagem de desenho animado, ou se porque a melodia de fato cola em nossos ouvidos para nunca mais soltar,

Senti falta de pelo menos uma canção de Benito de Paula que há alguns anos atrás ouvi Maria Bethânia cantá-la em seu show “Tempo, Tempo, Tempo, Tempo”, em que comemorava seus quarenta anos de carreira. Fui impulsionado a adquirir um cd de Benito de Paula, que trás dois LPs remasterizados e que por meses não saiu de meu aparelho de som.

Já ia me esquecendo de dizer qual era essa canção: “Vai Ficar na Saudade”, linda canção que foi esquecida pelo autor neste DVD, que acertadamente a gravadora EMI faz chegar até os fãs ávidos por ter e ver Benito de Paula.

A grata surpresa se faz com a apresentação de seu filho, Rodrigo Velozo, que se mostra um exímio pianista e bom cantor ao entoar a canção “Beleza que é Você, Mulher”. Emocionante!

Com visual extravagante (cenário todo vermelho), Benito de Paula mostra a todos nos, amante da boa música, que o Brasil carece muito de novos compositores que sejam capazes de produzirem canções populares que venham a tornar-se atemporais, como as que ele um dia compôs.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão afetiva: André Menezes

domingo, 18 de outubro de 2009

CASUARINA.


A série MTV Apresenta trás ao grande publico o primeiro DVD do grupo carioca CASUARINA, registro feito na Fundição Progresso no Rio de Janeiro. Já estava na hora do grupo chegar ao DVD e ampliar seu numero de fãs que já não são poucos, mas que ainda se concentra na cidade onde nasceu: a Cidade Maravilhosa.

A qualidade e esmero com que o grupo trata suas apresentações são cativantes, desde seu primeiro trabalho em CD eles tocam aqui em casa, e confesso que me emocionei muito ao ouvir, tempos atrás, a gravação de “Laranja Madura” música de Ataulfo Alves muito cantarolada por meu pai nos longos e gostosos domingos de minha infância.

Se não fosse tão precioso ouvir e ver o grupo neste registro de um belíssimo show, que junta algumas das perolas gravadas em suas vozes, o time de convidados é único e motivo de toda a reverencia possível para os que amam a boa música feita neste país.

O primeiro a entrar é Paulinho Moska, convidado a entoar a canção “Cabelos Brancos” (Herivelton Martins e Marino Pinto) numa típica parceria comum nos Arcos de Lapa. O número é agradável e mostra o quanto Moska tem se tornado imprescindível no cenário da musica brasileira contemporânea.

Bem, o convidado seguinte é de encher a telinha da casa de gente de alegria por saber que este país tem este mestre em nossa MPB. Ninguém menos que Roberto Silva cantando a hilariante “Jornal da Morte” que diz mais ou menos assim “... Treslocada, semi-nua / Jogou-se do oitavo andar / Porque o noivo não comprava / Maconha pra ela fumar ...” imaginem isso na voz deste Mestre?! Único e Maravilhoso (com ‘M’ maiúsculo, mesmo).

O convidado seguinte pode parecer destoar um pouco de todo conceito criado e mantido pelo grupo, mas é feliz a participação do Barão Vermelho Frejat, que passeia tranquilo na canção de Adoniran Barbosa “Já Fui Uma Brasa” quem mais poderia por um tipo cantor de rock carioca para interpretar uma das mais paulistanas composições de Adoniran Barbosa? Só mesmo o CASUARINA.

O último convidado é para se assistir e ouvir com os olhos rasos d’ água: simplesmente Wilson Moreira que entoa sua grande obra prima em parceria com Nei Lopes, chamda: “Senhora Liberdade”. De fato, emoção que faz os corações gritarem junto as imagens a bela letra da canção que diz “... abre as asas sobre mim, Oh senhora liberdade ...” É só emoção!

Bem descrevi aqui apenas os momentos com os convidados, mais aí são só quatro canções e o DVD tras 23, portanto, deixo com vocês a alegria e o encanto de ver e ouvir em DVD CASUARINA da série MTV Apresenta.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

AS TAIS FRENÉTICAS
















Nos últimos anos muitos tem sido os lançamentos das editoras nacionais biografando a vida, trajetória e histórias de nossa música brasileira. Tivemos até um grande livro com a biografia do Rei, tirada de circulação (coisa feia), passando pela bela história do cantor de “Conceição” (Cauby Peixoto)e do autor de “Travessia” entre tantos bons livros.

Me pego sentado à poltrona de meu escritório, no inicio da primavera de 2009, agarrado na leitura da mais recente destas biografias e atrevo-me a dizer da mais deliciosa delas. Escrito por Sandra Pêra. Isto mesmo! Aquela que é a nossa eterna “Frenética” e intitulado “As Tais FRENÉTICAS – Eu Tenho Uma Louca Dentro de Mim” , da Ediouro, com 223 páginas de pura alegria.

Na primeira pessoa, como um diário de adolescente, Sandra Pêra atrai o leitor logo no inicio de seu livro quando podemos ler a apresentação feita por ninguém menos que o Dr. Dráuzio Varella (sim, o infectologista que vira e mexe aparece no Programa Fantástico, da rede Globo) em curiosa apresentação ele deixa-nos aguçado para o inicio da leitura.

Ler de fato é um prazer que deve ser adquirido pela vida a fora, sobretudo depois que deixamos as escolas e as leituras que os antigos professores nos obrigavam a fazer, e vamos passando a criar nosso próprio gosto e nossa própria coleção de livros, seja física ou mentalmente. Os livros tem cheiro, gosto, sabor, e este têm tudo isso, além de uma textura gostosa que atrai o tato.

O jeito faceiro com que Sandra Pêra vai nos contando a história da trajetória do mais famoso grupo vocal dos anos 70 em nosso Brasil é apaixonante. Na leitura descobrimos que Sandra, apesar de pertencer a uma família tradicional do teatro brasileiro, não tinha dinheiro e corria atrás de trabalho para poder sobreviver. Isso nos aproxima. Como se trata da irmã de uma das maiores divas do cinema, teatro e televisão brasileira, esta é uma revelação inicial que mostra o quão interessante se fará a leitura.

E as descobertas vão se acumulando. A leitura nos mostra que a cantora Simone foi e é grande amiga do grupo e das componentes dele até hoje, e ficamos a pensar nossa Simone, sempre tão densa de repertório voltado ou para o amor explicito ou para a reivindicação, tem ou teria semelhanças artísticas/vida com estas meninas??

Descobrimos que Ney Matogrosso foi grande amigo e parceiro de Sandra e as histórias que ela descreve envolvendo os dois são muito gostosas de ler, eram vizinhos de apartamento... Iimaginem só a delicia que não era ser morador deste prédio.

Bem, eis um livro que deve estar em todas as casas de quem ama a música brasileira. Nele as histórias são muitas: drogas, sucesso, separações e amores.

Que Sandra Pêra escreva mais e mais, pois tenho a impressão que o universo literário do Brasil acabou de ganhar uma Frenética escritora. Cuide –se Paulo Coelho!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

A ERA ILUMINADA DA MÚSICA INFANTIL BRASILEIRA.
















Em outubro de 2008 a Rede SESC de Televisão, reuniu em São Paulo - mais precisamente no SESC Fábrica no bairro da Pompéia - os cantores (as), Luisa Possi, Na Ozzetti, Marcelo Pretto e Toni Garrido. Sob o comando de Mario Manga a trupe de convidados entoaram canções de sucesso popular dedicadas ao publico infantil desde os anos 60.

Na ocasião não soube do show e nem percebi sua passagem pelo canal SESC de televisão, mas agora em outubro de 2009 numa grata reapresentação no ultimo dia 12 de outubro, pude curtir 1 hora e pouco passar de forma prazerosa, me permitindo o êxtase em frente a telinha daTV.

Transformado num belo especial de TV, o show entrou para a série ERA ILUMINADA apresentada no irregular mas genial grade de programação deste canal de televisão disponível somente para assinantes de canais a cabo. o que não deixa de ser lamentável a atitude.

Fã da cantora Na Ozzetti deste a época do grupo RUMO, nos anos 80, é uma delicia vê-la transitar por entre o universo das canções infantis. Suas interpretações são sempre de uma delicadeza sublime, imagem então quando se trata do cancioneiro infantil, sua melhor interpretação para mim é “Dona Baratinha”. Isso mesmo! Aquela musica gravada em disquinhos coloridos que alegravam a vida e as vitrolinhas da gente, há anos atrás. O vestido que Na Ozzetti usa no show é uma replica estilizada da roupa de uma baratinha na cor vermelho-genial.

Filha de Zizi Possi a cantora Luisa Possi vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional da boa canção brasileira, e aqui se afirma com tranqüilidade em interpretações apaixonantes. Causa um certo estranhamento vê-la cantar “Ilariê” (sucesso de Xuxa nos anos 80), mas passado este susto ouvi-la e vê-la linda interpretando “Valsa da Bailarina” de Chico Buarque e Edu Lobo é muito bom. Luisa veste uma roupa de princesa encantada o que realça sua graça e beleza e encanta os pequeninos e os nem tanto da platéia e dos sofás de casa.

Já Marcelo Pretto, excelente, dá uma vivacidade lúdica a cada uma de suas interpretações, e é realmente emocionante vê-lo interpretar cada uma das canções que lhe foram confiadas, e com grande presença cênica e voz poderosa ele mostra ter um colo de grande pai, onde todos os filhos cabem e são bem vindos. Belíssima voz! Eis um cantor a quem se deve prestar muita atenção sempre.






Já Toni Garrido soa destoante entre os outros cantores (as). Parece não ajustado como um peixe fora d’água. Não chega a comprometer nas corretas interpretações, mas fica a sensação de que poderiam ter convidado outro cantor, quem sabe Carlos Navas, enfim... Eis um show que mereceria ser transformado num belo DVD para que pudéssemos presentear nossas crianças em todos os dias 12 de outubros que virão.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O “TEMPO’ DE DIOGO POÇAS.


Cantor, compositor e produtor, Diogo é filho do grande maestro Edgard Poças, que também é pai da cantora Céu, Artista Revelação de 2007 (lançada pela Warner Music). Tendo um maestro como pai, Diogo cantava suas primeiras notas antes mesmo de aprender a ler e escrever. Suas influências são a música brasileira e latina. Diogo começou sua carreira na publicidade, produzindo e gravando jingles comerciais.Ele toca piano, estudou regência e canto lírico. Seu primeiro álbum é completamente autoral e apresenta 8 músicas novas e 4 regravações. Diogo traz nova vida à MPB e já garantiu seu espaço nas rádios brasileiras.
O disco “Tempo” é mais que autoral, é um reflexo da alma de Diogo Poças. Nele, estão presentes todas as suas paixões e crises. Sizão Machado, Zeca Assumpção, Sérgio Machado e Thiago Alves no baixo. Cuca Teixeira e Tuto Ferraz na bateria. Bruno Cardozo nos pianos e sintys. Luiz Cabrera e Wilson Teixeira nos sopros. Quarteto de cordas, sopros, participação da Céu... O temor de perder sua própria identidade por estar a tanto tempo em estúdio produzindo músicas para outros interpretes e finalidades das mais diversas, passou rápido quando o cd começou a tomar corpo.
O disco que acaba de chegar às lojas traz mais um cantor de MPB que privilegia a música, sua forma e relevância. Diogo Poças traz para os nossos ouvidos, um antigo frescor, digno de grandes mestres, ou melhor, maestros. È a música brasileira em seu estado de graça, preservada, integra e sensível.
Faixa a faixa, por Diogo Poças
Pedacinho de Vida e Nada que te diz Respeito (Diogo Poças e Jessé Santo): Quando Jessé está no estúdio, traz consigo uma abundância criativa notável. É fácil compor com alguém como ele. A idéia de “Pedacinho de vida” é dele e tem tudo a ver com o tema do disco. Destaque para o arranjo multi climático de Pepe, o incrível Sizão Machado, Luiz Cabrera, Céu fazendo os vocais e os pads do Brunão Cardozo.
Já “nada que te diz respeito” surgiu de uma conversa com ele onde falávamos de como eu estava obsessivo com a idéia das coisas que a gente vai deixando e guardando de relacionamentos passados. Comecei a cantar e o Jessé respondeu “O que que eu vou fazer?". Pronto, estava tudo resolvido. A Céu está cantando com aquele timbre único. Céu, obrigado. Te amo.
Carioquinha (Diogo e Edgard Poças):
Uma música especial, com letra do meu pai e música minha. Quando ele recebeu a letra a música saiu sozinha. Foi sensacional a emoção de Tuto Ferraz (baterista) quando gravou o samba. Por tratar-se de uma parceria pai e filho, é uma música que vou amar sempre.
Chumbo Quente (Diogo Poças)
A letra faz um paralelo entre uma partida de futebol e uma mulher que está jogando duro. O gol é literalmente o grande momento da vida do homem! Legal esta percussão gravada somente pelo Laércio da Costa.A Linha e o Linho (Gilberto Gil):
Eu amo Gil. Para mim é um gênio. "A Linha e o Linho" é uma das minhas canções preferidas, junto com "Flora". No disco, ela ficou bem dançante e diferente. Foi uma ótima experiência ter gravado com o Serginho Carvalho.
Saudades do Brasil em Portugal (Vinicius e Homem Santo)
Esse é um lindo fado que conta a saudade da terra natal de um brasileiro em Portugal. Meu pai muitas vezes cantou essa música para mim. A faixa é um carinho que eu queria fazer no meu passado. Felicidade (Braguinha)
Esta foi gravada em um take único, com piano e voz, sem emendas. A música é uma lição de vida pra mim, que sou louco por Braguinha. Cantei pensando nos meus pais.
Maria Joana (Sidnei Miller)
Adorava a gravação da Gal em "Domingo" desde criança; a da Nara também é demais. Ficou maravilhoso o arranjo, meio fairy tale. Demais também foi o Zeca Assumpção ter gravado. Um fera.
Moonlight Seranade
Essa foi um desafio. A idéia era fazer um clássico em bossa nova. A gravação do Sinatra é uma aula de projeção, clareza e bom gosto. Tentei fazer o Pepe fugir do arranjo tradicional e dar um tom de Bossa e adorei o resultado. Destaque para Wilsinho Teixeira, que arrebentou no tenor.
Etéreo (Diogo Poças)
Adoro quando, ao final do "B", a música não vai para o refrão e entra num espaço "Cuba". Eu sempre disse pro Pepe não esconder suas raízes. Se vier uma idéia mais Latina, que venha.
A Vizinha de frente (Diogo e André Caccia Bava)
É a música que considero a mais redonda do disco. André é como se fosse um fiel escudeiro. Conta a historia do dia em que vi a minha mulher Melina pela primeira vez, "descabelada pegando o jornal". Terminamos a música dando risada e nos divertindo. Ganhei uma esposa por causa da música! Quer royalty melhor?
Astronauta (Baden e Vinicius):
Um dia, na casa de Ricardo Bérgamo, durante um sarau de Sambas, perguntei a todos os presentes: “se você fosse um cantor e quisesse gravar um samba-bossa, qual seria a música?” A resposta foi “Astronauta” e "Laura", do Braguinha e Alcir Pires Vermelho. Gravei "Astronauta" e "Laura" canto ao vivo. Bossa Nova do fundo do coração. Esta é uma celebração de beleza e de um mundo que vai dar certo.
Tempo (Diogo Poças)
Esta para mim é a mais poética das composições. É mais cinematográfica que musical, sofri para fazer! Meu pai, quando ouviu pela primeira, vez disse: “meu deus! O que eu te fiz?”, em tom de brincadeira. Às vezes, quando a escuto, sinto a mesma coisa: “o que passava na minha cabeça?”. Compus a música quando tinha 22 anos.
Resumindo: este é um disco de música brasileira, de canções.Eu amo cantar e me orgulho dessa profissão.Meu nome é Diogo Poças e esse é o meu disco "Tempo"



Fonte: Gravadora Warner

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Saudades de La Negra - Mercedes Sosa la voz de todos latino americanos.


Gracias a la vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto.

Me dio dos luceros que, cuando los abro,perfecto distingo lo negro del blanco,y en el alto cielo su fondo estrelladoy en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me ha dado el oído que, en todo su ancho,graba noche y día grillos y canarios;martillos, turbinas, ladridos, chubascos,y la voz tan tierna de mi bien amado.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me ha dado el sonido y el abecedario,con él las palabras que pienso y declaro:madre, amigo, hermano, y luz alumbrandola ruta del alma del que estoy amando.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me ha dado la marcha de mis pies cansados;con ellos anduve ciudades y charcos,playas y desiertos, montañas y llanos,y la casa tuya, tu calle y tu patio.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me dio el corazón que agita su marcocuando miro el fruto del cerebro humano;cuando miro el bueno tan lejos del malo,cuando miro el fondo de tus ojos claros.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.

Así yo distingo dicha de quebranto,los dos materiales que forman mi canto,y el canto de ustedes que es el mismo cantoy el canto de todos, que es mi propio canto.Gracias a la vida que me ha dado tanto.

ADRIANA PARTIMPIM... O RETORNO.




A cantora Adriana Partimpim (codinome usado por Adriana Calcanhoto para a realização de seus trabalhos voltados ao publico infantil inteligente e antenado) está de volta com o CD: “Dois”, que já esta a venda em todas as lojas e é editado pela Sony Music.

O primeiro trabalho de Adriana Partimpim foi incrível. Lembro-me perfeitamente de ter levado o Gustavo (meu menino que hoje tem 11 anos) para assistir, e deliramos. Sem falar as inúmeras vezes que, depois que o show saiu em DVD, vimos na telinha.

Fiquei com a sensação de ter apresentado a boa música brasileira a ele através de Adriana, afinal, no repertorio do primeiro Partimpim, estavam: Vinicius de Moraes, Chico Buarque e a escandalosamente gostosa: “...fico assim sem você...” sucesso popular que ela revestiu de estilo na regravação.

Portanto a ansiedade para ouvir o “Dois” era enorme, e eis que no ultimo final de semana chega aos meus ouvidos e mãos o CD, e logo de primeira a audição joga o astral para cima e aquela criança antenada que vive dentro de mim se ascende rapidamente, quis ouvi-lo sozinho sem o Gustavo para poder avaliar (cosia de gente velha).

Adriana Partimpim continua, com seu trabalho, a trazer para a criançada de todas as idades grandes veteranos de nossa música, desta vez ela traz ninguém menos que Heitor Vila Lobos e seu trenzinho caipira, na verdade nem precisava de mais nada.

E temos também uma “Gatinha Manhosa” da safra da Jovem Guarda composta por Roberto Carlos incluída. Afinal, em ano em que o Brasil comemora os 50 anos de carreira do cantor nada mais justo que trazê-lo a este publico que já nasceu sabendo que o Brasil tem um Rei da canção popular. Escolha certa e irresistível.

O que dizer de colocar a garotada pra ouvir João Gilberto? Isso mesmo. Ele que quase ninguém viu ou vê, nossa Partimpim trás “Bim Bom” de autoria dele com batida do Olodum saborosissima.

Temos ainda a versão de Zé Ramalho para a canção de Bob Dylan: “O Homem deu Nome a Todos os Animais”, um Caetano Veloso inspirado na canção “Alexandre” que conta a saga do grande imperador de maneira alegre. Arnaldo Antunes comparece em parceria com Davi Moraes na canção: “Na Massa “ que desperta a atenção do ouvinte.

E fechando o trabalho novamente temos Vinicius de Moraes, afinal ninguém menos que o poetinha da MPB para sintetizar nosso sonho de ter um Brasil repleto de crianças antenas e felizes.

Para todos nos crianças que queremos um mundo melhor e sonhamos com balões coloridos e gostosuras sem fim, Adriana Partimpim está de volta nos presenteando com muita alegria.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

NOITE DE DOMINGO E A BOA COMPANHIA DE SIMONE.


A cantora Simone esteve neste final de semana em São Paulo, com seu show: “Em Boa Companhia”, na pré inauguração do novo Teatro Bourbon Bradesco localizado no bairro da Pompéia, o show é baseado no ultimo cd da cantora chamado: “Na veia”.

Assistir Simone para mim sempre requereu um movimento gigantesco, pois ela é meu maior ídolo na MPB, e todas as vezes que me movi para dirigir-me a um de seus shows, me vi em completa ebulição e ansiedade, aquelas coisas que só mesmo fãs sentem.

Desta vez não foi muito diferente, já sabia de cor todas as canções de seu novo CD e tinha lido e visto muitos trechos da estréia deste show no Rio de Janeiro, a pouco tempo atrás, portanto mais ou menos já estava preparado para o que iria assistir.

O show é dirigido por um dos maiores diretores de teatro deste nosso Brasil, ninguém menos que José Possi Neto, que também fez em parceria com a cantora a escolha do repertorio e a direção da iluminação.

Durante o magnífico show, nota-se a mão do grande diretor em diversos momentos, o que aproxima muito Simone da platéia, o show mostra uma cantora de bem com a vida, feliz e falante, interagindo seguidamente com o publico fiel que suspira a cada canção.

Simone continua uma bela mulher as vésperas de completar 60 anos de idade, e usa um figurino impecável, assim como se cerca de uma banda que tem em Valter Villaça seu maior destaque, em minha opinião, o que dá uma sonoridade especial ao espetáculo.
É um show em que Simone apresenta a seu publico canções inéditas compostas exclusivamente para si, feitas por grandes mestres da MPB, e entremeia o show com canções de seu vasto repertorio um tanto quanto esquecidas.

Fora a canção “Face a Face” um clássico imortalizado em sua voz nos anos 70, temos o retorno de “To que to “ e “Paixão” ambas da dupla gaucha Keliton e Kledir gravadas pela cantora nos anos 80, e gostosas surpresas como, “Perigosa” das Frenéticas em arranjo arrebatador e “Certas Noites” de Lulu Santos que torna-se uma oração na voz da cantora.

Em fim passar a noite de domingo na Boa Companhia de Simone é privilégio de poucos, e foi meu neste ultimo domingo.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Foto: André Menezes

O CORDEL DA BANDA LARGA DE GILBERTO GIL.

Gilberto Gil, em minha opinião, é o maior compositor vivo do Brasil. Há muito não se dedicava à carreira devido ao oficio que assumiu junto ao governo do presidente Lula, onde permaneceu por anos como Ministro da Cultura. Diga-se de passagem, que nenhum pais no mundo contou com tamanho nome a frente de um Ministério. Privilégio nosso.

Mas neste tempo dedicado a política, a carreira de Gilberto Gil acabou ficando em segundo plano, o que entristeceu bastante a todos nós fãs da boa música produzida por ele.

Mas em 2008 Gilberto Gil retoma a carreira através de seu próprio selo musical chamado Geléia Geral, e lança um CD impecável com 16 canções intitulado “Banda Larga Cordel”. De todas as canções somente uma não é de autoria de Gil, trata-se da obra prima “Formosa” parceira de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Todas as outras 15 canções são composições do próprio Gil. Este trabalho agora em 2009 já teve seu registro feito para virar um DVD que certamente será fabuloso. Teve a gravação feita em São Paulo e contou com as participações do filho de Gilberto Gil Bem e da cantora Maria Rita.

O belo CD com composições novas de Gilberto Gil é muito dançante e alegre, possibilitando-nos reencontrar aquela alegria primeira que Gil deixou na MPB desde “Aquele Abraço” e retomada nos anos 80 com “Palco” e consagrada em “Refazenda”.

Compositor de mão cheia, é um prazer ouvir e ler Gilberto Gil. O passar dos anos só me fez ter a certeza que a leveza de Gilberto Gil o difere, sobretudo de Caetano Veloso, pois Gil não tenta o tempo inteiro colocar-se como senhor absoluto da verdade e da razão como seu companheiro o faz sistematicamente nas ultimas décadas, o que tornou sua atmosfera artística cansativa.

Gil, ao contrario, se mostra alegre e prova que alegria e leveza são fundamentais para a perpetuação da genialidade que este compositor trás dentro de si.

O CD é aberto pela canção “Despedida de Solteira” forró pé- de- serra que se torna irresistível na voz de Gil, que nos leva com delicadeza pelo universo de um casamento entre duas garotas sem que perceber estamos instalados numa festa GLS nos divertindo muito. Só mesmo o criador de “Super Homem, A Canção” para trazer leveza à vida de quem nem sempre é alegre.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

domingo, 4 de outubro de 2009

O ‘CHICA CHICA BOOM’ CHIC DO DJ ZÉ PEDRO!


Zé Pedro, o DJ mais MPB do mundo, lançou há pouco tempo atrás seu terceiro CD onde mostra-nos remixes de canções que consagraram as grandes Divas de nossa música brasileira. Conseguiu botar na pista toda a dança e a sacudidela da musica, com batidas do mais belo e puro cancioneiro popular.

Neste novo CD, que tem o titulo de uma composição de Chico Buarque (Essa Moça ta Diferente), lançado pela Lua Musica sob as benções do querido Thiago Marques Luis, nosso DJ preferido trás remixes de Nara Leão, Célia, Mart’nália, Beth Carvalho, Zélia Duncan, Maria Alcina, Cássia Eller, Alcione, Angela Rô Rô, Fafá de Belém, Elis Regina, Maysa e pela primeira vez uma canção de Marisa Monte.

Bem, a liberação de uma canção de Marisa para o CD já mostra a todos nós ouvintes que de fato o trabalho de Zé Pedro é digno de muito respeito. É simplesmente indescritível a importância deste CD de Zé Pedro para a perpetuação das canções da MPB e para atrair novos fãs para este tipo de música considerada um tanto démodé pela moçada atual.

Minha primeira formação é de historiador, portanto, não consigo analisar o trabalho do DJ Zé Pedro sem um olhar profissional. No processo histórico a construção da memória de um povo se dá, sobretudo, a partir de suas produções culturais: musica, teatro, livros, cinema, fotografia... Mas a memória só é fixada se os movimentos surgidos ao longo dos tempos as absorverem, e muito da memória cultural do homem se perdeu no tempo por não ter ocorrido a absorção dos mesmos.

Já o trabalho de Zé Pedro se torna essencial para a memória nacional, porque até pouquíssimo tempo atrás era impossível imaginar uma grande Danceteria do século XXI tocar Maysa ou Nara Leão. Agora, com este novo trabalho de Zé Pedro, todas as danceterias do mundo já podem dançar através dos sons de Nara , Zé e Maysa.

Espero ansioso que outros CDs de Zé Pedro cheguem até nos, e humildemente sugiro que ele resgate para as pistas de dança do mundo: Gonzaguinha, Simone, Marlene, Cauby, Angela Maria, Dalva de Oliveira, Nelson Gonçalves, Carminha Mascarenhas entre tantos outros.

De fato, do ‘Chica Chica Boom’ Chic de Zé Pedro, em “Essa Moça ta Diferente” é arrebatador. Toca em todos os lugares de minha casa, de meu trabalho e em meu coração.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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O QUE ANDA “NA CABEÇA” DE MARCOS SACRAMENTO!


Marcos Sacramento lançou há alguns meses pelo selo Biscoito Fino um CD intitulado “Na Cabeça”, e isso possibilita a nos, fãs, imaginarmos o que anda na cabeça de nosso ídolo, e a audição do CD alegra nossos corações.

Andam pela cabeça de Marcos os compositores clássicos, tais como: Chico Buarque, Paulo Padilha, Cartola, Zé Paulo Becker, Paulo Cesar Pinheiro, entre outros, e, claro, Noel Rosa.

Vivo a pensar que se Noel Rosa fosse vivo, certamente não teria apenas “A Dama do Encantado” a interpretar suas canções, mas também teria “Um Cavalheiro Encantado” a tornar suas canções, irresistíveis aos ouvidos deste Brasil.

Marcos Sacramento é parceiro de algumas composições deste novo trabalho, que já circula Brasil a fora em forma de um belo show. A canção que dá nome a este trabalho diz assim: “... não vou dormir / com esse samba todo na cabeça / insone, tento inventar um novo por do sol / mas tudo real, agora, é uma grande aurora / um céu que insisti em chegar / invasivo, furta – cor / e o samba chega ... “

Este carioca, morador co centro do Rio de Janeiro, é capaz de fazer-nos esquecer que este é “quase” um país de cantoras e com sua voz sincopada alegra a vida de seus ouvintes com a leveza e grandiloqüência que só o cancioneiro popular é capaz de provocar.

Noutra canção em que divide parceria, nosso cantor diz: “... um samba para o amanhecer / para o nosso amor / para o renascer / para acreditar / um samba para a dor ...” E desta forma permiti que a leveza dos movimentos da natureza tomem sua maneira de cantar a ponto de expandir, através do sopro do vento, seu cantar pelo mundo afora.

Sou fã incondicional já a certo tempo de Marcos Sacramento e às vezes lamento que o grande publico ainda não o conheça, mas outras vezes me alegro em saber que apenas os amantes da boa musica brasileira conhecem seu trabalho num movimento egoísta que só os que amam sabe como funciona. Salve o “Cavalheiro Encantado” da MPB.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

“É POSSIVEL TER MICHAEL JACKSON EM CASA POR R$ 9,00”


Nestes tempos midiáticos, fiquei impressionado ao ver os CDs de Michael Jackson à venda numa das maiores lojas virtuais brasileiras por menos de R$ 10,00. Devo confessar que os olhos encheram e de pronto comprei três de seus CDs considerados históricos: “Trilher – 25 anos”, “Dangerous” e “Bad”.

Passado o surto consumista, me pus a refletir sobre este fenômeno da mídia desde os anos 70 e como ele passou por minha vida, já há muito tempo. Meu interesse por ele não ultrapassava a leitura de algumas matérias publicadas na imprensa sobre suas excentricidades e bizarrices, e a transformação física que desencadeou voluntariamente sempre fez com que sentisse repulsa por este “ser”.

Mas devo confessar que após ouvir com cuidado esses trabalhos que adquiri e de fazer um flashback de minha adolescência e mocidade, e após ler exaustivamente tudo o que foi publicado sobre sua morte, mudei de opinião.

Primeiro não posso negar que os bailinhos de minha adolescência - onde eu nunca arrumava um par para dançar - foram embalados por muitos sucessos de Michael Jackson e sua família. Depois, já freqüentando boates na noite paulistana nos anos 80, muitas noites foram regadas ao som do chamado Rei do Pop, e também não posso esconder que viciado em imagens de TV como sou, seus clipes me fascinaram profundamente.

Esses três álbuns que comprei são realmente a síntese do que o Rei do POP pode produzir, ora pelas mãos do mago Quincy Jones, ora por sua própria cabeça, deixando assim sua obra uma marca única.

Fiquei a pensar sobre aquela velha história que diz que Ivan Lins e Vitor Martins quase tiveram duas canções incluídas no então LP “Trilher”, e sabe de uma coisa? Que bom que as canções não entraram, assim puderam ser gravadas por Barbra Streisand.

Michael Jackson acabou engolido por uma mídia que ele mesmo ajudou a popularizar, e que agora ajuda a vendar seus CDs por menos que R$ 9,00 e desta maneira tem garantido o cetro e a coroa de REI ETERNO DO POP MUNDIAL, mas o que significa Ser Rei num mundo onde as “majestades” surgem da noite pro dia? Pode ser que não se façam mais ‘reinos’ como antigamente...


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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“...CANTEI, CANTEI... JAMAIS CANTEI TÃO LINDO ASSIM!”


Na última segunda feira de setembro do corrente ano, fui assistir ao show de Cauby Peixoto na companhia de queridos (as) amigos, aqueles que formam a família que podemos escolher nesta vida. Certamente foi uma das melhores noites dos últimos anos, com direito a emoção, felicidade e picos de êxtase.

Cauby Peixoto é de fato o Rei da Canção Popular brasileira, desde sua entrada na casa que o abriga desde 2004 (Bar Brahma – Choperia com quase 100 anos na cidade de São Paulo), digamos... TRIUNFAL! Passando pelo exuberante figurino que vestia e pela platéia cheia de fãs de várias idades (uma delas Dona Maricotinha, festejando ali seus 80 anos de vida) e chegando na voz, que quando se ouvi, faz o corpo inteiro ser tomado pela alegria e o agradecimento de se ter nascido brasileiro.

Sim porque só o Brasil tem Cauby Peixoto! Ídolo incontestável desde os anos 50, portanto, a mais de 4 décadas ele é considerado por todos os outros artistas o “professor” pela magnífica voz.

E é sobre esta voz que por tanto anos tocou aqui em casa nas rádios e na voz de meu pai que quero falar. Tenho ao longo dos últimos 30 anos assistido a inúmeros shows e tornado minha paixão pela MPB o ar que respiro diariamente, e confesso que nunca antes uma voz tinha feito tamanho efeito em mim.

A emissão das notas, o timbre aveludado, a tranqüilidade com que a boca se abre emite o som são de fato únicas. A impressão que tive durante alguns momentos do show era de que Cauby estava sentado num sofá de sua casa conversando tranquilamente com amigos. Assim, num clima intimista e aconchegante. Coisa de calor humano, mesmo.

Nesta noite não faltaram clássicos como “Conceição”, “Begin to Begin”, “Blue Gardênia”, “Ninguém é de Ninguém”, mais clássicos em francês e em italiano, e a maior de todas as canções que lhe fora dada como presente por Chico Buarque no inicio de 1980: “Bastidores”.

E como diz esta bela canção de Chico Buarque nesta noite como tantos homens brasileiros ao longo das ultimas quatro décadas: bêbado e febril rasguei meu coração para amar plenamente Cauby Peixoto.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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domingo, 27 de setembro de 2009

VALE A PENA TENTAR GOSTAR DE SIMONE.







Desde a segunda metade da década dos saudosos anos 80, gostar da cantora Simone passou a ser sinônimo de “gosto musical duvidoso” principalmente entre a chamada “elite pensante” das principais capitais do pais.

O coração sempre apertava quando em roda de conversa eu insistentemente citava o nome da cantora e suas canções. Geralmente era agraciado com a benevolência dos amigos por eles saberem que eu também gostava de Caetano, Gil, Chico e, sobretudo, porque como pesquisador da MPB iniciava a construção de um acervo digno dos amantes da boa música.

Os anos foram passando, o novo século chegou e desde então não me alegrava tanto um trabalho novo da cantora que embalou minhas dores de amor e minhas lutas ideológicas ao longo da mocidade.

O titulo do trabalho foi extraído de uma música inédita composta especialmente para ela por Martinho da Vila, chamada: “Na Minha Veia” , que diz assim “...riqueza da minha rima / o verso da poesia / gostosa gastronomia / a minha ideologia...” daí o CD chamar-se “Na Veia”.

Para quem como eu acompanha há muitos anos a carreira de Simone é perceptível que ela vive um momento de felicidade pois sempre disse em entrevistas sonhar em gravar composições de Marina Lima, Adriana Calcanhoto, Erasmo Carlos e neste trabalho ela ganhou canções inéditas feitas especialmente para ela por estes compositores de peso na MPB. Sem dúvida alguma: é um trabalho composto pelos melhores de nosso tempo.

O parceiro numero um do rei, Erasmo Carlos, entregou duas músicas inéditas a Simone para o CD, e uma delas nasce como um clássico, intitulada “Migalhas”. Diz mais ou menos assim: “ ... não foi esse o mundo / que você me prometeu/ que mundo tão sem graça / mais confuso do que o meu ...” eis o parceiro numero um se tornando o rei, pelo menos neste novo trabalho de Simone.

O CD tem ainda Paulinho da Viola, compositor que a cantora sonhou um dia fazer um cd tributo, e uma bela homenagem ao compositor e cantor Agepê com a regravação que encerra o belo CD intitulada “Deixa Eu Te Amar”.

O mais surpreendente neste CD é a coragem da cantora em retomar uma composição própria, feita nos anos 70, em parceria com o poeta Hermínio Belo de Carvalho, intitulada “ Vale a Pena Tentar”. A canção começa assim: “ ... talvez eu te proponha/ a coisa certa...”, é de encher de brios os fãs, que devem manter a cabeça erguida e a espinha ereta, pois são especiais os que cultuam uma DIVA tão cheia de energia e beleza !




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

“MARIA GADÚ” – EIS O NOME!


Será que algum fã de M.P.B. já havia imaginado Marisa Monte cantando uma canção que tenha sido sucesso popular na voz de Kelly Key ?? Certamente este não é um dos mais escabrosos pensamentos sobre nossa música visto que Marisa Monte já cantou em seus shows sucessos de Gretchem.

Agora certamente ninguém jamais imaginaria uma cantora de M.P.B. das boas ser apresentada ao grande publico em seu primeiro trabalho regravando uma canção de Kelly Key, pois Maria Gadú faz isso em seu primeiro CD que chega ao publico nestes dias de setembro, cantora que chega mostrando uma personalidade única em nossa música.

Poderíamos dizer que ela é um mix de atitude das grandes divas da M.P.B. Seria como se puséssemos num liquidificador as melhores cantoras da musica brasileira dos anos 90: Marisa Monte, Cássia Eller, Adriana Calcanhoto e outras, e ao provar a mistura sentiríamos um novo sabor... é isso!

Maria Gadú é fã confessa de Marisa Monte, e em algumas canções temos a impressão de estar ouvindo a própria Marisa cantar. Franzina e tímida, tem feito aparições em programas de TV onde quando canta permanecesse de olhos fechados o que dá um certo charme especial a ela.

O primeiro CD trás composições da própria Maria Gadú já marcando território como uma grande compositora e uma interpretação visceral do clássico “Ne Me Quitte Pas” do compositor francês Jacques Brel, regrava também de Chico Buarque e Edu Lobo a canção “A História de Lilly Braun” composta para a peça teatral “O Grande Circo Místico” pela dupla de compositores e gravada originalmente por Gal Costa.

Agora o que tem que acontecer é o seguinte: o maior numero possível de pessoas ouvirem esta cantora para aprender a apreciar seus versos e seu jeito, que se traduzem nesta composição dela que já toca em algumas rádios:


… Natureza, deusa do viver
A beleza pura do nascer
Uma flor brilhando a luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol
Pensamento tão livre quanto o céu
Imagine um barco de papel
Indo embora para não mais voltar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar …

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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“PRA SE TER ALEGRIA” – DVD DE ROBERTA SÁ.


Roberta Sá lança neste final de inverno o primeiro DVD de sua carreira musical já consagrada, com direção geral de um de seus parceiros mais fiel: Pedro Luis. O belo registro do show surgido a partir do lançamento de seu cd “Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria” que serviu de base de repertório para o trabalho que chega ao cenário da MPB.

Certamente este é o mais singelo e delicado trabalho em DVD do ano de 2009, dificilmente teremos o lançamento de algum DVD da MPB este ano recheado de tamanhas sutilezas e delicadezas. Tudo no DVD é singelo, desde o comportamento em cena de Roberta Sá, passando pelo simples e delicado figurino e o impecável repertório selecionado.

Atravessamos um ano onde inúmeras cantoras vem chegando com seus primeiros e segundos trabalhos, e já se torna possível antever quem veio de fato para ficar no cenário e ganhar a constelação e as que logo cairão no limbo.

Bela moça, Roberta Sá poderia usar de seus atributos físicos para arrebatar a platéia, mostrando pernas saradas, decotes generosos ou micro vestidos que a deixariam sensual, nada disso é explorado por ela, que centra-se em sua bela voz para embevecer a legião de fãs que foram a gravação deste trabalho. O amigo Pedro Luis e Marcelo D2 são os convidados especiais do show.

O show tem todos os compositores que estão acompanhando a carreira de Roberta Sá e acrescenta, sabiamente, Dorival Caymmi que ganha a mais arejada homenagem desde sua partida,.Também temos o privilégio de ouvir canções compostas pela própria Roberta e seus parceiros.

Recheado de clipes extras, que nos leva a ver e ouvir a cantora ao lado de Chico Buarque e Ney Matogrosso, mas o que enche os olhos mesmo é seu duo com o cantor português Antonio Zambujo pois nos prova que a distância entre Portugal e Brasil inexiste aos olhos da bela música.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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terça-feira, 14 de julho de 2009

LIVRO: "AS CANTORAS NEGRAS DO BRASIL'


Desde que a escrava negra ninou o senhorzinho com seu canto-lamento trazido das terras africanas, a formação de nosso povo tem a voz feminina como a mais pura tradução de seu cancioneiro popular.
Inúmeras são as cantoras que por séculos acalantam e acariciam o povo brasileiro, desde que a negra escrava com seu canto - lamento nos ensinou a apreciar a sonoridade vinda da alma feminina que, ao longo dos séculos, foram decalcando em nossos inconscientes a paixão por elas.
É impossível não lembrar o dia 20 de novembro, data que todo nosso povo deveria reverenciar e o feriado, deveria ser nacional, nos provoca a lembrança das grandes damas afro-descendentes de nosso cancioneiro popular.
Dona Clementina de Jesus, a mais pura tradução do canto-lamento, redescoberta já ao final da vida pelo pesquisador Hermínio Bello de Carvalho fez história. A primeira dama da Bossa Nova, Alaíde Costa, cantora e compositora de mão cheia com parcerias entre outras com Vinícius de Moraes (pouco fala-se até hoje da importância de Alaíde Costa para a Bossa Nova) insistimos em associar a Bossa Nova aos brancos de classe média de um Rio de Janeiro que vivia seu apogeu.
Como esquecer de Carmem Costa, a dama das damas, ainda em forma implorando para ser tombada como patrimônio histórico.
E a dama da resistência Zezé Motta, audaciosa, escancarou a sensualidade negra para as grandes platéias do cinema nacional e mundial, e não se deixou vender às grandes gravadoras que a queriam cantando sambas.
Pagou um preço alto, mas tem uma obra sólida e requintada, permitindo-lhe seguir com a cabeça erguida entre as Prima Donas vivas da Canção Popular como Maria Bethânia, Gal Costa e Simone. Como não lembrar do brilho ímpar de Zezé num antigo especial da TV Globo chamado "Mulher 80’, onde era a única mulher negra a participar”.
E temos ainda Sandra de Sá, a dama de swing para lá de contagiante, passando por novos nomes como: Luciana Mello e Leila Maria, uma dama do naipe de Shirley Horn e Nina Simone, que pouquíssimos conhecem e lançou este ano um Cd maravilhoso chamado "Off Key".
E as damas do samba: Alcione (a Marrom), que toca como ninguém em todas as rádios, sendo sinônimo de sucesso há anos. Leci Brandão, síntese do canto de protesto contra a discriminação da mulher negra, sempre lutadora e engajada. Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara, esta última, há mais de 80 anos compondo e cantando e, pasmem, nunca conseguiu viver só de seu canto, trabalhou uma vida inteira como enfermeira até aposentar-se.
Novo século e, aquele canto-lamento da negra escrava que embalava o sinhozinho, se recria e se reconstrói nas belas vozes de Negra Li, Tati Quebra Barraco, e numa Vanessa da Matta, que sintetiza a mistura de raças que transformam o canto de nosso povo em poesia.
E, para terminar, como esquecer o canto da Sapoti (Ângela Maria), negra que foi rainha do rádio numa época onde se escondia sob uma maquiagem carregada que a deixava branca,em sua interpretação de "Vida de Bailarina" (canção de Américo Seixas e Chocolate), nos prova que o Brasil é um país de alma e voz feminina e afro-descendente em essência, mesmo que muitos finjam não perceber. Cantem muito, muito mesmo,de preferência cantem juntos às suas crianças, sempre!
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terça-feira, 23 de junho de 2009

OS SABORES DOS GESTOS DE ZÉLIA DUNCAN!

Sou fã de Zélia Duncan desde que ela assinava seus álbuns como Zélia Cristina, por mais que amigos fãs da boa música brasileira insistissem em classificá-la como mais uma cantora “densa” de nossa música popular, sempre percebi uma leveza e docilidade no cantar, que me comove sempre.


Agora em 2009 depois de algum tempo sem lançar nenhum CD solo, ela nos trás o maravilhoso Cd “Pelo Sabor do Gesto’ – Universal, e vejo estampada em várias matérias de grandes jornais brasileiros os comentários que dizem que ‘ Zélia está mais doce e suave’. Dou risadas lendo e ouvindo o trabalho que convenceu a maioria sobre o que eu desde o inicio já percebia.


Imaginem os versos: “... tenho duas namoradas: música e poesia, ocupam minha noites, acabam com meus dias...” São geniais! E estão lá neste trabalho que nos aguça a mente na direção do Show que logo estará rodando o Brasil e que com absoluta certeza será transformado em um DVD. Espero que isso aconteça rapidamente.


Zélia Duncan inicia novas parcerias neste trabalho. Nele ela torna-se parceira de: Zeca Baleiro, Chico César, Paulinho Moska, Dante Ozetti, sem dizer que trás canções de Ithamar Assumpção e Marcos e Paulo Cesar Valle, que confesso que poucos não acharão que são inéditas, tamanha a personalidade interpretativa que Zélia imprime nas canções.


Zélia trás como convidada especial a vocalista do grupo mineiro Pato Fu, Fernanda Takai, e não esconde de ninguém ser ela uma de suas cantoras preferidas na nova geração. Pode-se até torcer o nariz para a afirmação de Zélia, mas que a canção “Boas Razões” nas voz das duas ficou excelente, lá isso ficou.


Diria mesmo que só pelo trabalho primoroso de versão da canção francesa de Alex Beaupain que compôs a trilha de um belíssimo filme e que depois de passar por Zélia nos diz: “.. quem já tocou o amor pelo sabor do gesto? / Sentiu na boca no som? / Mordeu fundo a maçã? / Na casca, a vida vem tão doce e tão modesta / Quem se perdeu de si? / Eu já toquei o amor pelo sabor do gesto / Confesso que perdi, me diz quantos se vão?” já valeria a pena ter o CD em casa, no carro, no trabalho, na vida e sobretudo nos gestos.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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