sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A RECEITA ENCANTADA DE VANESSA DA MATA.






Fotos de: Geraldo Pestalozzi





Alguma vez você imaginou encontrar a receita de um bolo enquanto estava folheando o belo encarte do CD de uma grande cantora? Certamente que não! Pois bem, entre tantas surpresas que podemos encontrar no CD “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias” , esta é apenas uma delas.

Vanessa da Mata a “cantautora” deste belíssimo trabalho fez chegar às lojas seu CD sem grandes alardes, alias ela não precisa mesmo de nenhum alarde ou badalação, porque sua presença já é um show indescritível. Possuidora de uma rara beleza física e de uma capacidade poética impar de fato não precisa de holofotes pois a luz emana de sua figura com naturalidade.

O CD traz 12 canções sendo que 10 são da autoria da própria Vanessa da Mata sem parcerias, e somente duas foram compostas com parceiros ilustres, Gilberto Gil e Lokua Kanza, parcerias que dispensam qualquer tipo de comentário. Faz-se mesmo necessário ouvir as canções.

O CD nos mostra uma Vanessa da Mata menina, moleca, alegre que busca na simplicidade da existência humana a explicação para sua música, todas as canções chegam ao nossos ouvidas carregadas de um lirismo encantado que só a ingenuidade do universo infantil pode trazer.

Tudo no CD nos faz mergulhar no universo da simplicidade onde aprece morar essa imensa mulher de cabelos ao vento que faz contraponto com as madeixas estiradas a vapor que a moda insiste em impor as mulheres.

A canção “Fiu, Fiu” é impagável e certamente arrastara as adolescentes para o encontro de Vanessa da Mata, ela diz assim na canção: “... eu passei por uma construção. Várias sacolas na mão, um peso e um passo, um passo, um passo, um passo. Ih, ouvi um assovio, que distraiu o peso, me mudou de lugar, aha...” ninguém mais no cenário musical brasileiro poderia cantar estes versos.

Vanessa da Mata divide conosco a receita da Vó Sinhá, e é impossível não ser levado à cozinha da casa para experimentar a tal receita, assim como não lembrar e sentir o gostinho das comidas que as vovós prepararam e preparam para seus netos. Salve esta cantora que se torna a mais bela estrela de nossa música pautada num mar de simplicidade feliz!







Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

sábado, 9 de outubro de 2010

NA LINHA DO TEMPO DO COMPOSITOR MICHAEL SULLIVAN
















Durante os anos 80 e parte dos 90 não havia um momento sequer no dia em que sintonizássemos qualquer estação de rádio, fosse AM ou FM, que não ouvíssemos uma , duas, três ou mais canções compostas por Michael Sullivan e Paulo Massadas.

As canções de um forte apelo popular e às vezes popularesco, diga-se, invadia o dial de nossos walkmam, de nossas casas e de nossos carros através das vozes dos mais diferentes ídolos da nossa música popular brasileira, algumas canções nem imaginávamos que fosse desta dupla de compositores.

As vozes femininas e masculinas da MPB usaram e abusaram do talento de Sullivan e Massadas. Deram voz à suas composições Divas consagradas da MPB como Simone, Gal Costa e Alcione e astros do naipe de Raimundo Fagner e Tim Maia.

Em 2009 depois de quase duas décadas desaparecido do cenário musical brasileiro Michael Sullivan retoma sua carreira com um interessante DVD intitulado “Na Linha do Tempo”, onde apresenta seu trabalho aos jovens que não o conhecem e presenteia fãs com sucessos inesquecíveis.

Devo ressaltar que a produção do DVD é impecável, o que torna as duas horas de show - fora os extras - ainda mais agradáveis, além dos convidados especiais que Sullivan pinçou para dividir com ele o aconchegante cenário onde o show nos é apresentado são um presente que chega a emocionar os corações dos amantes da MPB.

Os convidados de Sullivan são: Arnaldo Antunes numa belíssima participação onde alterna o canto e a declamação durante o canto da canção “Me dê Motivos” inesquecível! Que nos faz lembrar Tim Maia, sendo impossível não nos emocionar com este momento do show.

Outra belíssima participação que enobrece o DVD e reafirma a carreira de Sullivan como grande compositor é a de Daniel Jobim, sim o neto do Tom, que ainda compara Sullivan ao avô.

Temos a elegante participação da companheira de Sullivan a cantora Anayle Lima em dueto impecável e ainda contamos com a elegância de Paulinho do Trompete e a sabedoria do maestro Julinho Teixeira num poup hit em homenagem a cantora Alcione que Sullivan presta durante o show.

A mais surpreendente de todas as participações é a de Carlinhos Brown que se tornou o mais recente parceiro de Sullivan e divide com ele duas canções: nos extras vimos um clip da canção “Doce Copacabana” onde reaparece Daniel Jobim ao lado de Roberto Menescal num duo de Sullivan e Martinho da Vila.

Ainda temos a participação de Jorge Aragão. Talvez exista um excesso de informação no DVD, talvez Sullivan não precisasse de tantos convidados nem de tantas canções, mas para quem viveu plenamente os anos 80 é um belo momento de recordar, afinal, quem neste período não gritou a plenos pulmões junto a voz de Alcione os versos “... sempre que me pergunto quando vou te deixar, me responde nem morta ...” bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça ou doente do pé.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva