domingo, 29 de maio de 2011

FADOS – O FILME



São Paulo, Brasil... Final do mês de maio 2011, outono frio e úmido com a temperatura por volta dos 15 graus... São quase 6 horas da tarde de sábado, encolhido na sala de casa coloco no aparelho de blu-ray o filme de Carlos Saura – Fados e delicio-me com as imagens e os sons que enchem minha casa de luminosidade.
Alguns brasileiros foram convocados pelo diretor para criar uma verdadeira viagem pela história da música portuguesa descrita através do que consideramos ser a música português: o Fado.

Estão lá quase todos os países que falam português como se fizessem uma ode ao pais que um dia nos colonizou. O inicio do filme nos traz uma manifestação cultural de Cabo Verve e assim vai trazendo outras nações como Moçambique, Brasil e outros tantos artistas que soltam suas vozes num cancioneiro que atravessou séculos.

É possível ouvir Lundus, que remontam ao período colonial aqui no Brasil, cantado numa atmosfera que enchem os olhos, já que o cineasta é muito habilidoso com a câmera forjando cenas que algumas vezes se soltam das canções e ganham vida própria.
O numero musical da cantora Mariza - uma moçambicana que canta o Fado com toda delicadeza e que sou apaixonado há muitos anos - é recheado de sensualidade marcadas pelos passos de uma dança que a cantora divide com um bailarino perfeito, e a cena é de um bom gosto incrível.

Temos representantes brasileiros no filme e eles não são poucos e muito menos insignificantes, a saber, estão no filme: Caetano Veloso, Chico Buarque e Toni Garrido, e eles mostram o quanto nossas veias tupiniquins estão impregnadas da musica que chegou de além mar.

A fotografia do filme é belíssima, a música maravilhosa e o frio que tomou São Paulo ajuda a criar um dos mais belos finais de tarde que já vivi aqui em minha casa, onde acompanhado apenas da música e das imagens de todos os antepassados que deram origem a nação que hoje chamamos Brasil pulsam vigorosamente no peito. Viva o FADO.

Paulo Gonçalo dos Santos
Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

MAÍRA FREITAS – Vem Chegando...















A gravadora Biscoito Fino lançou neste inicio pós-carnaval do ano de 2011 o primeiro CD de Maíra Freitas. Trata-se de uma das “crias” do cantor e compositor Martinho da Vila, irmã de Martinalia, portanto é certo que tal lançamento criaria certo frisson entre os amantes da boa música brasileira.

Maíra Freitas tem formação musical erudita e é uma pianista de mão cheia e ao longo dos últimos anos têm participado de festivais pelo mundo afora e conquistado alguns prêmios devido a seu desempenho frente do piano. Sem duvida, fato importante e motivo de orgulho para todos nós.

O Brasil não tem tradição na música erudita, e poucos são nossos passos nesta seara e saber do trabalho de Maíra Freitas é de fato muito salutar. Ocorre que no CD que leva seu nome, Maíra se aventura a cantar e compor além de exercer o oficio de eximia instrumentista.

Para mim os melhores momentos do CD são aqueles em que o talento de Maíra Freitas frente ao piano chega até nossos ouvidos de maneira pura e cristalina. De fato, trata-se de uma grande instrumentista, e quero acreditar que se Maíra Freitas se propor a unir erudito e popular em seus trabalhos futuros terá certamente um futuro lindo no cenário musical nacional.

Torço de coração para que ela não deseje tornar-se um arremedo de cantora pop tipo as ‘Byoncés’ que existem mudo afora, porque se isso acontecer, o piano vai sofrer uma de suas maiores perdas, e isso não é legal.

A capa do CD bem cuidado de Maíra Freitas traz um foto dela segurando algumas teclas de um piano. Espero que no próximo CD, o teclado todo esteja completo, perfeito e afinado para que as mãos mágicas de Maíra possam fazer chegar a todos os cantos os mais belos sons que jamais ouvimos.

Paulo Gonçalo dos Santos
Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

SALVE A FAMÍLIA DE MARTINHO DA VILA



Há pouco tempo chegou aqui em casa o CD “Lambendo a Cria” de Martinho da Vila e já chegou incensado com o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), ou seja, avalizado por quem de fato entende do que é bom e do que contribui para o enriquecimento cultural de nosso Brasil.

Lambendo a Cria, titulo certeiro deste trabalho de Martinho da Vila que reúne toda sua família (filhos) que trabalham também com música, é um disco pra cima, cheio de alegria e, sobretudo, de bom gosto musical, afinal, filhotes de Martinho tinham mesmo que ser músicos, pois nenhum compositor brasileiro tem o swing e a complexidade musical que Martinho trás em seu canto e em suas composições.

O compositor foi homenageado no final dos anos 90 com um CD tributo feito por uma das maiores cantoras vivas do Brasil; trata-se do CD “Café com Leite” de Simone que traz algumas das melhores canções compostas por Martinho da Vila e seus parceiros. Este Tributo foi considerado por Caetano Veloso à época uma das obras primas da MPB, e ele tinha razão! Ficou de fato muito bom.

Agora, o CD “Lambendo a Cria” faz um tributo familiar a Martinho da Vila, e deve ser de fato prazeroso poder dividir o oficio que escolhemos nesta vida com nossas “crias” e olhe que as crias de Martinho da Vila já cravaram seus nomes no cenário musical brasileiro, e se formos falar apenas de uma das filhas veremos o quão as crias são de fatos exuberantes. Falo da cantora Martinália, melhor cantora- compositora surgida nos últimos dez anos, sem sombra de duvidas.

Mas no CD estão presentes cinco filhos e filhas de Martinho e todos sem exceção devem mesmo ser orgulhosos deste pai que tanto tem nos deixado a vida mais gostosa com seu cantar, na verdade acredito mesmo é que todos nós brasileiros devemos ajudar a Martinho da Vila a lamber suas crias, pois elas são orgulho de toda a nossa nação.


Paulo Gonçalo dos Santos
Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br