sábado, 1 de novembro de 2008

PAULA LIMA SINCERAMENTE.



Consagrada como Diva da canção, Paula Lima recebeu o troféu Raça Negra de melhor cantora no ano de 2006. Ela havia acabado de lançar pela Indie Records o CD Sinceramente, que trouxe com força total, para de fato, ocupar definitivamente o lugar de DIVA da MPB. Linda como sempre e com uma voz perfeita, ela desfila ao longo das doze canções do CD, uma maturidade digna das grandes cantoras negras americanas, é muito bom ouví-la em todas as canções.

As canções são assinadas por Martinália, Ana Carolina, Arlindo Cruz, Seu Jorge, Leci Brandão e João Donato o que dá uma idéia contemporaneidade, ao mesmo tempo em que firma sua posição de intérprete de variados gêneros musicais possibilitando que ela exercite toda sua capacidade de interprete.

Paula Lima que foi backing vocal do grupo Funk como Legusta adquiriu nesta época a qualidade que somente quem cantou na noite consegue, a versatilidade e o transito livre por todos os gêneros musicais. Daí, sua grande capacidade de recriar-se a cada novo lançamento, muito embora ande circulando a cada trabalho por uma gravadora diferente. O que é facilmente explicado pelo retorno imediato que as grandes gravadoras desejam avidamente de seus contratados.

O compositor Seu Jorge aparece neste CD com duas canções, ele é a mais perfeita tradução do que há de melhor no cenário nacional, assim como Arlindo Cruz esta mistura das várias faces da negritude carioca marca o trabalho de Paula Lima, uma paulistana formada em Direito e dona de bela voz.

A melhor forma de compreender este novo trabalho de Paula Lima é ouvir inúmeras vezes cada canção do CD “Sinceramente” e ao ouvir a última canção do CD composta pela grande Leci Brandão podemos compreender enfim porque e para que Paula Lima canta, preste atenção ... Quero saudar / aquele que é da dança de rua /Que é lindo, mas não se insinuaQue sabe o que quer e o que fazQuero saudar / você dessa minha etniaQue samba e também denuncia ....

Grande e bela Paula Lima !!

ROSA SENTADA A BEIRA DO CAMINHO.




Rosa Passos lançou pela Universal Musica seu CD Rosa, em setembro de 2006 onde entre composições suas e clássicos da MPB, que vão de Roberto Carlos a Tom Jobim, desfia sua voz única que nos enlouquece de paixão a cada vez que a ouvimos.

Já foi saudada por muitos músicos internacionais como uma das maiores cantoras do mundo, e não é para menos seu histórico inclui belíssimos trabalhos com Ron Carter, Henri Salvador e Paquito D’ Rivera, entre tantos outros grandes talentos.

Neste álbum ela consegue mais uma vez superar-se em ousadia e beleza, juntou no mesmo álbum um Roberto Carlos melancólico e um Chico Buarque no esplendor de sua produção ao gravar de ambos “sentado à beira do caminho” numa versão que dura mais de sete minutos que você ouve sem perceber e, Olhos nos Olhos, numa interpretação única e definitiva.

Para mim, a canção de Roberto estava pra lá de imortalizada na voz da cantora italiana Ornella Vanoni mas, ao ouvir Rosa Passos e seu registro, fiquei completamente adormecido e fui levado a sentimentos e sensações como nunca antes havia experimentado.

No inicio deste ano (2007) Rosa Passos estará em tournée pelo Brasil a começar por São Paulo. Vamos torcer para que seja este o ponto de partida para a consagração definitiva entre o povo brasileiro, desta cantora que tem honrado e colocado o nome do Brasil dentre os melhores da música mundial.

Impossível mesmo é ficar indiferente diante da audição de sua versão para a canção “Molambo” de Augusto Mesquita e Jaime Florence, algo único se cria dentro de você ao término da canção, e sabe o que é?? A vontade de abraçar e deitar a cabeça no colo desta cantora, deixando-a que ela nos embale até o sono chegar.

RITA RIBEIRO E A FORÇA DO CANTO AFRO-RELIGIOSO.



Há muitos anos a cantora Rita Ribeiro tentava viabilizar seu Projeto chamado Tecnomacumba, apresentando há muito tempo por todo o Brasil com show que traz o repertório do CD. Ela encontrou muitas dificuldades para sua viabilização, incrível mesmo foi como chegou a gravadora Biscoito Fino.

Pronta para uma produção totalmente independente iniciou as vendas pela Internet de seu CD, quando já mais de 500 encomendas haviam sido feitas a gravadora Biscoito Fino procurou a cantora propondo co-produzir e distribuir o CD, o que deu um impulso decisivo ao projeto, que na verdade é uma aula publica sobre a religiosidade de nosso povo.

Tecnomacumba é aberto por uma adaptação da própria Rita Ribeiro chamada Saudação/Abertura, onde ela parece evocar todas as entidades da natureza para acompanhá-la durante todo seu cantar.

Ela buscou em todos os cantos da MPB canções que traduzissem seu desejo de flertar bem de perto com a religiosidade que os africanos trouxeram para enriquecer nossa cultura. Temos Jorge Benjor, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Nei Lopes e, é claro, o grande Dorival Caymmi.

Mas nada se compara ao prazer inenarrável de ouvi-la cantar um clássico do cancioneiro pop anos 70, que foi popularizado na voz de Ronnie Von “Cavaleiro de Aruanda” que diz assim:

... quem é o cavaleiro
Que vem lá de Aruanda
É Oxóssi em seu cavalo
Com seu chapéu de banda
Ele é o filho do verde
Ele é o filho da mata ...

é necessário ouvir e deixar-se tomar pela energia que o som desta música nos traz , a voz de Rita Ribeiro anda bem protegida. Que continue assim.

ENTRE O AMOR E O MAR ESTÁ JUSSARA SILVEIRA.



A grande cantora baiana Jussara Silveira produziu esse belíssimo CD que homenageia o Mar. Patrocinado pela Petrobras este trabalho da cantora é envolvente e fascinante assim como é o mar.

Jussara Silveira buscou da modernidade pop à consagradas canções o que transformou na síntese para sua compreensão sobre o que é ou pode ser o mar na vida de todos os humanos desta nossa terra, que é banhada de costa a costa, pelo oceano Atlântico.

Sua voz cristalina e doce contrasta com o salgado do mar e chega a nossos ouvidos numa transparência só vista em praias ainda desertas deste imenso pais chamado Brasil.

Em Morena do Mar, de Dorivel Caymmi, ela supera-se e resvala na genialidade das grandes damas das canções populares do mundo, imortalizando-o que há muito já o estava, é impossível não se emocionar ao ouví-la transpor para o canto os versos de Caymmi :

... à morena do mar
Oi eu, ô morena do mar
Ô morena do mar
Sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar ...

Este lamento em forma de canção é comovente, só mesmo os grandes amantes conseguirão perceber este choro e clamoroso pelo amor da parceira numa da inúmeras chegadas que o pescador faz ao longo da vida, sedento de água doce, de docilidade que só o amor pode trazer.

Em alguns momentos temos a sensação de estar ouvindo outras cantoras que não a própria Jussara Silveira, isso porque sua qualidade vocal é muito parecida com as das damas de nossa canção, mas nada que a desmereça pelo contrário, instantaneamente somos devolvidos à presença forte e única desta, que sem dúvida, é uma das maiores cantoras que a Bahia já entregou ao Brasil

UMA NOITE NO CHICO’S BAR.



Nas décadas de 70 e 80 o Chiko´s Bar era uma casa noturna de referência não só no Rio de Janeiro, como no Brasil. Referência não só em termos de música brasileira, como também passagem obrigatória de todos os grandes nomes do jazz que passavam pelo país. Pensando nisso, o produtor musical Carlos de Andrade, o Carlão, teve a idéia de transpor para um disco as apresentações memoráveis que aconteciam por lá, intitulado Uma Noite no Chiko´s Bar, que a Biscoito Fino relança 25 anos depois da edição original:
- “Eu era técnico da Som Livre na época. Tinha acabado de voltar dos Estados
Unidos, e queria fazer um disco com o Luiz Eça, que eu considero talvez o maior pianista de jazz da história do Brasil, e que tocava no Chiko´s Bar. Levei o projeto ao João Araújo, ele se interessou, e disse que lançaria. Pedi dinheiro emprestado para meu pai, e comprei um gravador. Esse álbum foi meu primeiro trabalho como produtor musical”- conta Carlão.
Os artistas que integram o disco ajudaram, de alguma forma, a construir a
história do Chiko´s Bar. Uma noite... é um projeto agregador, pois acabou promovendo, por exemplo, o reencontro de Johnny Alf e Leny Andrade, além do retorno de Nana Caymmi a casa. Com o elenco reunido, o disco foi gravado em 1980 por Carlão e Nestor Vittiriti.
A seleção do repertório priorizou as canções mais pedidas pelo público na
época. O disco começa com a valsa Eu Te Amo (Chico Buarque e Tom Jobim) na voz de Leny Andrade, que canta ainda um pout-pourri em homenagem à João Gilberto - De Conversa em Conversa (Lúcio Alves/ Haroldo Barbosa), Tintim por Tintim (Haroldo Barbosa/Geraldo Jacques), Eu Quero um Samba (Haroldo Barbosa/ Janet de Almeida) e Nanã (Moacir Santos). Nana Caymmi desfia o bolero Dejame Ir (Chico Novarro/ Mike Ribas), a indefectível Eu Sei que Vou Te Amar (Tom Jobom/ Vinicius de Moraes) e Rua Deserta (Dorival Caymmi/ Carlos Guinle). Johnny Alf comparece com suas composições, Vem e Diza. Completam o set list, as instrumentais Chiko´s Blues e Dolphin, de Luiz Eça, e ainda Tereza My Love (Tom Jobim), com Edson Frederico. Participam do disco também João Alves, Ricardo do Canto e Luiz Alves.(extraído do site da Gravadora Biscoito fino por: Paulo Gonçalo dos Santos -paulogoncalo@uol.com.br)

OS OUTROS TONS E A OUTRA FÁTIMA.




Este primoroso CD lançado após muito tempo de ausência no mercado fonográfico pela cantora e compositora Fátima Guedes, um dos ícones de nossa canção, que surgiu no final da década de 70 e teve sua explosão na década de 80, sendo inclusive gravada por Elis Regina de maneira ímpar está novamente com o melhor trabalho do ano de 2006.

Fátima Guedes acertou em cheio ao selecionar dentre a obra do grande Tom Jobim canções que passaram quase que despercebidas pela grande massa que cultuou a bossa nova e que ela resgata de forma quase didática.

A cantora toma a vez da compositora neste belo CD e mostra o quanto ela está primorosa e com uma voz que a coloca definitivamente entre as grandes intérpretes de nossa MPB.

Ela um dia compôs para uma bela cantora de nossa MPB essa canção:
Eu sou uma voz, eu sou uma figura,
sou o meu sonho
de o ver realizado.
hoje eu descobri o mais incrível,
sou quase inacessível,
estou tão longe desta estrela ...
pois bem, Fátima Guedes neste CD se transforma na tradução mais que perfeita da canção escrita por ela nos anos 80.
O belo CD tem como primeira canção uma compilação do maestro Tom Jobim e o maior poeta de nossa língua Vinicius de Moraes chamada “Na hora do Adeus”, gravada pela primeira vez em 1960 e por aí vai. Cada pérola é lapidada com interpretações inesquecíveis e arranjos belíssimos.
O CD se torna ainda mais raro porque traz impresso em seu livreto a história de cada canção de maneira sucinta e clara e nos remete a um passeio na história da obra deste compositor que tanta falta faz entre nós. Você pode descobrir quem primeiro gravou a canção, e qual o contexto no qual ela foi escrita, este cuidado é raríssimo em nossos CDs.
Fátima Guedes já começou a divulgar o CD em shows que devem percorrer por muito tempo todo nosso país. Vale a pena não só adquirir o CD que é da Rob Digital, como procurar descobrir onde Fátima anda se apresentando para conferir ao vivo essas interpretações únicas que ela dá ao saudoso maestro soberano tom Jobim

NEGRA LI E A TENTATIVA DE SER LIVRE .



... um dia eu vou estar á toa
e você vai estar na minha
eu sei que você sabe
que eu sei que você sabe
que é difícil de dizer ...

Quando há uns dois anos atrás atraído por uma participação de Caetano Veloso no CD de Helião e Negra Li entrei em contato com o canto desta cantora, chamada por batismo de Liliane, fiquei impressionado ao ouvir suas interpretações no CD, pensava caramba tá ai uma grande cantora, aliás mais uma grande cantora neste cenário nacional tão rico em vozes femininas.

Agora com seu primeiro grande CD solo Negra Li é capaz de dar uma palhinha do que será capaz de fazer no universo musical brasileiro se for bem conduzida e, principalmente, se não se deixar conduzir por qualquer encantamento passageiro.

Sem dúvidas estamos contemplando o nascimento de uma grande dama da canção popular no Brasil, ela tem atrevimento suficiente para mesclar a ultra cult Marisa Monte ao hip hop que gosta de fazer e transformá-lo assim num hit do verão brasileiro como há muito não se ouvia e via inclusive na telinha de uma das maiores redes nacionais de TV.

Novamente Negra Li trás Caetano Veloso para seu lado numa participação acertada neste seu CD – Livre – lançado no final de 2006 pela gravadora Universal Music. Também neste mesmo final de ano todo o Brasil pode vê-la e apreciá-la como atriz na badalada minissérie chamada Antonia que já tem acertada sua continuação agora em 2007.
Negra Li também compõem e grava neste CD algumas de suas composições, observe nesta letra o despontar de uma poetiza de mão cheia: ... é tão triste o ódio / eu assisto e choro / é preciso logo compaixão / Sou Negra Li, estou aqui, sim, e não aturo / cadê a compaixão ...

É a linguagem de nossas favelas e morro que ganham força na voz dessa bela jovem afro-descendente cheia de garra pra construir rasgando à unha seu espaço em nosso universo musical

Fora a participação de Caetano Veloso numa canção escrita por ele mesmo, ainda temos o compositor Nando Reis com a canção que dá titulo ao CD Negra Livre e que vale uma conferida com calma ... está em todo som, na boca, nas palavras / está em outro tom, nas sílabas caladas / A minha linda voz ...

Linda e imperdível voz, salve Negra Li !

A VOZ E O PIANO EM ALAÍDE COSTA



Quando em 1972 Milton Nascimento convidou-a para um dueto em seu maravilhoso Clube da Equina e, em seguida produziu um Compacto duplo só de Alaíde Costa, podíamos ali perceber um tributo a esta que foi a primeira negra a invadir o fechado universo dos compositores da MPB.

Parceira de Vinicius de Moraes e Tom Jobim Alaíde Costa é um destes casos que ao longo dos anos só fez melhorar e aprimorar seu canto, sua sofisticação é algo embriagador.

Final de 2006 ela junta-se novamente ao pianista João Carlos Assis Brasil para lançar seu Piano e Voz pela gravadora luamusc. O disco sem duvida nenhuma é um dos melhores lançamentos dos últimos tempos,a cada canção é possível sentirmos a respiração de Alaíde Costa que vai aos pouco nos tomando até que no embarca numa viagem pela musicalidade de seu peculiar universo.

O CD é aberto pela bela composição do grande maestro Radmés Gnatalli Noturno, em belíssimo arranjo que torna-se magnânimo fazendo com que um arrepio tome todo nosso corpo durante sua audição.

Gravado na primavera de 2006 com produção de José Milton, o disco busca em pérolas de nosso cancioneiro a inspiração para esta cantora, que é referência na MPB, pelo seu canto carregado de uma técnica impecável e por suas leituras raras e pessoais das canções.

Mas é ao ouví-la na canção de Joyce e Ana Terra, Essa Mulher, que sentimos a força e o quão esta cantora é especial e deve ser reverenciada constantemente por todos os ouvintes de boa música em nosso país, certamente é impensável não aplaudi-la de pé ao ouví-la mastigar as palavras da canção que nos diz assim :

... ser cantora, ser artista.
isso tudo é muito bom
e chora tanto de prazer e de agonia
de algum dia, qualquer dia
entender de ser feliz ...
mesmo que nos percebamos ao final da interpretação apenas a frente de nossa aparelhagem de som e não de um palco, onde esta estrela que se chama Alaíde Costa deve permanecer sempre.

CARTOLA E A VOZ DE LENY ANDRADE .





Em novembro de 2006 pela primeira vez assisti a um show de Leny Andrade em um novo espaço cultural na Cidade de São Paulo e acompanhada ao piano, por Gilson Peranzetta.

O espetáculo foi baseado em dois grandes discos da cantora os: Leny interpreta Cartola e Luz Negra - Nelson Cavaquinho por Leny, ambos da gravadora Velas e ainda encontrados com certa facilidade.

Leny Andrade é daquelas preciosidades que deve nos orgulhar sempre e muito, canta com perfeição e nunca se rendeu aos caprichos da indústria fonográfica, tem trânsito livre em todo o meio jazzistico americanos e é respeitada por todos os grandes cantores e compositores de nosso cancioneiro.

Quando ela se pões a interpretar esses dois mestres, é impossível que não nos emocionemos, é fantástica, cada interpretação nos remete aos universos únicos.

Agora nada é mais emocionante do que ouví-la contar a história do surgimento de cada uma das canções, torna-se impossível não termos a vontade de ouvir inúmeras vezes cada interpretação. Esses compositores negros e pobres dos anos dourados do cancioneiro popular viveram muito tempo de vossas vidas à margem.

Ao ouvi-la interpretar a canção do grande Cartola – O mundo é um moinho, acompanhada de um histórico sobre a criação da mesma, percebemos o quão atual este poeta maior é.

A canção narra uma conversa entre pai e filha adolescente que esta prestes a bater asas por causa de um primeiro e enlouquecedor amor, a construção desta conversa remete para o grande problema que todos os pais encontram quando se deparam com estas situações em suas casas, sejam elas de classe média, sejam elas na população mais desprovida de condições.

Vale a pena apreciar a bela letra desta canção, mas com a condição de ouvi-la a seguir e de preferência na voz de Leny Andrade.

O mundo é um moinho
Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida, já anuncias a hora da partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Presta atenção querida, embora eu saiba que estás resolvida, em cada esquina cai um pouco a tua vida, em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem amor, preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões à pó.
Presta atenção querida, de cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares estás a beira do abismo, abismo que cavaste com teus pés.
Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida, já anuncias a hora de partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Presta atenção querida, embora eu saiba que estás resolvida, em cada esquina cai um pouco a tua vida, e em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça me bem amor, presta atenção o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões a pó.
Presta atenção querida, de cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares estás a beira do abismo, abismo que cavaste com teus pés.