segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

UMA NOITE EM 1967 PELA TELINHA DA ANTIGA TV RECORD.








É muito interessante e feliz observar que há alguns anos nosso país começa a se preocupar com a memória cultural/musical, e a prova disto é a quantidade de documentários sobre nomes e momentos importantes de nossa cultura que tem sido exibido em festivais de cinema pais a fora e veem ganhando uma constância saudavel nos lançamentos em DVD.

Este é o caso do excelente documentário lançado pela Vídeo Filmes sob a direção de Renato Terra e Ricardo Calil: “Uma Noite em 67”, que reconstroi com precisão o maior acontecimento do ano de 1967 que foi o III Festival da MPB da TV Record de São Paulo transmitido ao vivo de um belo Teatro que ainda existe na região central da cidade de São Paulo.

Vários foram os festivais de MPB que a TV Record patrocinou e transmitiu para o Brasil, mas este, em especial, ganhou importância impar ao longo de nossa história devido a qualidade das canções que participaram deste certame música, para ficar apenas em três basta citar obras primas de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil respectivamente, “Roda Viva”, “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”.

Permeando os números músicais em preto e branco que carregam além dos sons da época, sabores únicos como as manifestações da platéia, as roupas usadas, os cenários, os juris, enfim, um conjunto que nos faz remontar um periodo de nossa recente história de maneira muito rara. É possivel as novas gerações compreender este periodo de nossa história, porque é quase que possivel também tocar com as mãos este tempo ao assistir o documentário.

Os depoimentos dos compositores, interpretes e jurados acrescentam pouco a estas imagens que tem a inacreditavel capacidade de falar por si só. Os extras trazem numeros músicas belissimos com Nana Caymmi e Elis Regina defendendo canções de seu namorado, no caso de Nana e do clã da familia Caymmi no caso de Elis, alias do depoimento de Dori Caymmi autor do comentário é bem corajoso por tratar-se de uma leve critica a Diva primeira de nossa MPB, Elis Regina.

Enfim é muito bom perceber que nossa cultura está sendo tão bem cuidada, e que venham outras tantas noites importantes para nossa mémoria.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

sábado, 25 de dezembro de 2010

A BELA HERANÇA DE DIOGO NOGUEIRA.











Por certo tempo, fiquei um pouco afastado do trabalho do cantor e composito Diogo Nogueira, e achei um exagero a super exposição que viveu quando foi contratado por um grande gravadora. Tudo isso por ser fã inconsdiscional de seu pai o grande João Nogueira e me ressentir até hoje de sua ausencia no cenário musical brasileiro.

Quando uma pequena confusão chegou a imprenssa sobre uma canção de Chico Buarque e Ivan Lins que teria sido dada a cantora Simone por Ivan e que Chico teria preferido entregar a Diogo fiquei ainda mais desconfiado, mas enfim...

Ao parar para assistir ao DVD “Sou Eu... Ao Vivo” de Diogo Nogueira lançado pela gravadora EMI terminei convencido do talento e da bela herança que João Nogueira deixou e que Diogo cuida com esmero e carinho. Terminei de assistir ao DVD e tornei-me fã deste belo cantor, desde o aparecido de Maria Rita, filha e herdeira de Elis Regina, nenhum outro jovem talento me sensibilizou tanto.

Sabia a escolha do repertorio de Diogo Nogueira, misturando velhos classicos de nossa música popular e composições de jovens poetas tudo embelezado por belos cenários e por belas coreografias, espetaculo digno de um cantor tão bom quanto o é Diogo Nogueira. Investir neste tipo de talento é muito raro hoje em dia mas me parece que as “major” grandes gravadoras tem pretado atenção nisto vide o cuidado com a carreira de Maria Gadú.

Diogo Nogueira conta com a participação luxuosa em seu show de Alcione, Hamilton de Olanda, a turma de Carlinos de Jesus e ninguem menos do que Ivan Lins e Chico Buarque ao vivo o que é extremamente raro de se ver.

Penso que João Nogueira lá em cima ao lado de Vinicius de Moraes, Noel Rosa, Clara Nunes, Tom Jobim e tantos outros deve estar muito feliz, e deve sentir-se todo ‘pimpão’ quando vê que mais uma estrela brilha no cenário músical do Brasil e esta feita por ele!!





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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O AMOR, A FESTA E A DEVOÇÃO DE MARIA BETHÂNIA.





Aos suditos cabem venerar a Rainha e nesta altura do reinado para lá de 40 anos é praticamente impossivel tecer algum comentário que possa macular o trabalho dos ultimos anos da abelha rainha Maria Bethânia, desde o cd e dvd “Brasileirinho” que Maria Bethânia vem mostrando para todo o mundo seus amores, suas festas e suas devoções, um marco na carreira da cantora que tem se perpetuado a cada trabalho que ela lança.

Aos poucos chegou a todos os apreciadores da música brasileira através da gravadora Biscoito Fino (desta vez também em blu-ray) o ultimo trabalho de Maria Bethânia chamado “Amor, Festa e Devoção”, registro primorozo do ultimo show e tournee da cantora, com esmero de sempre e direção cênica acertada de Bia Lessa.

Momento especia eu destaco a interpretação da canção do portugues Pedro Abrunhosa – ‘Balada da Gisberta’ feita pelo compositor/poeta em homenagem ao transexxual brasileiro morto em Portugal numa demostração de que a intolerancia e o desrespeito às liberdades individuais não são privilégios de nosso Brasil. A carga dramatica na interpretação nos leva a refletir sobre os inumeros casos diários de violência que seifam vidas intermitentemente.

O cenário e o palco tomados por rosas vermelhas que adornam toda a apresentação da Abelha Rainha dão um riquinte e uma pompa poucas vezes vistas em outros cantores (as) da MPB, mas nada que surpreenda quem já acompanha o trabalho desta interprete das palavras que faz nossas vidas menos amargas e duras há tanto tempo.

Maria Bethânia deixa seu publico sempre em sintonia com seus amores, suas festas e suas devoções e este registro que ao ser projetado tomam todos os comodos das casas dos suditos preenchendo as com tons vermelhos traz ainda um emocionante documentário onde Bethânia aparece cantando linda cercada pela familia na Basilica de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo, eis ai a Rainha mostrando mais uma de suas devoções.

Abençoada um país que tem uma Rainha cantora.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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ÁUREA MARTINS E AS JUDIARIAS DAS CANÇÕES DE HERMINIO BELLO DE CARVALHO.














Quarenta anos de carreira e pouquissimos registros em LP ou CD mostram o quanto o mercado fonografico brasileiro tem sido injusto com os talentos impares que nosso país possue em seus mais diferentes e longincuos cantos e reconcavos. Falo sobre Áurea Martins que agora toma toda minha casa ao cantar em meu player e assim tornando-a mais bonita.

A voz de Áurea Martins me traz sempre um misto de paz e melancolia que embreaga minha alma e me absorve transportando-me para o universo dos poetas que, luxuosamente, ela escolhe para interpretar, desta vez são só canções do mais belo dos belos poetas vivos de nossa MPB ninguém menos que Hermínio Bello de Carvalho.

A gravadora Biscoito Fino retomando sua vocação principal de dar vez e voz colocando no mercado os talentos esquecidos pela grande mídia, coloca a nossa disposição o CD de Áurea Martins intitulado “De Ponta Cabeça” obra prima merecedora de muitos, mas muitos aplausos e que todos estejam em pé para essa merecida aclamação.

Estão neste trabalho os classicos do compositor, alguns que já estão no inconsciente coletivo de todo o povo brasileiro como “pressentimento”, “cobras e lagartos” e “via crucis”, canções de uma beleza única e que foram imortalizadas nas vozes de outros tantos interpretes e ganham vida nova e definitiva na voz crua de Áurea Martins.

Que me perdoem os outros interpretes das canções de Herminio Bello de Carvalho, mas ouvir na voz de Áurea Martins versos como “... unca mais vai beber minahs lágrimas, não vai não / me fazer de gato e sapato, não vai mesmo não...” é coisa para os deuses do Olimpo, que deveriam estar de joelhos venerando esta dama da canção quando de suas interpretações para este CD gravado de forma explendia e cheia de inspiração.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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GRANDES NOMES – ABELIM MARIA DA CUNHA... SALVE ANGELA MARIA.



O Brasil talvez seja o único país no mundo que deve se orgulhar da enorme quantidade de cantoras que possue, mas certamente qualquer outro país não só se orgulharia como veneraria eternamente a cantora que certa vez ganhou o apelido de “sapoti” - fruta tipica do interior do Brasil - e que possue a mais bela voz entre todas as outras cantoras que já estiveram e estão entre nos.

Angela Maria, cantora singular no cenário musical nacional há mais de 50 anos há muito ocupa o primeiro lugar entre as mais importantes interpretes vivas de nossa canção. Seu inicio de carreira foi assumidamente construído a partir da imitação de Dalva de Olivieira, outra cantora que fez e faz nosso Brasil orgulhar-se.
Angela Maria que começou imitando Dalva de Oliveira foi imitada no inicio de carreira por ninguém menos que Elis Regina que enquanto esteve viva não deixou de prestar inumeras homenagens à Diva da cor do “sapoti”. Sempre que podia Elis Regina fala sobre Angela Maria e cantava seus sucessos, o que só fez aumentar o respeito por esta maravilhosa cantora.

Aos poucos nosso imenso país vai perdendo a fama de ser um país sem memoria, certo que ainda é muito lento este processo da recuperação da memoria cultural nacional, mas ele existe e vem consquistando um filão importante do mercado fonográfico, e a prova maior é o lançamento recente da Globo Marcas de mais um DVD da série Grandes Nomes da Rede Globo, desta vez o especial feito por ninguém menos que ela a nossa sapoti: Angela Maria.

O Especial que foi ao ar no inicio da decada de 80 fez parte de uma série de programas que trazia no titulo o nome verdadeiro do cantor (a), este programa que teve Angela Maria como centro trouxe numeros musicais com os maiores sucessos da cantora até à epoca e participações para lá de especiais de João Bosco e, pasmem, da cantora Angela Ro Ro em numero para lá de inusitado. Para terem idéia desta participação Angela Maria chega a perguntar a Ro Ro porque que ela uma moça tão bonita não tinha namorado.

Brincadeira a parte o DVD é um marco histórico e deve estar entre os de destaque em qualquer coleção de MPB pois ver e ouvir Angela Maria em um momento tão doce de sua vida é um privilégio para todos aqueles que cultuam a memoria musical de nosso Brasil.




Paulo Gonçalo dos Santo
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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O DIVERTIDO CABARET DE REGINALDO ROSSI












Confesso que fui levado até ao DVD colocado no mercado musical pela EMI do cantor Reginaldo Rossi intitulado “Cabaret do Rossi” porque soube que entre as canções do reportorio do cantor estava a canção “I will survive” atiçado por esta informação trouxe para casa o DVD.

Grata foi a surpresa ao assisti-lo até o fim. Adimiro profundamente todos aqueles que conseguem rir de suas mazelas e tragédias, acho que assim a dor fica menos dificil e a superação se torna masi tranquila, e descobri que Reginaldo Rossi é assim: ele mesmo; não se leva a sério e ri de si a todo o momento neste show que é deveras alegre.

Assumindo como idolo numero um do publico chamado de brega ele monta seu show num pequeno cabaret de tons forte e cercado por belas moças que fazem coreografias em algumas canções que nos remetem as “chacretes”. Com pequena plateia, formada certamente por fãs incondicionais, o show evolui descontraidamente.

De maneira despudorada ele regrava hit do duo de Marisa Monte e Arnaldo Antunes “Amor I Love You” parceria com Carlinhos Brown nos mostrando com as canções chegam até o povo, afinal a canção de Marisa Monte foi sucesso estrondoso chegando em seu lançamento a todo o povo brasileiro, do morro aos condominos fechados, e Reginaldo Rossi recicla a canção e mostra como ela chegou ao seu publico.

O número musical que me fez trazer para casa o DVD – “I Will Survive” é hilário, impossivel não rir, mas a interpretação é boa e como sempre acontece quem ouve a canção canta junto, embora revestido de alguns ares homofobicos p que é uma contradição visto que a canção é um hino da comunidade gay mundial. Vale a diversão.
Reginaldo Rossi que apareceu no cenário musical nos idos da Joven Guarda certamente deve ser o Rei de um publico que não tem vergonha de ser e viver da maneira que quer e é.





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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ELIEZER SETTON A VOZ QUE REDESCOBRE O BRASIL











Os brasileiros de minha geração aprenderam de maneira sofrida que cantar os símbolos de nosso Brasil era algo extremamente ligado ao ufanismo propagado pelos defensores do período mais triste de nossa história recente que perdurou 30 anos e nos deixou sob o comando dos militares e sob inúmeras proibições e perseguições.

Para nós é impossível não lembrar este período onde gênios de nossa música como Caetano Veloso e Gilberto Gil foram expulsos do país e que Chico Buarque buscou voluntariamente o exílio, e fizemos muita pirraça na praça e depois de três décadas retomamos o caminho da liberdade.

Desde então tem sido difícil reincorporar o prazer por ouvir nossos hinos, admirar nosso escudo, nossas cores e vimos aos poucos rompendo (não sem dor) com este sentimento que nos afastou de nossos símbolos nacionais. Um primeiro movimento tem sido desde a redemocratização do Brasil e a incorporação das palmas ao final dos cantos coletivos do hino nacional. Isso nos parece uma forma de desforra.

Mas ao chegar aos ouvidos o doce trabalho de um cantor, ou melhor, de um menestrel do nordeste brasileiro chamado Eliezer Setton no formato CD chamado “Hinos à Paisana”, feito sob apoio do SESC Alagoas, algo brotou dentro do peito e tornou-se impossível ouvir este cd repleto de nossos hinos ufanistas sem nos emocionar e acompanhá-los a plenos pulmões.

Eliezzer Setton dá cor, brilho e devolve-nos a alegria de sermos brasileiros e podermos desfrutar de tantos belos hinos. Os ritmos que ele agrega aos hinos são os nossos mais queridos por toda nossa gente, sua voz forte de homem nordestinos nos toca a alma e faz com que passemos a redescobrir o amor que temos pelo Brasil.

Salve este menestrel das alagoas que redescobre o Brasil e arrasta atrás de seu canto uma multidão louca de vontade de gritar bem alta para o mundo todo ouvir o quanto amamos nosso Brasil.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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