quarta-feira, 15 de abril de 2009

AMIGO É CASA – DUAS ALMAS (SI E ZD)!


Simone (a Cigarra) e Zélia Duncan (a ZD) uniram suas belas vozes para presentear ao público, que anda ávido por ouvir música boa e de qualidade e gravaram ao vivo no Auditório Ibirapuera em São Paulo o importante CD/DVD “Amigo é Casa”.

Percebe-se que a concepção do projeto foi rebuscada e muita pesquisa se fez para que as duas cantoras pudessem chegar à escolha das 26 canções que compõem o DVD. Já o CD contem menos canções. As cantoras cantam juntas as canções o que torna o CD ainda mais interessante. De fato as duas vozes se complementam.

Bia Paes Leme, diretora musical do espetáculo, revela no making off do DVD o quanto a agradou a sonoridade das vozes das duas cantoras juntas. Também no making off podemos nos deliciar com um encontro entre Si e ZD mais Cristovão Bastos, Hermínio Bello de Carvalho e Bia Paes Leme, onde as cantoras falam sobre o titulo do trabalho e cantam a canção de Hermínio que faz uma ode a amizade como nunca feita no cenário musical brasileiro.

As cantoras têm apresentações solos e a maioria das canções é mesmo em DUO. Momento especialíssimo de Zélia Duncan solo é quando canta a canção de Luis Tati intitulada “A Companheira” tal canção comove do inicio ao fim e é impossível não visualizar as palavras cantadas por Zélia. Outro momento muito terno de Zélia Duncan solo é sua interpretação definitiva para a canção “Cuide-se Bem” de Guilherme Arantes.

Já Simone tem momentos de grande impacto e comoção em suas apresentações solo, a sintonia com a platéia fica evidente quando ela canta de Francis Hime e Geraldinho Carneiro a canção “Existe um céu” a canção é de tamanha leveza que é possível sentir a platéia sussurrando as frases junto aos movimentos da boca da cantora.

Simone revivendo o auge de seus sucesso inquestionável nos anos 70 revive com grandeza de estrela duas interpretações que são únicas em sua voz, “Diga lá Coração” do amigo pessoal da cantora Gonzaguinha e arrasa ao interpretar “Medo de Amar nº 2” de outra amiga querida da cantora: Sueli Costa, em parceria com Tite de Lemos.

Dos duos é impossível ouvir imóvel as canções “Gatas Extraordinárias” de Caetano Veloso e “Agito e Uso” de Angela Ro RO. De fato, arranjo e vocais são eletrizantes e nos faz morrer de vontade de reviver o tempo onde sair para dançar era programa alegre e agradável, sem as preocupações de hoje em dia.

As cantoras juntam suas Almas ao interpretarem canção de nome igual composta em épocas diferentes para cada uma delas numa deliciosa brincadeira musical.

Duas grandes cantoras... Uma amizade... E a casa construída aos poucos que se abre aos amigos! Linda casa!



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

MARIA RITA UMA LINDA TRAJETÓRIA!


2008 trouxe aos muitos fãs da cantora Maria Rita o esperado DVD com o registro do bem sucedido show “SAMBA MEU”, que se baseou em CD homônimo lançado no ano anterior.

Maria Rita, cada vez mais segura de si, dá um show de competência técnica nos palcos por onde levou seu show. Cabe ressaltar que a turnê de SAMBA MEU foi muito bem sucedida tornando a cantora ainda mais popular e aproximando-a muito de seus fãs mais antigos e de novos admiradores.

Ao assistirmos as imagens captadas com propriedade por Hugo Prata e sua equipe percebemos os cuidados que a cantora tem com a apresentação. Belíssima num “corpitcho” malhado e num figurino que o ressalta, Maria Rita arrasa nos modelos que usa e na marcação competente de palco que a projeta.

Sem duvida alguma, estamos mesmo diante de uma DIVA da canção brasileira, que com o amadurecer do trabalho vem se colocando no cenário musical de maneira única e decisiva.

O DVD trás a gravação na integra do espetáculo, inclusive o ato atrevido que levou-a a incluir no repertorio do show a canção “Não Deixe o Samba Morrer”, consagrada na voz de Alcione. Durante a interpretação desta canção confirmamos que realmente Maria Rita nasceu para cantar.

O repertorio do show baseia-se basicamente no repertorio do CD, mas inclui com destaque os sucessos anteriores de Maria Rita, destaque para o coro em “Encontro e Despedidas” e “A Festa” onde a cantora e a platéia em uníssono provam o quanto é delicioso cantar.
É importante prestar atenção ao belíssimo cenário que emoldura os números musicas de Maria Rita, de uma simplicidade comovente e que ao mesmo tempo nos coloca dentro da concepção do trabalho que a levou a entrar no universo do samba, com a desenvoltura das grandes damas, que um dia foram meninas, que alegremente cantavam ao subir os morros cariocas ajudando suas mães e sonhando com as participações em programas de calouros das rádios e TVs.

A trajetória de Maria Rita nos prova que a música é de fato seu dom! Vale mesmo assistir ao DVD – Samba Meu!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

CAZUZA, UMA PROVA DE AMOR!


Em 2008, a Som Livre presenteou os amantes da MPB com o lançamento em DVD do show “Uma Prova de Amor” exibido pela rede Globo de televisão nos anos 90, pouco antes da morte prematura do cantor e poeta Cazuza.

Para aqueles que, como eu, assistiram esse show pela TV com a mão no controle remoto do vídeo cassete, a alegria de poder rever tais imagens é imensa. Primeiro porque o poeta esta vivo, alias, mais vivo do que nunca. Suas canções ganham cada vez mais força. Segundo porque nunca num show de TV tanta gente importante da MPB esteve presente.

Era janeiro quando o especial foi ao ar pela Rede Globo, nele podemos ver algumas participações especiais gravadas tanto no show realizado no Teatro Fênix no Rio de Janeiro, quanto em depoimentos gravados em estúdios.

As interpretações dadas por cada convidado às canções de Cazuza tornaram-se únicas para as letras tão bem escritas por este poeta! É de arrepiar a interpretação de Sandra de Sá para a canção “Blue da Piedade”, assim como emociona e comove a interpretação de Simone para “Codinome Beija-Flor”, sem falar no canto que marcou toda a década de 90 na voz da até então imbatível Gal Costa – “Brasil”.

O duo com Gilberto Gil em “Um Trem para as estrelas” nos transporta para os cenários dos grandes filmes brasileiros da década de 70, a atmosfera do dueto é encantadora, assim como é transbordante de emoção a interpretação de Leila Pinheiro, Olivia Byington, Caetano Veloso e Gal Costa para a belíssima letra de “Todo o amor que houver nesta vida”.

A participação de Frejat, já líder do grupo Barão Vermelho, é fraterna e mostra carinho que existia entre os dois.

Ney Matogrosso dá depoimento entrecortado que revela um pouco do pensamento deste menino do Rio que na verdade nasceu para ser um menino do Brasil, o DVD trás ainda clipes e participações de Cazuzas em alguns programas musicais da Rede Globo, mas ele vale mesmo pela “prova de amor” que Cazuza deixou ao mundo!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

PIANO E VOZ UNEM: NÁ E ANDRÉ!


Em 2006, num teatro em São Paulo, a cantora Na Ozzetti e o músico André Mehmari eternizaram em CD e DVD a parceira musical, num dos registros que julgo atemporal.

A edição primorosa trás encartado CD e DVD em um requinte gráfico pouco visto ultimamente nos trabalhos tão descartáveis da industria fonográfica que anda perdida com a chegada (com força e a popularização) dos MP3s e Ipods.

André Mehmari é um dos maiores instrumentistas brasileiros nascido em Niterói mudou-se para São Paulo em 1995 e ganhou notoriedade e respeito entre todo o meio musical brasileiro.

Na Ozzetti, paulistana, conhecida desde os anos 80 por sua participação no excelente Grupo RUMO, que junto a Vanguarda Paulista trouxe um respiro a década do rock nacional, onde víamos pipocar bandas do Rio de Janeiro e Brasília que ocupavam quase todo o cenário musical da época.

Logo na abertura do DVD vemos a interpretação avassaladora da canção de Tom Jobim, consagrada na voz de Gal Costa, “ Suíte para Gabriela” onde Na mostra todas as técnicas e emoção de seu belo canto. A gravação de Gal Costa fica esquecida após ouvir a interpretação grandiosa de Na.

O repertorio é tão requintado quanto todos os cuidados gráficos e de gravação do trabalho, ouvimos uma emocionada interpretação de “Rosa” de Pixinguinha que arrepia e alegra a existência.

A canção de Chico Buarque feita para o filme do mesmo nome: “A Ostra e o Vento” é valorizada ao extremo por arranjos e interpretações da dupla e a coloca entre as grandes obras primas feita pelo compositor.

Do mesmo Chico Buarque, encontramos a canção “Sabiá”, dos anos 60, em linda e melancólica interpretação, assim como é também a interpretação da canção que consagrou Audrey Hepburne: “ Cry Me a River”, numa livre tradução que deixa evidente aos ouvintes e expectadores que Na Ozzetti é uma das maiores cantoras deste Brasil.

Destaque absoluto no CD é a interpretação e o arranjo criado para uma das obras primas do universo de Caetano Veloso: “ O Ciúme”, sendo impossível não chegar as lágrimas ouvindo tal canção, de inspiração única.

Fecha o trabalho a mundialmente conhecida canção de Tom Jobim: “Águas de Março”, impossível não pensarmos no fim dos verões e no inicio dos outonos que nos fazem perceber que a vida é um motor continuo e sobretudo que a vida é maravilhosa principalmente quando ouvimos Ná e André.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

RC E CAÊ NA MÚSICA DE TOM!


A grande idéia musical de 2008 foi o convite feito a Roberto Carlos e Caetano Veloso para homenagear o cantor e compositor Antonio Brasileiro de Almeida Jobim, o que seria apenas um show comemorativo ganhou versão em CD e DVD.

Para os fãs de Roberto Carlos a oportunidade de ver o rei mais leve e menos denso, e para os fãs de Caetano Veloso que desde sua gravação de “Eu sei que vou te amar” de Tom Jobim aguardam o dia que Caê faça Cd dedicado totalmente a Tom Jobim, a chance de ouvi-lo dentro dele.

A iluminação do show é a mesma usada anualmente nos show de Roberto Carlos para a rede Globo, muito azul, muito branco, sempre aquela impressão que estamos no CEU cheio de nuvens ao redor, mas isto não torna menos atraente o DVD nem o CD que registra este encontro.

Como a maioria dos Duos os cantores dividem as interpretações das canções, mas não em uníssono, cantam como duplas convencionais, cada um cantando uma parte da letra, o que deixa curioso o expectador que se prende a mudança das vozes. Poderiam ter tentado algumas interpretações em uníssonos mas não quiseram arriscar.

Caetano Veloso parece um tanto intimidado frente ao rei, nada de posturas arrogantes. Na verdade percebemos nitidamente que Caê se comporta com um súdito do Rei, e é assim que o show segue até o fim.

Convidam o neto de Tom Jobim, Daniel Jobim para bela homenagem ao avô no piano que certamente comove quem vê e ouvi.

Algumas canções foram arranjadas por Jacques Morelenbaum para interpretação solo de Caetano Veloso o que torna esses momentos únicos e sem sombra de duvida os melhores momentos do DVD, até porque Caê escolheu para estes números canções consideradas “lado B” de Tom e os arranjos de Jacques Morelenbaum valorizam estas canções.

Roberto Carlos aproveita seu vasto arquivo de participações especiais e cantarola a canção “Ligia” com o próprio Tom Jobim em imagem dos anos 70 retiradas dos arquivos da Rede Globo, momento que emociona e trás uma enorme saudade de Tom.

Certamente Tom Jobim gostaria de tal idéia, mas penso que após assistir ao encontro comentaria com os próximos, faltou Chico Buarque, Milton Nascimento, entre outros amigos! Saudades do Tom!



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva