sábado, 27 de março de 2010

A PLENA MUSICALIDADE DOS “MOVEIS COLONIAS DE ACAJU”.



Ao longo destes mais de quarenta anos de vida, e muito mais de trinta me dedicando a ouvir quase tudo e todos sobre MPB, determinei para mim que existem alguns tipos de música: músicas que falam ao coração e permitem viagens amorosas ao ouvi-las, música que sintetizam todas nossas reinvidicações sociais e estimulam a luta, músicas que fazem com esqueçamos de tudo e só pensemos em balançar o corpo no ritmo que estamos a ouvir...

E existe aquele tipo de música que quando ouvimos nos tomam por completo, absorvendo-nos de maneira a que façamos um mergulho único naquela sonoridade que ouvimos. A música do grupo Moveis Coloniais de Acaju é assim para mim.

Diante de seu álbum lançado em 2009, pela Trama Virtual, me deleito do começo ao fim, primeiro pela composição coletiva das canções que trazem letras completamente urbanas; segundo que todas as canções do CD foram escritas coletivamente pelo grupo. A criação coletiva, num mundo tão individualizado, como o nosso deve ser saudado carinhosamente por todos nos.

Trata-se de uma banda contemporânea inclusive na maneira de difundir seu trabalho. Tudo que produziram em matéria de musica esta disponível legalmente para download, e como a proposta é de boa musica, deparamos com a possibilidade única do mergulho completo na produção musical de qualidade.

Torna-se impossível não cantar junto com os “Moveis Colônias de Acaju” canções como esta que diz “... A gente se deu tão bem / Que o tempo sentiu inveja / Ele ficou zangado e decidiu / Que era melhor ser mais veloz e passar / rápido pra mim / Parece que até jantei / Com toda a família e sei / Que seu avô gosta de discutir / Que sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer / O tempo engatinhar / Do jeito que eu sempre quis / Se não for devagar / Que ao menos seja eterno assim...”

Irresistivelmente belo.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

domingo, 21 de março de 2010

SELMA REIS E A HOMENAGEM AO POETA PAULO CESAR PINHEIRO.



É difícil separar em nossa memória afetivo-musical as interpretações consagradas para canções do poeta Paulo Cesar Pinheiro, que vai de Clara Nunes, Simone a Elis Regina, mas este é um exercício necessário para que possamos saudar com todos os louvores que merece o CD “ A Minha Homenagem ao Poeta da Voz” lançado recentemente.

A homenagem prestada pela cantora Selma Reis é para lá de merecida. Paulo César Pinheiro é sem duvida um dos maiores poetas vivo de nossa literatura musical. Eu tenho sempre a impressão que após a partida repentina de sua maior interprete (e esposa) Clara Nunes ele foi deixado um pouco de lado.

Selma Reis, cantora surgida no cenário musical nos anos 80, é dona de uma voz poderosa e vem ao longo dos anos mostrando sua versatilidade quanto ao repertorio e se mostrando um atriz talentosa, vide seus trabalhos na TV e alguns de seus discos antológicos como o gravado em Cuba, que hoje tornou-se item de colecionador.

A cantora mostrou enorme coragem ao garimpar as composições de Paulo César e escolher justamente as de maior repercussão e absolutamente consagrada entre os devotos de nossa musica popular brasileira, e o fez de cabeça totalmente erguida.

Venho aprendendo com o passar dos anos que não existe interpretação definitiva para canções, toda e qualquer interpretação de uma obra musical esta situada num contexto e este contexto que pode ser sócio, econômico, cultural e até sexual é que dá o norte para que nossos ouvidos apaixonem-se ou não pela voz que está re-cantando o que o ouvido já habituou-se a gostar.

A voz deliciosamente colocada em cada canção do Poeta torna sua obra ainda mais importante, afinal qual compositor, fora Paulo César Pinheiro, tem o privilégio da criação de clássico nas vozes da maiores DIVAS de nossa MPB?

Ele entronizou definitivamente Clara Nunes no posto de maior cantora de sua época.

Estão presente no belo CD que é item obrigatório em todas as vidas que amam a música brasileira: “Banho de Manjericão’, “Força da Natureza”, “Cicatrizes”, “Passatempo”, “Bolero de Satã”, “Cordilheiras,’ “To Voltando”, “Viagem”, “Velho Arvoredo” e as belas participações de Diogo Nogueira e Beth Carvalho.

Salve o Poeta e a Voz do Poeta neste século XXI.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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NEY MATOGROSSO: O “TIPO” PREFERIDO DO BRASIL.



* Item de Colecionador*

O ano era 1979 (final de década) e o cantor Ney Matogrosso mostrava ao Brasil com o LP “Seu Tipo” o que ele faria nos palcos e discos na década que estava dando sinais de um nascimento precoce.

O Titulo do LP foi retirado da canção do mesmo nome composta por Luis Goes e Eduardo Dusek que diz assim “ ... me diz que sou seu tipo / me diz amor que eu acredito ... e mais adiante ... a barra anda pesada/ não quero anda/ só uma confirmação ...” era o amor rasgado que tomaria conta de várias canções que marcaram a década de 80.

A segunda canção deste trabalho é uma “cacetada”, nos melhores moldes das canções de “Fossa” de Maysa e Waleska: “Dor Medonha” canção inspirada da então jovem compositora carioca Fatima Guedes arrancava lágrimas com os versos que falam assim “ ...triste do amor que acaba/ do jeito que o nosso acabou / triste do amor que termina com o mesmo mal-estar / e deixa no rosto uma saudade sem vergonha ...”

E daí em diante as canções vão num crescente, após separações doídas eis o ser humano se recuperando e voltando a procurar o amor pelo mundo, esta é a tônica de todo este trabalho que se tornou “Cult” dentro da bela trajetória discográfica de Ney Matogrosso.

Em ordem aparecem no LP “Seu Tipo” as canções: “Ultimo Drama” (Mauro Kwiko), “Ardente” (Joyce), “Encantado” versão primoroso de Caetano Veloso que diz assim “... era um rapaz/ estranho e encantador rapaz/ ouvi que andará a viajar...” a própria tradução do era e é Ney Matogrosso para o imaginário musical e afetivo de nosso povo.

Um clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes esta presente “Falando de Amor”, e a atualíssima para época composição de Alberto Ribeiro “Cachorro Vira-lata”, as compositoras e amigas de Ney, Luli e Lucina contribuíram com a canção “Me Rói”... Já cansei de mentir só por causa do tom ... dizem os versos da canção.

Encerrando este trabalho primoroso encontramos “Trapaça”, composição de Herman Torres e Salgado Maranhão e o clássico do grupo Secos e Molhados que desvelou Ney Matogrosso para o cenário musical “Tem Gente com Fome” de João Ricardo e o poeta Solano Trindade e como diz a canção que encerra este disco “...tem gente com fome / tem gente com fome / tem gente com fome ...” e a já então consagrada “Rosa de Hiroshima” de Gerson Conrad e Vinicius de Moraes em versão arrepiante que tornou definitivamente Ney Matogrosso nosso “TIPO” predileto.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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O MAIOR “ESCÂNDALO” DE ANGELA RO RO.



* Item de Colecionador *

Angela Ro Ro lançou em 1981 um LP intitulado “Escândalo”, titulo de uma canção que lhe fora presenteada por ninguém menos que Caetano Veloso, e que retratava um momento difícil na vida da cantora.

Neste período Ângela Ro Ro tinha como parceira nas composições Naila Skorpio, um ícone do underground carioca e trouxe ao trabalho ares extremamente contemporâneos sem obviamente afastar Angela da “fossa”, na qual tornou-se herdeira não só pelo par de olhos que a assemelha até hoje a grande Maysa, mas muito mais pela alma sofridas que suas canções expõem.

Um dos exemplos do quanto a parceria com Naila Skorpio tornou-as uma dupla “Cult” entre os amantes da boa musica são os versos da canção “Vou lá no Fundo” que diz assim” ...vou lá no fundo/ sou vagabundo/ meu preço é caro / mas vêm que eu te encaro ...”

E a que se perpetuou pelo tempo afora foi a composição da dupla intitulada “Mistério” que diz assim “ ... que mistério é esse/ que você tem/ que quando você sofre/ eu não passo bem ...”

Embora a canção que dá titulo ao LP de 1981 tenha sido a que de fato tocou nas rádios e que sequenciadamente tem sido regravadas por outras grandes cantoras da MPB, como Fafá de Belém e Simone, “Escândalo”, composta por Caetano Veloso, traz versos que tocam em feriadas abertas pelo amor que se foi “ ...eu marquei demais, to sabendo/ aprontei demais, só vendo/ mas agora faz frio aqui ...” Outras canções que se firmaram no repertorio já quase “eterno” de Angela são: “Perdoai-os Pai”, “Came e Case” e “Tão Beata, tão à Toa” só faz reafirmar a veia poética que vive dentro desta que talvez seja a cantora e compositora da MPB que mais tenha se despido publicamente, voluntária e involuntariamente, e trás marcas na alma por isso.

Mas da “saudável” parceria com Naila Skorpio temos “Perco o Rumo” que invade deliciosamente os ouvidos com seus versos que dizem assim “... Hum! Eu fico rouca/ tiro a roupa. Me aqueço/ não te esqueço, e adormeço / pra sonhar de ter você...”

Na reedição preparada por Marcelo Froes, em 2002, pude contribuir enviando-lhe o encarte original do LP que permitiu a replica perfeita para o CD e Marcelo Froes, gentilmente nos agradecimentos, citou meu nome.

Uma alegria só! Eis uma verdadeira obra “Cult” em nosso cancioneiro popular.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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sábado, 20 de março de 2010

A CANTORA SIMONE COMPLETA 37 ANOS DE CARREIRA.



Um verdadeiro orgulho nacional, a cantora Simone comemora hoje, dia 20 de março de 2010, 37 anos de carreira, e o BLOG: "CAFÉ SIMONE PEDAÇOS", http://simonepedacos.multiply.com/ faz uma belissima homenagem que reproduzimos aqui.

Como todo grande artista se perpetua através da juventude que surge há cada década, eis um sucesso de Simone, muito tocado hoje em Ibiza e em toda a europa.

Não deixem de visitar sempre este BLOG "Café Simone - Pedaços" que homenageia Simone.

Parabéns a CIGARRA mais linda da MPB.

Paulo Gonçalo
Historiador/Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br





quarta-feira, 17 de março de 2010

HÁ 18 ANOS SURGIA O CANTOR EDSON CORDEIRO.



* Item de Colecionador*

O ano era 1992 na gravadora Columbia e eis que ouço a canção de Chico Buarque “Baioque” que diz assim: “... Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão / O meu canto, punhalada, não conhece o perdão / Quando eu rio / Quando eu rio, rio seco como é seco o sertão / Meu sorriso é uma fenda escavada no chão / Quando eu choro / Quando eu choro é uma enchente surpreendendo o verão / É o inverno, de repente, inundando o sertão / Quando eu amo / Quando eu amo, eu devoro todo meu coração / Eu odeio, eu adoro, numa mesma oração, quando eu canto / Mamy, não quero seguir definhando sol a sol / Me leva daqui, eu quero partir / equebrando rock'n roll / Nem quero saber como se dança o baião / Eu quero ligar, eu quero um lugar ..”. na voz de um homem que me seduziu desde a primeira audição.

Este homem se chama Edson Cordeiro. Na verdade, a primeira vez que vi e ouvi Edson Cordeiro foi numa aparição de doimingo à noite no programa Fantástico da Rede Globo, onde ele “duetava” com a também novata, e já idolo meu, Cassia Eller.Já no dia seguinte trazia pra casa seu primeiro trabalho. Esse clip do fantástico era do dueto que estava no Cd da canção dos Rolling stones “I can’t get no Satisfaction” que não deixava pedra sobre pedra literalmente.

Com uma voz que lembrava o canto de uma DIVA, Edson chegou forte e firme, disposto a ocupar seu lugar na MPB e foi arrastando uma grande quantidade de fãs cada vez que aparecia na grande midia.

O primeiro trabalho trouxe algumas arias de ópera, classicos do rock e da MPB servindo como um cartão de apresentação para a versatilidade vocal do cantor que, um dia, para sobreviver, cantou pelas ruas e avenidas de São Paulo logo que rompeu com a opressão que a fé (ele foi evangelhico) lhe impos por um periodo de sua vida.

Na verdade esse verdadeiro mix musical serviu mesmo para cacoalhar o Brasil e o cenário musical e deixou, sem duvida nenhuma, os anos 90 mais interessantes. Sabiamente Edson Cordeiro fecha o trabalho com uma belissima canção da dupla de compositores Sueli Costa e Abel Silva intitulada “Voz de Mulher”. Para os amantes da boa música popular, ficou claro a que veio este novo cantor e são nos versos mastigados da canção que diz “... Desde que nasci A voz da mulher / Me embala / Me alegra / Me faz chorar / Me arrepia os cabelos / Me faz dançar / Me cala ressentimentos / Me ensina a amar /Uma mulher cantando nas Antilhas / Uma voz de mulher / Nos rádios do Brasil /Minha mãe que cantava ..”. que Edson se tornou eterno aos nossos ouvidos.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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O “ALERTA GERAL” QUE ALCIONE DEU AO BRASIL EM 1978.



* Item de Colecionador *

Era final da década de 70 - precisamente 1978 - e ela cantava assim fechando seu LP intitulado “Alerta geral” “... Nada como um dia atrás do outro / Tenho essa virtude de esperar / Eu sou maneira, sou de trato, sou faceira / Mas sou flor que não se cheira...” ela é ninguém menos que a cantora Alcione.

Este Alerta Geral virou também um programa de muito sucesso as sextas feira na rede Globo de Televisão, época emq ue mais de 90% dos televisores do brasil sintonizavam o canal, ditando assim o que deveria ser ouvido no Brasil.

Não fosse Alcione uma cantora negra vinda do nordeste brasileiro e com carreira feita na noite paulista e carioca, teria possivelmente passado despercebida no cenário do que há de melhor na canção popular brasileira, mas Alcione é uma das mairoes cantoras deste nosso pais, e consolidou isto com este impecavel album.

Alcione conhecida pelo apelido carinhoso de “Marrom” produziu um dos mairoes classicos da musica popular neste ano, juntou composições de Gilberto Gil, Candeia, Roberto Correa, Sergio Ricardo, João do Vale e outros que lhe entregaram verdadeiras perolas que ela entregou a um publico avido de musica e qualidade.

Entre tantas letras que tornaram-se classicos no decorrer destes mais de 30 anos a composição de Gilberto Gil ganha especial atenção pois retrata fielmente o que a cantora era naquele momento, honesto como sempre foi em suas composições Gil nos apresentava a Marrom através de sua propria voz dizendo assim: “... Vê, por aquela janela / Entre a sola e o salto do sapato alto dela / Vê, por ali pelo vão / Entre a sola, o salto do sapato alto dela e o chão Vê, / Como existe um abrigo / Entre a sola e o salto do sapado alto / Contra o perigo / Do orgulho, da ilusão / Basta um centímetro prum grande coração No espaço ali embaixo / Entre a sola e o salto existe a imensidão ...”

É nesta preciosidade que está registrado o que alguns consideram o maior sucesso de Alcione, a canção feita por Chico Silva e Antonio José chamada: “Sufoco”, no melhor estilo Maysa, a Marrom conquistou todos os corações que já sofreram por amor um dia, muito mais proximo do povo simples brasileiro a marrom abriu ali morada eterna em todas as casas simples deste nosso pais que adora sofrer por amor.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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quinta-feira, 11 de março de 2010

É FACIL SE TORNAR DEVOTO DA CANTORA LUIZA DIONIZIO



A gravadora Universal Music colocou no mercado fonográfico brasileiro o CD “Devoção” da cantora carioca nascida no bairro de Penha Luiza Dionizio, e ao terminar a audição deste trabalho que nos faz sentir orgulho de viver em um país musical como o Brasil, fica impossível não se tornar um devoto (fã) da cantora.

Luiza Dionizio tem uma força na voz digna das veteranas Dona Yvone Lara e da experiente Martinália, mas não parece forçar a aproximação com nenhuma delas. Tem sim um timbre todo próprio e sua voz traz a marca da garra de quem nasceu mesmo é para cantar, e é quase impossível não imaginá-la no cenário das estrelas consagradas de nossa música brasileira daqui há uns belos pares de anos.

O CD, além das belas canções antigas e novas feitas especialmente para a cantora, tem um requinte na produção gráfica que usa e abusa com extremo bom gosto dos tons de amarelos, emoldurando as belas fotos que apresentam a cantora ao grande publico, pois o seleto público que freqüenta a noite carioca do bairro da Lapa já a conhece há tempos.

O CD tem direção artística de Paulão Sete Cordas e de Fátima Guedes, grande compositora que esta sempre atenta às belas vozes da musica brasileira e por tratar se de uma de nossas maiores compositoras, e conta também com a participação especial de Carlos Malta e da Velha Guarda do Império Serrano escola do coração da cantora.

E a canção “Velho Amigo” de Paulo Cesar Pinheiro e Luiz Carlos Maximo, resumem com perfeição o sentimento que fica em relação a esta cantora que nos chega serena e forte “ ... meu velho amigo já de tantos anos /meu grande irmão em todos os momentos/ teus cantos são tu sabes bem alentos ..."





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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PATRICIA TALEM E OS MUITOS SONS DO ESTRELATO MUSICAL



Chegou-me através de um querido amigo americano, James Gavin, o CD da cantora Patrícia Talem que trás no titulo o nome da cantora e foi produzido por Marco da Costa e Sandro Albert em 2009 e gravado em Los Angeles com algumas participações especiais de músicos que já tocaram inclusive com Phil Colins e James Taylor.

O CD trás também a participação luxuosa de Caçulinha, um dos maiores músicos brasileiros, e a seleção do repertorio é muito bem cuidada e mistura ícones da canção brasileira como: Chico Buarque e Rita Lee, chegando até Jairzinho Oliveira - músico de uma nova geração já assentada em nosso cenário musical nacional.

Ao ouvir Patrícia Talem logo somos remetidos as jovens cantoras Luiza Possi e Vanessa (ex- Camargo), não só pelo timbre de voz que assemelha-se muito ao das cantoras citadas, como a produção musical voltada para o universo pop que possibilita uma rápida assimilação dos sons ouvidos.

Por incrível que possa parecer é na canção levada em inglês que conseguimos sentir o real valor de Patrícia Talem. Aí está: “Never Give Up” que traz os versos”... Of foolish dreams / I’m done with these / Of childish things / I’ve set them free / Filed them away in the past / Gave up on all that don’t last / Save for just one thing .”

É muito bom percebermos a possibilidade do surgimento de uma grande cantora realmente internacional.

Patrícia Talem parece ser uma destas, mas o tempo e as escolhas que fará é que determinarão o que acontecerá a sua carreira.

Saudada pela imprensa internacional com muitos elogios, vale conferir o trabalho desta cantora e ficar na torcida para que estejamos mesmo diante do que poderá ser a primeira Diva de porte internacional do século XXI que podemos apreciar deste o surgimento.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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terça-feira, 2 de março de 2010

“THE VOICE” - GAL COSTA em “CARAS E BOCAS” de 1977.



* item de colecionador *

O LP/CD – “Caras e Bocas” lançado em 1977 pela cantora Gal Costa prenunciava a mega estrela que ela se tornaria nos anos 80 no cenário da música popular brasileira, sobretudo após a partida repentina da cantora Elis Regina. O disco lançado pela gravadora Philips, onde Gal Costa ficou durante muitos anos, foi produzido pelo músico Perinho Albuquerque e era aberto pela composição que deu nome ao trabalho, composta por ninguém menos que a dupla Caetano Veloso e Maria Bethânia.

Os versos que, dizem, ecoam estrondosos em todos os cantos encantados dos anos 70: “... quando conto um segredo / quando mostro algum medo ou mais / quando falo de amor ou desejo / minha boca se mostra macia, vermelha ...” Composições de Rita Lee, Jorge Bem, Lupicínio Rodrigues, Péricles Cavalcanti e uma versão feita por ninguém menos que Augusto de Campos compõem este que talvez seja o trabalho mais emblemático da carreira desta cantora, que podemos considerar “The Voice” do Brasil, numa paródia que faço ao titulo recebido por Frank Sinatra nos anos 50.

Uma obra prima de Caetano Veloso teve seu registro imortalizado na voz de Gal Costa neste trabalho. Falo da canção “Tigresa” obra prima do mestre bahiano que diz “... uma tigresa de unha negras e Iris cor de mel / uma mulher, uma beleza que me aconteceu, esfregando a pele de ouro marrom, do seu corpo contra o meu, me falou que o mal é bom e o bem cruel ...”

A tradução de Caetano Veloso para uma obra prima de Bob Dylan ganha força brutal na cristalina voz de Gal Costa, e torna-se quase impossível não obedecê-la ao ouvir sua voz entoar “... Vá, se mande, junte tudo que você puder levar / ande, tudo que parece seu, é bom que agora já ...”. Versos poderosos. E uma Marina Lima altiva que vem chegando ao cenário musical e entrega a Gal Costa a canção “Meu Doce Amor” que diz assim: “... eu sempre sei por onde vou / eu sempre quis tudo que fiz/ seja quem for / foi só porque eu fiz, eu quis ...” recentemente em entrevista equivocada a autora acabou por nos revelar o porque da canção.

Quem fecha este trabalho atemporal de Gal Costa é um dos maiores compositores de nossa música, Lupicínio Rodrigues, através de sua canção “Um Favor”, bela e melodiosa, nossos ouvidos se enchem de uma paz que só mesmo a voz de Gal Costa pode trazer.

Saudades deste tempo encantado, em que Gal Costa encheu de sons, cores e alegrias o mundo.





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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MILTON NASCIMENTO AO VIVO EM 1983 EM SAMPA. SIMPLISMENTE LINDO.



* item de colecionador*

Na década de 80 (século XX) foram inúmeras as vezes que me aprontei com o coração disparado desde o dia da compra dos ingressos para ir assistir alguns shows no Palácio das Convenções do Anhembi aqui em São Paulo. Época em que assistíamos aos grandes da MPB em teatros sem uma confusão de garçons e gente fazendo de tudo, menos prestando a atenção no cantor (a) no palco.

Foram inúmeros os momentos maravilhosos que lá passei, e um dos mais lindos aconteceu em 1983, quando fui assistir a Milton Nascimento. É preciso lembrar que estávamos a caminho do movimento das “Diretas Já’, queríamos votar pra presidente e tudo parecia conspirar contra, e Milton Nascimento era o compositor que maior sintonia tinha conosco, estudantes de todos os níveis que desejavam mudar o Brasil e o mundo.

A canção ‘Coração de Estudante’ já andava em nossas bocas, corações e mentes e era certeiro que ela estaria no show, pensamento correto e o show foi aberto com esta composição, na verdade, o show serviu para gravar um LP do Milton Nascimento para a Philips, sua gravadora. O Palácio das Convenções do Anhembi quase veio abaixo, quando a mais bela voz masculina do Brasil e quiçá do mundo entoou: “... quero falar de uma coisa / adivinha onde ela anda? ...” obviamente nossos corações gritavam e pela primeira vez na vida o inicio de um show me fez chorar copiosamente, isso só aconteceu uma outra vez quando assistindo a um show de Maria Bethânia ela altiva no topo de uma rampa abre o show em duo (virtual) com Nina Simone entoando os versos de uma canção de Caetano Veloso.

O repertorio do show/disco é irretocável e hoje é de fato um item de colecionador, um daqueles raros “discos ao vivo” que tem qualidade de fato e fica pra posteridade orgulhando o interprete pra sempre. Estavam no repertório as canções; “Nos Bailes da Vida”, o clássico de Dolores Duran, que na voz de Milton ganha força inigualável “ A Noite do Meu Bem”, a belíssima canção de Milton imortalizada na voz de Fafá de Belém: “Menestrel das Alagoas”, “Para Lennon e McCartney”, “Canção do Novo Mundo”, e tantas outras. Outra emoção - sentida poucas vezes - foi a participação surpresa para o publico de Gal Costa, maravilhoso e único momento, na canção “Solar”.

A voz cristalina de Gal aparece no fundo do cenário e vamos ao delírio na platéia “... Venho do sol a vida inteira no sol sou filha da terra e do sol...” quem viveu estas emoções dificilmente pode ser infeliz. E este monumental momento da MPB termina com a canção “Maria, Maria “ ... mas é preciso de força, ter garra sempre ... “. Eis um item que não deve faltar em nenhuma casa do povo da raça Brasil.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
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