domingo, 18 de outubro de 2009

CASUARINA.


A série MTV Apresenta trás ao grande publico o primeiro DVD do grupo carioca CASUARINA, registro feito na Fundição Progresso no Rio de Janeiro. Já estava na hora do grupo chegar ao DVD e ampliar seu numero de fãs que já não são poucos, mas que ainda se concentra na cidade onde nasceu: a Cidade Maravilhosa.

A qualidade e esmero com que o grupo trata suas apresentações são cativantes, desde seu primeiro trabalho em CD eles tocam aqui em casa, e confesso que me emocionei muito ao ouvir, tempos atrás, a gravação de “Laranja Madura” música de Ataulfo Alves muito cantarolada por meu pai nos longos e gostosos domingos de minha infância.

Se não fosse tão precioso ouvir e ver o grupo neste registro de um belíssimo show, que junta algumas das perolas gravadas em suas vozes, o time de convidados é único e motivo de toda a reverencia possível para os que amam a boa música feita neste país.

O primeiro a entrar é Paulinho Moska, convidado a entoar a canção “Cabelos Brancos” (Herivelton Martins e Marino Pinto) numa típica parceria comum nos Arcos de Lapa. O número é agradável e mostra o quanto Moska tem se tornado imprescindível no cenário da musica brasileira contemporânea.

Bem, o convidado seguinte é de encher a telinha da casa de gente de alegria por saber que este país tem este mestre em nossa MPB. Ninguém menos que Roberto Silva cantando a hilariante “Jornal da Morte” que diz mais ou menos assim “... Treslocada, semi-nua / Jogou-se do oitavo andar / Porque o noivo não comprava / Maconha pra ela fumar ...” imaginem isso na voz deste Mestre?! Único e Maravilhoso (com ‘M’ maiúsculo, mesmo).

O convidado seguinte pode parecer destoar um pouco de todo conceito criado e mantido pelo grupo, mas é feliz a participação do Barão Vermelho Frejat, que passeia tranquilo na canção de Adoniran Barbosa “Já Fui Uma Brasa” quem mais poderia por um tipo cantor de rock carioca para interpretar uma das mais paulistanas composições de Adoniran Barbosa? Só mesmo o CASUARINA.

O último convidado é para se assistir e ouvir com os olhos rasos d’ água: simplesmente Wilson Moreira que entoa sua grande obra prima em parceria com Nei Lopes, chamda: “Senhora Liberdade”. De fato, emoção que faz os corações gritarem junto as imagens a bela letra da canção que diz “... abre as asas sobre mim, Oh senhora liberdade ...” É só emoção!

Bem descrevi aqui apenas os momentos com os convidados, mais aí são só quatro canções e o DVD tras 23, portanto, deixo com vocês a alegria e o encanto de ver e ouvir em DVD CASUARINA da série MTV Apresenta.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

AS TAIS FRENÉTICAS
















Nos últimos anos muitos tem sido os lançamentos das editoras nacionais biografando a vida, trajetória e histórias de nossa música brasileira. Tivemos até um grande livro com a biografia do Rei, tirada de circulação (coisa feia), passando pela bela história do cantor de “Conceição” (Cauby Peixoto)e do autor de “Travessia” entre tantos bons livros.

Me pego sentado à poltrona de meu escritório, no inicio da primavera de 2009, agarrado na leitura da mais recente destas biografias e atrevo-me a dizer da mais deliciosa delas. Escrito por Sandra Pêra. Isto mesmo! Aquela que é a nossa eterna “Frenética” e intitulado “As Tais FRENÉTICAS – Eu Tenho Uma Louca Dentro de Mim” , da Ediouro, com 223 páginas de pura alegria.

Na primeira pessoa, como um diário de adolescente, Sandra Pêra atrai o leitor logo no inicio de seu livro quando podemos ler a apresentação feita por ninguém menos que o Dr. Dráuzio Varella (sim, o infectologista que vira e mexe aparece no Programa Fantástico, da rede Globo) em curiosa apresentação ele deixa-nos aguçado para o inicio da leitura.

Ler de fato é um prazer que deve ser adquirido pela vida a fora, sobretudo depois que deixamos as escolas e as leituras que os antigos professores nos obrigavam a fazer, e vamos passando a criar nosso próprio gosto e nossa própria coleção de livros, seja física ou mentalmente. Os livros tem cheiro, gosto, sabor, e este têm tudo isso, além de uma textura gostosa que atrai o tato.

O jeito faceiro com que Sandra Pêra vai nos contando a história da trajetória do mais famoso grupo vocal dos anos 70 em nosso Brasil é apaixonante. Na leitura descobrimos que Sandra, apesar de pertencer a uma família tradicional do teatro brasileiro, não tinha dinheiro e corria atrás de trabalho para poder sobreviver. Isso nos aproxima. Como se trata da irmã de uma das maiores divas do cinema, teatro e televisão brasileira, esta é uma revelação inicial que mostra o quão interessante se fará a leitura.

E as descobertas vão se acumulando. A leitura nos mostra que a cantora Simone foi e é grande amiga do grupo e das componentes dele até hoje, e ficamos a pensar nossa Simone, sempre tão densa de repertório voltado ou para o amor explicito ou para a reivindicação, tem ou teria semelhanças artísticas/vida com estas meninas??

Descobrimos que Ney Matogrosso foi grande amigo e parceiro de Sandra e as histórias que ela descreve envolvendo os dois são muito gostosas de ler, eram vizinhos de apartamento... Iimaginem só a delicia que não era ser morador deste prédio.

Bem, eis um livro que deve estar em todas as casas de quem ama a música brasileira. Nele as histórias são muitas: drogas, sucesso, separações e amores.

Que Sandra Pêra escreva mais e mais, pois tenho a impressão que o universo literário do Brasil acabou de ganhar uma Frenética escritora. Cuide –se Paulo Coelho!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

A ERA ILUMINADA DA MÚSICA INFANTIL BRASILEIRA.
















Em outubro de 2008 a Rede SESC de Televisão, reuniu em São Paulo - mais precisamente no SESC Fábrica no bairro da Pompéia - os cantores (as), Luisa Possi, Na Ozzetti, Marcelo Pretto e Toni Garrido. Sob o comando de Mario Manga a trupe de convidados entoaram canções de sucesso popular dedicadas ao publico infantil desde os anos 60.

Na ocasião não soube do show e nem percebi sua passagem pelo canal SESC de televisão, mas agora em outubro de 2009 numa grata reapresentação no ultimo dia 12 de outubro, pude curtir 1 hora e pouco passar de forma prazerosa, me permitindo o êxtase em frente a telinha daTV.

Transformado num belo especial de TV, o show entrou para a série ERA ILUMINADA apresentada no irregular mas genial grade de programação deste canal de televisão disponível somente para assinantes de canais a cabo. o que não deixa de ser lamentável a atitude.

Fã da cantora Na Ozzetti deste a época do grupo RUMO, nos anos 80, é uma delicia vê-la transitar por entre o universo das canções infantis. Suas interpretações são sempre de uma delicadeza sublime, imagem então quando se trata do cancioneiro infantil, sua melhor interpretação para mim é “Dona Baratinha”. Isso mesmo! Aquela musica gravada em disquinhos coloridos que alegravam a vida e as vitrolinhas da gente, há anos atrás. O vestido que Na Ozzetti usa no show é uma replica estilizada da roupa de uma baratinha na cor vermelho-genial.

Filha de Zizi Possi a cantora Luisa Possi vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional da boa canção brasileira, e aqui se afirma com tranqüilidade em interpretações apaixonantes. Causa um certo estranhamento vê-la cantar “Ilariê” (sucesso de Xuxa nos anos 80), mas passado este susto ouvi-la e vê-la linda interpretando “Valsa da Bailarina” de Chico Buarque e Edu Lobo é muito bom. Luisa veste uma roupa de princesa encantada o que realça sua graça e beleza e encanta os pequeninos e os nem tanto da platéia e dos sofás de casa.

Já Marcelo Pretto, excelente, dá uma vivacidade lúdica a cada uma de suas interpretações, e é realmente emocionante vê-lo interpretar cada uma das canções que lhe foram confiadas, e com grande presença cênica e voz poderosa ele mostra ter um colo de grande pai, onde todos os filhos cabem e são bem vindos. Belíssima voz! Eis um cantor a quem se deve prestar muita atenção sempre.






Já Toni Garrido soa destoante entre os outros cantores (as). Parece não ajustado como um peixe fora d’água. Não chega a comprometer nas corretas interpretações, mas fica a sensação de que poderiam ter convidado outro cantor, quem sabe Carlos Navas, enfim... Eis um show que mereceria ser transformado num belo DVD para que pudéssemos presentear nossas crianças em todos os dias 12 de outubros que virão.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O “TEMPO’ DE DIOGO POÇAS.


Cantor, compositor e produtor, Diogo é filho do grande maestro Edgard Poças, que também é pai da cantora Céu, Artista Revelação de 2007 (lançada pela Warner Music). Tendo um maestro como pai, Diogo cantava suas primeiras notas antes mesmo de aprender a ler e escrever. Suas influências são a música brasileira e latina. Diogo começou sua carreira na publicidade, produzindo e gravando jingles comerciais.Ele toca piano, estudou regência e canto lírico. Seu primeiro álbum é completamente autoral e apresenta 8 músicas novas e 4 regravações. Diogo traz nova vida à MPB e já garantiu seu espaço nas rádios brasileiras.
O disco “Tempo” é mais que autoral, é um reflexo da alma de Diogo Poças. Nele, estão presentes todas as suas paixões e crises. Sizão Machado, Zeca Assumpção, Sérgio Machado e Thiago Alves no baixo. Cuca Teixeira e Tuto Ferraz na bateria. Bruno Cardozo nos pianos e sintys. Luiz Cabrera e Wilson Teixeira nos sopros. Quarteto de cordas, sopros, participação da Céu... O temor de perder sua própria identidade por estar a tanto tempo em estúdio produzindo músicas para outros interpretes e finalidades das mais diversas, passou rápido quando o cd começou a tomar corpo.
O disco que acaba de chegar às lojas traz mais um cantor de MPB que privilegia a música, sua forma e relevância. Diogo Poças traz para os nossos ouvidos, um antigo frescor, digno de grandes mestres, ou melhor, maestros. È a música brasileira em seu estado de graça, preservada, integra e sensível.
Faixa a faixa, por Diogo Poças
Pedacinho de Vida e Nada que te diz Respeito (Diogo Poças e Jessé Santo): Quando Jessé está no estúdio, traz consigo uma abundância criativa notável. É fácil compor com alguém como ele. A idéia de “Pedacinho de vida” é dele e tem tudo a ver com o tema do disco. Destaque para o arranjo multi climático de Pepe, o incrível Sizão Machado, Luiz Cabrera, Céu fazendo os vocais e os pads do Brunão Cardozo.
Já “nada que te diz respeito” surgiu de uma conversa com ele onde falávamos de como eu estava obsessivo com a idéia das coisas que a gente vai deixando e guardando de relacionamentos passados. Comecei a cantar e o Jessé respondeu “O que que eu vou fazer?". Pronto, estava tudo resolvido. A Céu está cantando com aquele timbre único. Céu, obrigado. Te amo.
Carioquinha (Diogo e Edgard Poças):
Uma música especial, com letra do meu pai e música minha. Quando ele recebeu a letra a música saiu sozinha. Foi sensacional a emoção de Tuto Ferraz (baterista) quando gravou o samba. Por tratar-se de uma parceria pai e filho, é uma música que vou amar sempre.
Chumbo Quente (Diogo Poças)
A letra faz um paralelo entre uma partida de futebol e uma mulher que está jogando duro. O gol é literalmente o grande momento da vida do homem! Legal esta percussão gravada somente pelo Laércio da Costa.A Linha e o Linho (Gilberto Gil):
Eu amo Gil. Para mim é um gênio. "A Linha e o Linho" é uma das minhas canções preferidas, junto com "Flora". No disco, ela ficou bem dançante e diferente. Foi uma ótima experiência ter gravado com o Serginho Carvalho.
Saudades do Brasil em Portugal (Vinicius e Homem Santo)
Esse é um lindo fado que conta a saudade da terra natal de um brasileiro em Portugal. Meu pai muitas vezes cantou essa música para mim. A faixa é um carinho que eu queria fazer no meu passado. Felicidade (Braguinha)
Esta foi gravada em um take único, com piano e voz, sem emendas. A música é uma lição de vida pra mim, que sou louco por Braguinha. Cantei pensando nos meus pais.
Maria Joana (Sidnei Miller)
Adorava a gravação da Gal em "Domingo" desde criança; a da Nara também é demais. Ficou maravilhoso o arranjo, meio fairy tale. Demais também foi o Zeca Assumpção ter gravado. Um fera.
Moonlight Seranade
Essa foi um desafio. A idéia era fazer um clássico em bossa nova. A gravação do Sinatra é uma aula de projeção, clareza e bom gosto. Tentei fazer o Pepe fugir do arranjo tradicional e dar um tom de Bossa e adorei o resultado. Destaque para Wilsinho Teixeira, que arrebentou no tenor.
Etéreo (Diogo Poças)
Adoro quando, ao final do "B", a música não vai para o refrão e entra num espaço "Cuba". Eu sempre disse pro Pepe não esconder suas raízes. Se vier uma idéia mais Latina, que venha.
A Vizinha de frente (Diogo e André Caccia Bava)
É a música que considero a mais redonda do disco. André é como se fosse um fiel escudeiro. Conta a historia do dia em que vi a minha mulher Melina pela primeira vez, "descabelada pegando o jornal". Terminamos a música dando risada e nos divertindo. Ganhei uma esposa por causa da música! Quer royalty melhor?
Astronauta (Baden e Vinicius):
Um dia, na casa de Ricardo Bérgamo, durante um sarau de Sambas, perguntei a todos os presentes: “se você fosse um cantor e quisesse gravar um samba-bossa, qual seria a música?” A resposta foi “Astronauta” e "Laura", do Braguinha e Alcir Pires Vermelho. Gravei "Astronauta" e "Laura" canto ao vivo. Bossa Nova do fundo do coração. Esta é uma celebração de beleza e de um mundo que vai dar certo.
Tempo (Diogo Poças)
Esta para mim é a mais poética das composições. É mais cinematográfica que musical, sofri para fazer! Meu pai, quando ouviu pela primeira, vez disse: “meu deus! O que eu te fiz?”, em tom de brincadeira. Às vezes, quando a escuto, sinto a mesma coisa: “o que passava na minha cabeça?”. Compus a música quando tinha 22 anos.
Resumindo: este é um disco de música brasileira, de canções.Eu amo cantar e me orgulho dessa profissão.Meu nome é Diogo Poças e esse é o meu disco "Tempo"



Fonte: Gravadora Warner

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Saudades de La Negra - Mercedes Sosa la voz de todos latino americanos.


Gracias a la vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto.

Me dio dos luceros que, cuando los abro,perfecto distingo lo negro del blanco,y en el alto cielo su fondo estrelladoy en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me ha dado el oído que, en todo su ancho,graba noche y día grillos y canarios;martillos, turbinas, ladridos, chubascos,y la voz tan tierna de mi bien amado.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me ha dado el sonido y el abecedario,con él las palabras que pienso y declaro:madre, amigo, hermano, y luz alumbrandola ruta del alma del que estoy amando.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me ha dado la marcha de mis pies cansados;con ellos anduve ciudades y charcos,playas y desiertos, montañas y llanos,y la casa tuya, tu calle y tu patio.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me dio el corazón que agita su marcocuando miro el fruto del cerebro humano;cuando miro el bueno tan lejos del malo,cuando miro el fondo de tus ojos claros.


Gracias a la vida que me ha dado tanto.


Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.

Así yo distingo dicha de quebranto,los dos materiales que forman mi canto,y el canto de ustedes que es el mismo cantoy el canto de todos, que es mi propio canto.Gracias a la vida que me ha dado tanto.

ADRIANA PARTIMPIM... O RETORNO.




A cantora Adriana Partimpim (codinome usado por Adriana Calcanhoto para a realização de seus trabalhos voltados ao publico infantil inteligente e antenado) está de volta com o CD: “Dois”, que já esta a venda em todas as lojas e é editado pela Sony Music.

O primeiro trabalho de Adriana Partimpim foi incrível. Lembro-me perfeitamente de ter levado o Gustavo (meu menino que hoje tem 11 anos) para assistir, e deliramos. Sem falar as inúmeras vezes que, depois que o show saiu em DVD, vimos na telinha.

Fiquei com a sensação de ter apresentado a boa música brasileira a ele através de Adriana, afinal, no repertorio do primeiro Partimpim, estavam: Vinicius de Moraes, Chico Buarque e a escandalosamente gostosa: “...fico assim sem você...” sucesso popular que ela revestiu de estilo na regravação.

Portanto a ansiedade para ouvir o “Dois” era enorme, e eis que no ultimo final de semana chega aos meus ouvidos e mãos o CD, e logo de primeira a audição joga o astral para cima e aquela criança antenada que vive dentro de mim se ascende rapidamente, quis ouvi-lo sozinho sem o Gustavo para poder avaliar (cosia de gente velha).

Adriana Partimpim continua, com seu trabalho, a trazer para a criançada de todas as idades grandes veteranos de nossa música, desta vez ela traz ninguém menos que Heitor Vila Lobos e seu trenzinho caipira, na verdade nem precisava de mais nada.

E temos também uma “Gatinha Manhosa” da safra da Jovem Guarda composta por Roberto Carlos incluída. Afinal, em ano em que o Brasil comemora os 50 anos de carreira do cantor nada mais justo que trazê-lo a este publico que já nasceu sabendo que o Brasil tem um Rei da canção popular. Escolha certa e irresistível.

O que dizer de colocar a garotada pra ouvir João Gilberto? Isso mesmo. Ele que quase ninguém viu ou vê, nossa Partimpim trás “Bim Bom” de autoria dele com batida do Olodum saborosissima.

Temos ainda a versão de Zé Ramalho para a canção de Bob Dylan: “O Homem deu Nome a Todos os Animais”, um Caetano Veloso inspirado na canção “Alexandre” que conta a saga do grande imperador de maneira alegre. Arnaldo Antunes comparece em parceria com Davi Moraes na canção: “Na Massa “ que desperta a atenção do ouvinte.

E fechando o trabalho novamente temos Vinicius de Moraes, afinal ninguém menos que o poetinha da MPB para sintetizar nosso sonho de ter um Brasil repleto de crianças antenas e felizes.

Para todos nos crianças que queremos um mundo melhor e sonhamos com balões coloridos e gostosuras sem fim, Adriana Partimpim está de volta nos presenteando com muita alegria.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Revisão Afetiva: André Menezes

NOITE DE DOMINGO E A BOA COMPANHIA DE SIMONE.


A cantora Simone esteve neste final de semana em São Paulo, com seu show: “Em Boa Companhia”, na pré inauguração do novo Teatro Bourbon Bradesco localizado no bairro da Pompéia, o show é baseado no ultimo cd da cantora chamado: “Na veia”.

Assistir Simone para mim sempre requereu um movimento gigantesco, pois ela é meu maior ídolo na MPB, e todas as vezes que me movi para dirigir-me a um de seus shows, me vi em completa ebulição e ansiedade, aquelas coisas que só mesmo fãs sentem.

Desta vez não foi muito diferente, já sabia de cor todas as canções de seu novo CD e tinha lido e visto muitos trechos da estréia deste show no Rio de Janeiro, a pouco tempo atrás, portanto mais ou menos já estava preparado para o que iria assistir.

O show é dirigido por um dos maiores diretores de teatro deste nosso Brasil, ninguém menos que José Possi Neto, que também fez em parceria com a cantora a escolha do repertorio e a direção da iluminação.

Durante o magnífico show, nota-se a mão do grande diretor em diversos momentos, o que aproxima muito Simone da platéia, o show mostra uma cantora de bem com a vida, feliz e falante, interagindo seguidamente com o publico fiel que suspira a cada canção.

Simone continua uma bela mulher as vésperas de completar 60 anos de idade, e usa um figurino impecável, assim como se cerca de uma banda que tem em Valter Villaça seu maior destaque, em minha opinião, o que dá uma sonoridade especial ao espetáculo.
É um show em que Simone apresenta a seu publico canções inéditas compostas exclusivamente para si, feitas por grandes mestres da MPB, e entremeia o show com canções de seu vasto repertorio um tanto quanto esquecidas.

Fora a canção “Face a Face” um clássico imortalizado em sua voz nos anos 70, temos o retorno de “To que to “ e “Paixão” ambas da dupla gaucha Keliton e Kledir gravadas pela cantora nos anos 80, e gostosas surpresas como, “Perigosa” das Frenéticas em arranjo arrebatador e “Certas Noites” de Lulu Santos que torna-se uma oração na voz da cantora.

Em fim passar a noite de domingo na Boa Companhia de Simone é privilégio de poucos, e foi meu neste ultimo domingo.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Foto: André Menezes

O CORDEL DA BANDA LARGA DE GILBERTO GIL.

Gilberto Gil, em minha opinião, é o maior compositor vivo do Brasil. Há muito não se dedicava à carreira devido ao oficio que assumiu junto ao governo do presidente Lula, onde permaneceu por anos como Ministro da Cultura. Diga-se de passagem, que nenhum pais no mundo contou com tamanho nome a frente de um Ministério. Privilégio nosso.

Mas neste tempo dedicado a política, a carreira de Gilberto Gil acabou ficando em segundo plano, o que entristeceu bastante a todos nós fãs da boa música produzida por ele.

Mas em 2008 Gilberto Gil retoma a carreira através de seu próprio selo musical chamado Geléia Geral, e lança um CD impecável com 16 canções intitulado “Banda Larga Cordel”. De todas as canções somente uma não é de autoria de Gil, trata-se da obra prima “Formosa” parceira de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Todas as outras 15 canções são composições do próprio Gil. Este trabalho agora em 2009 já teve seu registro feito para virar um DVD que certamente será fabuloso. Teve a gravação feita em São Paulo e contou com as participações do filho de Gilberto Gil Bem e da cantora Maria Rita.

O belo CD com composições novas de Gilberto Gil é muito dançante e alegre, possibilitando-nos reencontrar aquela alegria primeira que Gil deixou na MPB desde “Aquele Abraço” e retomada nos anos 80 com “Palco” e consagrada em “Refazenda”.

Compositor de mão cheia, é um prazer ouvir e ler Gilberto Gil. O passar dos anos só me fez ter a certeza que a leveza de Gilberto Gil o difere, sobretudo de Caetano Veloso, pois Gil não tenta o tempo inteiro colocar-se como senhor absoluto da verdade e da razão como seu companheiro o faz sistematicamente nas ultimas décadas, o que tornou sua atmosfera artística cansativa.

Gil, ao contrario, se mostra alegre e prova que alegria e leveza são fundamentais para a perpetuação da genialidade que este compositor trás dentro de si.

O CD é aberto pela canção “Despedida de Solteira” forró pé- de- serra que se torna irresistível na voz de Gil, que nos leva com delicadeza pelo universo de um casamento entre duas garotas sem que perceber estamos instalados numa festa GLS nos divertindo muito. Só mesmo o criador de “Super Homem, A Canção” para trazer leveza à vida de quem nem sempre é alegre.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

domingo, 4 de outubro de 2009

O ‘CHICA CHICA BOOM’ CHIC DO DJ ZÉ PEDRO!


Zé Pedro, o DJ mais MPB do mundo, lançou há pouco tempo atrás seu terceiro CD onde mostra-nos remixes de canções que consagraram as grandes Divas de nossa música brasileira. Conseguiu botar na pista toda a dança e a sacudidela da musica, com batidas do mais belo e puro cancioneiro popular.

Neste novo CD, que tem o titulo de uma composição de Chico Buarque (Essa Moça ta Diferente), lançado pela Lua Musica sob as benções do querido Thiago Marques Luis, nosso DJ preferido trás remixes de Nara Leão, Célia, Mart’nália, Beth Carvalho, Zélia Duncan, Maria Alcina, Cássia Eller, Alcione, Angela Rô Rô, Fafá de Belém, Elis Regina, Maysa e pela primeira vez uma canção de Marisa Monte.

Bem, a liberação de uma canção de Marisa para o CD já mostra a todos nós ouvintes que de fato o trabalho de Zé Pedro é digno de muito respeito. É simplesmente indescritível a importância deste CD de Zé Pedro para a perpetuação das canções da MPB e para atrair novos fãs para este tipo de música considerada um tanto démodé pela moçada atual.

Minha primeira formação é de historiador, portanto, não consigo analisar o trabalho do DJ Zé Pedro sem um olhar profissional. No processo histórico a construção da memória de um povo se dá, sobretudo, a partir de suas produções culturais: musica, teatro, livros, cinema, fotografia... Mas a memória só é fixada se os movimentos surgidos ao longo dos tempos as absorverem, e muito da memória cultural do homem se perdeu no tempo por não ter ocorrido a absorção dos mesmos.

Já o trabalho de Zé Pedro se torna essencial para a memória nacional, porque até pouquíssimo tempo atrás era impossível imaginar uma grande Danceteria do século XXI tocar Maysa ou Nara Leão. Agora, com este novo trabalho de Zé Pedro, todas as danceterias do mundo já podem dançar através dos sons de Nara , Zé e Maysa.

Espero ansioso que outros CDs de Zé Pedro cheguem até nos, e humildemente sugiro que ele resgate para as pistas de dança do mundo: Gonzaguinha, Simone, Marlene, Cauby, Angela Maria, Dalva de Oliveira, Nelson Gonçalves, Carminha Mascarenhas entre tantos outros.

De fato, do ‘Chica Chica Boom’ Chic de Zé Pedro, em “Essa Moça ta Diferente” é arrebatador. Toca em todos os lugares de minha casa, de meu trabalho e em meu coração.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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O QUE ANDA “NA CABEÇA” DE MARCOS SACRAMENTO!


Marcos Sacramento lançou há alguns meses pelo selo Biscoito Fino um CD intitulado “Na Cabeça”, e isso possibilita a nos, fãs, imaginarmos o que anda na cabeça de nosso ídolo, e a audição do CD alegra nossos corações.

Andam pela cabeça de Marcos os compositores clássicos, tais como: Chico Buarque, Paulo Padilha, Cartola, Zé Paulo Becker, Paulo Cesar Pinheiro, entre outros, e, claro, Noel Rosa.

Vivo a pensar que se Noel Rosa fosse vivo, certamente não teria apenas “A Dama do Encantado” a interpretar suas canções, mas também teria “Um Cavalheiro Encantado” a tornar suas canções, irresistíveis aos ouvidos deste Brasil.

Marcos Sacramento é parceiro de algumas composições deste novo trabalho, que já circula Brasil a fora em forma de um belo show. A canção que dá nome a este trabalho diz assim: “... não vou dormir / com esse samba todo na cabeça / insone, tento inventar um novo por do sol / mas tudo real, agora, é uma grande aurora / um céu que insisti em chegar / invasivo, furta – cor / e o samba chega ... “

Este carioca, morador co centro do Rio de Janeiro, é capaz de fazer-nos esquecer que este é “quase” um país de cantoras e com sua voz sincopada alegra a vida de seus ouvintes com a leveza e grandiloqüência que só o cancioneiro popular é capaz de provocar.

Noutra canção em que divide parceria, nosso cantor diz: “... um samba para o amanhecer / para o nosso amor / para o renascer / para acreditar / um samba para a dor ...” E desta forma permiti que a leveza dos movimentos da natureza tomem sua maneira de cantar a ponto de expandir, através do sopro do vento, seu cantar pelo mundo afora.

Sou fã incondicional já a certo tempo de Marcos Sacramento e às vezes lamento que o grande publico ainda não o conheça, mas outras vezes me alegro em saber que apenas os amantes da boa musica brasileira conhecem seu trabalho num movimento egoísta que só os que amam sabe como funciona. Salve o “Cavalheiro Encantado” da MPB.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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“É POSSIVEL TER MICHAEL JACKSON EM CASA POR R$ 9,00”


Nestes tempos midiáticos, fiquei impressionado ao ver os CDs de Michael Jackson à venda numa das maiores lojas virtuais brasileiras por menos de R$ 10,00. Devo confessar que os olhos encheram e de pronto comprei três de seus CDs considerados históricos: “Trilher – 25 anos”, “Dangerous” e “Bad”.

Passado o surto consumista, me pus a refletir sobre este fenômeno da mídia desde os anos 70 e como ele passou por minha vida, já há muito tempo. Meu interesse por ele não ultrapassava a leitura de algumas matérias publicadas na imprensa sobre suas excentricidades e bizarrices, e a transformação física que desencadeou voluntariamente sempre fez com que sentisse repulsa por este “ser”.

Mas devo confessar que após ouvir com cuidado esses trabalhos que adquiri e de fazer um flashback de minha adolescência e mocidade, e após ler exaustivamente tudo o que foi publicado sobre sua morte, mudei de opinião.

Primeiro não posso negar que os bailinhos de minha adolescência - onde eu nunca arrumava um par para dançar - foram embalados por muitos sucessos de Michael Jackson e sua família. Depois, já freqüentando boates na noite paulistana nos anos 80, muitas noites foram regadas ao som do chamado Rei do Pop, e também não posso esconder que viciado em imagens de TV como sou, seus clipes me fascinaram profundamente.

Esses três álbuns que comprei são realmente a síntese do que o Rei do POP pode produzir, ora pelas mãos do mago Quincy Jones, ora por sua própria cabeça, deixando assim sua obra uma marca única.

Fiquei a pensar sobre aquela velha história que diz que Ivan Lins e Vitor Martins quase tiveram duas canções incluídas no então LP “Trilher”, e sabe de uma coisa? Que bom que as canções não entraram, assim puderam ser gravadas por Barbra Streisand.

Michael Jackson acabou engolido por uma mídia que ele mesmo ajudou a popularizar, e que agora ajuda a vendar seus CDs por menos que R$ 9,00 e desta maneira tem garantido o cetro e a coroa de REI ETERNO DO POP MUNDIAL, mas o que significa Ser Rei num mundo onde as “majestades” surgem da noite pro dia? Pode ser que não se façam mais ‘reinos’ como antigamente...


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

“...CANTEI, CANTEI... JAMAIS CANTEI TÃO LINDO ASSIM!”


Na última segunda feira de setembro do corrente ano, fui assistir ao show de Cauby Peixoto na companhia de queridos (as) amigos, aqueles que formam a família que podemos escolher nesta vida. Certamente foi uma das melhores noites dos últimos anos, com direito a emoção, felicidade e picos de êxtase.

Cauby Peixoto é de fato o Rei da Canção Popular brasileira, desde sua entrada na casa que o abriga desde 2004 (Bar Brahma – Choperia com quase 100 anos na cidade de São Paulo), digamos... TRIUNFAL! Passando pelo exuberante figurino que vestia e pela platéia cheia de fãs de várias idades (uma delas Dona Maricotinha, festejando ali seus 80 anos de vida) e chegando na voz, que quando se ouvi, faz o corpo inteiro ser tomado pela alegria e o agradecimento de se ter nascido brasileiro.

Sim porque só o Brasil tem Cauby Peixoto! Ídolo incontestável desde os anos 50, portanto, a mais de 4 décadas ele é considerado por todos os outros artistas o “professor” pela magnífica voz.

E é sobre esta voz que por tanto anos tocou aqui em casa nas rádios e na voz de meu pai que quero falar. Tenho ao longo dos últimos 30 anos assistido a inúmeros shows e tornado minha paixão pela MPB o ar que respiro diariamente, e confesso que nunca antes uma voz tinha feito tamanho efeito em mim.

A emissão das notas, o timbre aveludado, a tranqüilidade com que a boca se abre emite o som são de fato únicas. A impressão que tive durante alguns momentos do show era de que Cauby estava sentado num sofá de sua casa conversando tranquilamente com amigos. Assim, num clima intimista e aconchegante. Coisa de calor humano, mesmo.

Nesta noite não faltaram clássicos como “Conceição”, “Begin to Begin”, “Blue Gardênia”, “Ninguém é de Ninguém”, mais clássicos em francês e em italiano, e a maior de todas as canções que lhe fora dada como presente por Chico Buarque no inicio de 1980: “Bastidores”.

E como diz esta bela canção de Chico Buarque nesta noite como tantos homens brasileiros ao longo das ultimas quatro décadas: bêbado e febril rasguei meu coração para amar plenamente Cauby Peixoto.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva