domingo, 21 de setembro de 2008

O COMPASSO DE ANGELA RO RO.



... É o que pulsa o meuSangue quenteÉ o qe faz meu animalSer genteÉ o meu compasso maisCivilizado e controlado ...

Ângela Ro Ro é para ser ouvida na veia, e como ela fazia falta com suas composições fortes e densas que tocam nossa feridas com uma precisão insuportável, viver sem ouvir Ângela é praticamente impossível. Ela esta de volta com um CD magnífico chamado Compasso lançado em outubro de 2006 pela Gravadora Indie Records e também com um DVD que rememora seus grandes sucessos e tem a participação dos grandes Luiz Melodia e Alcione. Mas aqui quero falar deste CD repleto de canções inéditas de Ângela Ro Ro e vários parceiros alguns antigos outros mais novos, e muitas com seu eteno patner Ricardo Mac Cord que acompanha Ângela por show há muitos anos. Com um visual totalmente repaginado, perdeu 50 kilos e está emanando uma energia como há muitos não víamos nela, continua compondo como intensidade e marcando sua presença no cenário nacional que há muito tempo já havia aberto espaço para essa cantora/compositora tão agressivamente incompreendida. Ao longo dos anos Ângela Ro Ro foi o avesso do avesso, a mídia só a usava para mostrar Escândalos e mais escândalos deixando de lado o que há de melhor em sua existência sua voz rouca e sua capacidade infinda de produzir canções antológicas. Desde que foi convidada a apresentar um programa chamado “Escândalo” num canal a cabo brasileiro ela foi se reaproximando do meio artístico e estabelecendo novamente uma relação confiável com cantores (as), compositores (as) alguns um tanto que ressabiados pelas piadas e cutucadas que não raramente ela disparava contra todos. Alem do programa já ter se tornado um cult entre os amantes da MPB também possibilitou a Ro Ro voltar ao mercado fonográfico, infelizmente o programa já não existe mais, mas o CD e DVD de Ângela Ro Ro estão ai firmes e pra lá de fortes. Faz-se necessário acabar estes escritos com mais da nova safra de composições de Ângela Ro Ro e bendizer os mais belos olhos da MPB. ... São nossos os nossos enganosOs danos que danam em nós ...Os erros que erramos unidosPagamos com a vida a sós ... agora é seguir os compassos de Ângela.

MALU MULHER – A BELA TRILHA FEMININA.


Final dos anos 70, mais precisamente 1979, estreava na TV Globo a série Malu Mulher com a grande estrela da TV Regina Duarte, a série falava da emancipação feminina, e a dura vida de uma mulher descasada com filha e sozinha para resolver seus problemas, dizemq eu a casa da personagem que era socióloga foi isnpirada na casa da ex primeira dama do país Dona Ruth Cardoso. Ao final do primeiro ano da série a TV Globo resolve fazer um especial reunindo as grandes interpretes brasileiras à época e convida para um mesmo especial que vinha alavancado com perguntas feitas pela própria Malu (Regina Duarte) a todas as participantes. Estiveram presentes neste especial da TV as seguintes cantoras: Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Simone, Quarteto em Cy, Fafá de Belém, Joanna, Zezé Motta, Rita Lee, este documento vivo de uma época já deveria ter sido disponibilizado em DVD para uma ávido publico colecionar da memória musical brasileira mas isto ainda não ocorreu. Chegou sim pelas mãos do Titã Charles Gavin a trilha sonora lançada neste mesmo ano da série televisiva, além de todas as cantoras citadas acima o CD hora relançado conta com uma faixa na voz da grande cantora Maysa, portanto estamos diante de uma edição verdadeiramente histórica. A canção tema da abertura da minissérie que projetou definitivamente sua interpreta para o hall das grandes cantoras de todos os tempos do Brasil é “Começar de Novo” do compositor Ivan Lins, a canção foi primeiramente oferecida para Maria Bethânia que a recusou em seguida ofereceram a Simone que gravou-a com maestria em versão até hoje reconhecida mundialmente. Temos uma Elis Regina engajada cantando as dores de um povo oprimido por uma ditadura militar sórdida, naquele momento ouvia-se em todos os cantos deste nosso enorme Brasil a canção de João Bosco e Aldir Blanc que “O bêbado e a equilibrista”, seguida do que foi o hit do verão daqueles anos composta por Rita Lee a canção “Mania de Você”, tempos clássicos da MPB na voz de Gal Costa a canção de Caetano Veloso e Milton Nascimento “Paula e Bebeto” uma ode ao amor livre, e a canção de Djavan chamada “Álibi” que incluída no LP do mesmo nome da cantora Maria Bethânia a tornou neste ano a primeira interprete mulher a vender hum milhão de cópias de seu LP. Zezé Motta aparece cantando uma canção composta exclusivamente para ela por Caetano Veloso a bela “Pecado original” e Mariana Lima aparece cantando uma composição de Ângela Ro Ro intitulada “Não há cabeça”. Para quem considera este pais um pais de cantoras este CD só reforça a teoria de que nosso pais tem a voz feminina, vale a pena ter entre sua coleção de CDs este exemplar.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O BORDADO DE RODRIGO MARANHÃO.


Rodrigo Maranhão é Cantor, compositor, instrumentista e líder do grupo carioca Bangalafumenga, está há mais de 10 anos compondo para cantoras como: Verônica Sabino, Fernanda Abreu e Roberta Sá, no ano passado (2007) lançou seu trabalho solo intitulado “Bordado”.

Este compositor acabou conhecido mundialmente quando a cantora Maria Rita incluiu três canções suas em seu CD intitulado: “Segundo” e obteve o Grammy de melhor canção por “Caminho das Águas”.

O CD tem apenas 29 minutos e a sensação ao terminar de ouvi-lo é a de querer mais, essa sensação é um ótimo sinal quando ouvimos pela primeira vez uma obra musical do começo ao fim.

Sabiamente Rodrigo Maranhão encerra o CD com a ciranda “Caminho das Águas”, consagrada na voz de Maria Rita, a interpretação de Rodrigo resgata a verdadeira vocação da canção, uma ciranda boa de ser cantada junto aos amigos e a beira mar.

... caminho bordado a fé, caminho das águas, me leva que quero ver ...

O Bordado de Rodrigo Maranhão está em sua plena beleza, retrato neste CD, que tem sonoridade acústica profundamente atraente aos ouvidos...

... eu naveguei demais, velho sonhador ...

Certamente o compositor que habita Rodrigo Maranhão deve ainda compor muitas canções, com o gosto do sertão do Brasil, isto se faz necessário para que a novo geração de brasileiros (as) possa perceber o quão profundo é nossa musicalidade, mas o cantor que também habita Rodrigo Maranhão não pode nunca deixar de nos presentear com o sabor de sua voz.

Algo de modernidade habita a voz do cantor, num misto de Almir Sater e Chico César sintetizando assim a segunda metade dos anos 90 e a primeira dos anos 2000 que começa a fechar-se em breve.

A audição do CD “Bordado” nos permite um passeio musical por todos os cantos de nosso Brasil, é fascinante perceber o quanto um CD com apenas 29 minutos é capaz de nos fazer sentir tão brasileiro.

Rodrigo Maranhão faz parte daquela fina confraria de cantores e compositores que o Brasil faz questão de ter desde o final do século XIX, provando ao resto do mundo que nosso cancioneiro é de fato o mais harmonioso do mundo. Salve! Salve! Rodrigo Maranhão.

ZÉLIA DUNCAN – PRÉ PÓS – O SHOW.


Em novembro do ano passado (2006) aqui no Auditório Ibirapuera em São Paulo, a cantora Zélia Duncan registrou em DVD seu show “Pré Pós tudo bossa band” e estávamos lá, empolgadissimos por ver pela primeira vez esta cantora que tanto ouvíamos em casa.

O show foi emocionante, nenhum erro, foi gravado de primeira, com efeitos, cenários, e uma presença de palco únicas, tudo parecia mágico naquela noite, até mesmo o reencontro de velhos e bons amigos.

Zélia já havia nos surpreendidos por aceitar fazer parte da reedição do grupo Os Mutantes e pelos poucos shows que vinha fazendo com a cantora Simone ícone dos anos 70.

No show Zélia Duncan mostrou-se antenadissima com tudo o que há de bom em nossa musica popular, resgatou o poeta Itamar Assunção convidando sua filha para uma participação para lá de especial.

Os músicos pareciam fazer parte da grande família que aparentemente Zélia junta a seu redor sempre que chega, e seus fãs deram um show a parte, de fato ficou-nos provado que ela é realmente muito querida.

Muito simpática, Zélia interagiu com o publico o tempo todo, parecia de fato que éramos peça fundamental, todos integrados ao belo cenário que de tão despojada parecia juntar-se a platéia numa simbiose única, antes nunca vista por nós.


Os hits são todos do belo repertório que Zélia vem juntando ao longo dos anos, numa miscelânea que reuniu canções o CD/ DVD “Eu me transformo em outras” e o CD “Pré Pós” , tudo com muito esmero.

Não imaginava eu que seria um dos últimos shows que assistiríamos antes da partida de meu amor, acabou por ser, mas agora passados muitos meses e assistindo ao DVD a mesma emoção que nos tomou durante a gravação volta com força.

Zélia é mesmo uma cantora querida, muito querida que é impossível não tê-la entre os que mais amamos.

A MARROM CANTA TUDO O QUE GOSTA.


Alcione continua cantando “de tudo” e o melhor o tudo que ela gosta, pois é este o titulo de seu mais novo trabalho “De tudo o que eu gosto” , tem lá baladas, sambas canção, musicas regionais e participações pra lá de especiais que vão do Ministro da Cultura Gilberto Gil a Martinália, isso pra não falar de Marcelo Falcão e Homero Ferreira.

Certamente os críticos mais ferrenhos vão desdenhar deste trabalho, porque provavelmente não tenha nada novo ou venha a ser um marco divisor de água na carreira da Marrom.

Mas para os fãs que tem a vida marcada pelas canções desta grande cantora, este é mais um trabalho que vem trazer alegria aos ouvidos acostumados com a voz incomparável dela.

Para os fãs mais antigos, está lá a belíssima canção com que Gilberto Gil a presenteou e que gravou no ainda LP “Alerta geral” só pelo titulo já deslumbramos as harmonias que chegarão sutis aos ouvidos: “Entre a sola e o salto”.

Mas é impossível falar deste trabalho de Alcione sem tocar na composição de Sombrinha chamada: “ Luz do nosso Amor” que nos diz : ... luz do nosso amor / brilho que seduziu / claro que me invadiu / iluminando me acendeu .. parece obvio e banal mas na deliciosa voz de Alcione ganha um encantamento especial.

Na verdade é assim que Alcione tem marcado sua presença na nata da MPB sempre tirando da obviedade as melhores interpretações que de tão generosas transformam as canções em clássicos imortais.


Alcione é uma espécie rara de DIVA, uma DFIVA que aprece sempre próxima de seus súditos, sempre disponíveis, para participações, para abraços calorosos. Ela foi a cantora predileta de um amor que a vida me tirou, e foi com ele que aprendi que: ... não vou viver aos prantos por você, mas não sei como esquecer essa paixão... pois é isos que ela canta em “Como da primeira vez” canção que esta no novo CD.

O SAMBA É DELA – MARIA RITA.


Maria Rita em seu terceiro trabalho enveredou pelo samba e podemos dizer que começou muito bem acompanhada com composições de Arlindo Cruz à Paulinho da Viola passando por outros compositores que entendem do assunto.

Muito tem se falado sobre a idéia que concebeu tal obra, comparações sempre inevitáveis com a trajetória de sua mãe a insuperável Elis Regina, mas de fato penso mesmo é que o artista tem que fazer o que quer, o que tiver vontade e fazê-lo da melhor maneira.

È visível que Maria Rita só tem melhorado a cada trabalho e já é evidente que veio para ficar e já é uma DIVA no cenário musical brasileiro e aparentemente será também no cenário mundial.

O trabalho inclui composições que permitem que Maria Rita mostre o quanto é interprete de primeira, alguns têm torcido o nariz e dito que a cantora tenta se popularizar para poder continuar a ser grande vendedora de CDs, isso é bobagem.

Maria Rita deve sim correr atrás da energia que tinha Clara Nunes ao entoar os diferentes tipos de samba que lhe chegavam as mãos, ou então conseguir tornar obras primas tudo que sua voz tocar como fazia Elis regina. Mas para isso ela tem tempo.

Incompreensível mesmo é a ausência de Paulinho da Viola no CD que foi convidado e acabou por declinar do convite, talvez por estar envolvido no seu projeto acústico que chega rapidamente as lojas.

A música que a gravadora de Maria Rita escolheu para trabalhar a divulgação do CD que recebeu o nome de : “Samba Meu”, é uma composição de Arlindo Cruz , intitulada “Ta perdoada”, já estourada nas rádios a canção já caiu na boca do povo e deve se transformar num dos maiores sucessos do ano.

Maria Rita é sempre esperada com muita ansiedade e tem feito sempre ser correspondida as expectativas.

A NÊGA LUCIANA MELLO.


Luciana Mello, jovem cantora paulistana, filha o grande interprete Jair Rodrigues e irmã do compositor Jair Oliveira (ex- turma do balão mágico nos anos 80), está amadurecendo a cada trabalho que apresenta a seu publico, neste último CD intitulado apenas “Nega” isso fica evidente.

O trabalho tem predominantemente canções do bom compositor Jair Oliveira, que conhece bem a irmã e sabe onde ela pode levar sua voz e seu swing, e aparentemente tem a intencionalidade de transformá-la numa bela DIVA da Black Music brasileira.

Mas não é só Jair Oliveira que está no CD de Luciana Mello, temos também Cláudio Lins e Dudu Falcão na bela: “Língua” que diz mais ou menos isso : ... dos livros, mais antigos, raros , velhos pergaminhos / Aritmética, filosofia, história / eu tento decifrar que língua você tanto fala ... mostrando que a geração de filhos dos grandes mestres da MPB estão crescidos e cada vez melhores.

Luciana Mello trás também no álbum uma canção intitulada “ Lágrimas de diamantes” de Paulinho Moska cheia de requintes que os conhecedores da obra deste compositor conhecem tão bem, vejamos o que diz sua letra: ... não se preocupe mais/ com minha imperfeição / não se preocupe mais /porque me disse não ...

Como vêem o CD esta mesmo imperdível e vale a pena ser conferido e degustado, Luciana Mello merece muita atenção por parte de todos os amantes da boa música brasileira, ela é muito boa.

Impossível encerrar estes escritos sem dizer que atrevidamente esta cantora encerra o CD com uma das mais belas canções composta pelo homem em todos os tempos, de maneira como só as DIVAS cantam ela encerra cantando: “Only You” é preciso falar mais alguma coisa? Corra e vá ouvi-la !

CHICO BAURQUE EM CARIOCA AO VIVO .


Chico Buarque trás CD e DVD com a gravação da bem sucedida turnee que fez a partir do lançamento do CD Carioca em 2006 pela gravadora Biscoito Fino, por onde passou o show foi um estrondoso sucesso de publico e critica.
Qualquer brasileiro deve orgulhar-se de ter entre seus compatriotas um homem com tamanha coerência ideológica e musical, só mesmo comparado a um Victor Jará do Chile ou a um Silvio Rodriguez de Cuba.
A temporada na casa de shows Tom Brasil em São Paulo foi a escolhida para o registro deste que é um dos mais belos shows de Chico Buarque, a longa temporada em São Paulo teve todos seus ingressos vendidos nos dois primeiros dias, e olhem que foram 06 semanas em cartaz.
Com cenário simples homenageando o Rio de Janeiro, afinal o álbum chamou-se Carioca não por acaso, figuro discreto e uma banda de gabarito internacional, Chico Buarque passeou tranquilamente pelo melhor de seu repertório, brincou e encantou a todos que assistiram o show.
O CD ao ser ouvido soa harmônico e deliciosamente fresco, já o DVD trás as imagens captadas com muita sabedoria e inspiração o que torna o espectador ainda mais comovido diante das apresentações de um Chico Buarque absolutamente encantador.
A abertura do CD/DVD já mostra o que virá pela frente a mistura entre as canções “Voltei a cantar, “ Mambembe” e “Dura na queda” faz arrepiar tanto ao ouvinte sessentão de Chico Buarque como ao jovem adolescente que esteja sendo apresentado a este compositor agora em 2007.
Chico Buarque vai mesclando ao longo do CD composições recentes com antigos clássicos compostos por ele mesmo em parceria com grandes poetas de nossa música e se supera a cada novo acorde.
Ninguém cansa de ouvir canções como : “João e Maria” (que encerra do CD que é duplo, ou então a belíssima “ Quem te viu quem te vê” e o que dizer então de ouvir a canção delicada intitulada “As vitrines”.
Isso para não tocarmos em : “Palavra de Mulher”, “Eu te amo”, “Mil perdões”, “A bela e a fera”, “Bye Bye Brasil”, “Sem compromisso” , “Deixa a menina” enfim tudo o que a gente sonha ouvir está lá num registro que chega já marcado com o carimbo “HISTÓRICO”.

ERASMO CARLOS CONVIDA II.


Erasmo Carlos, retoma Projeto que firmou-o e trouxe a respeitabilidade que precisava para firmar-se dentro do universo da MPB onde em duetos dividia as mais belas canções que em parceria com Roberto Carlos havia produzido até então.

Agora em meios a primeira década do novo século ele retorna ao Projeto para reaparecer no cenário musical causando certa comoção já que é uma das figuras mais queridas do meio artístico musical brasileiro.

Desta vez temos um leque bem variado de duetos, alguns surpreendentes outros o ouvido desconfia, mas no geral todos permitem que possamos fazer um mergulho na alma deste compositor que talvez seja o mais terno da MPB.

O CD intitulado “Erasmo Carlos – Convida II” é aberto pelo dueto com o animadíssimo cantos Lulu Santos, juntos eles entoam a não menos animada canção “Coqueiro Verde” numa reedição que chega quase a superar a gravação original, e trás para as novas gerações a possibilidade de conhecer a produção de outrora do chamado rock and roll brasileiro.

Em seguida em duo que faz os ouvidos estranharem Erasmo Carlos divide os vocais com ninguém menos que Chico Buarque na belíssima composição chamada “Olha” é difícil o ouvido assimilar tal duo, e as emissoras de rádios insistiram em martelar a canção, afinal tudo o que Chico Buarque toca vira ouro na MPB, enfim isso não é bem verdade basta ouvir a canção.

Mas todas as outras escolhas são acertadas e produzem efeitos únicos no CD que é cheio de alegria, estão nele a turma do Skank, a grande Marisa Monte que já havia trazido a musicalidade de Éramos para dentro de seu peculiar universo.

Temos um Zeca Pagodinho que provavelmente só aceitou porque nunca mesmo recusa convites para participações especiais, temos uma Adriana Calcanhoto que comove ao interpretar “ Ilegal, imoral ou engorda”, um Djavan muito a vontade na gravação de “De tanto amor”.

Bem ainda temos: Kid Abelha, Os Cariocas e Milton Nascimento encerrando com a manjada “Emoções” enfim o especial mesmo neste CD é a liberação por parte de Roberto Carlos da gravação da canção “ Vou ficar nu para chamar sua atenção” antes proibida e retirada do CD “Seda Pura de Simone no ano de 2001, agora liberada Erasmo Carlos convida merecidamente Simone para em duo fazerem o que sabem de melhor cantar e encantar seus ouvintes

ROBERTA SÁ NUM BELO E ESTRANHO DIA.


Roberta Sá está em seu segundo álbum, que mostra-a muito mais madura e completamente relacionada com o que se faz de melhor em matéria de música brasileira, as diversas participações e canjas em show de amigos e ídolos lhe renderam uma maturidade precoce.

Sua delicadeza e suavidade contrastam com a rigidez e o domínio vocal que ela trata como só é permitido as grandes DIVAS de nossa canção, ela se segura numa tranqüilidade que chega a incomodar.

O CD chama-se: “ Que belo estranho dia pra se ter alegria” com um titulo emblemático que traduz exatamente o que o CD em suas treze canções passam ao ouvinte, seja numa primeira audição, ou seja numa audição de fã que não agüentava mais esperar pelo trabalho da DIVA.

Já no inicio do Álbum, Roberta Sá regata o compositor Sidney Miler produzindo uma das faixas mais bonitas do trabalho, ela entoa a canção Alô fevereiro de maneira a torná-la jovial e completamente atual.

Tem também no CD composição de Moreno Veloso (filho mais velho de Caetano) , na canção intitulada “ Mais Alguém”, os expoentes das canções cerebrais do século XXI estão presente em todo o trabalho.

Não falta composição de Pedro Luis chamada “Janeiros” de um lirismo que comove o ouvinte e o faz pensar o quanto este Brasil é privilegiado por ter tantos compositores e tantas cantoras fascinantes que perpetuam os escritos jogando-os par a humanidade.

Temos Lula Queiroga com canção que dá titulo ao CD e uma exuberante Dona Ivone Lara com a canção “Cansei de esperar você” que msotra o quanto Roberta Sá se ligando a cada dia com mais profundidade as raízes do cancioneiro carioca.

O compositor que mais aparece no trabalho é mesmo Pedro Luis que trás a Roberta Sá a possibilidade de firmar-se como talvez a maior cantora de sua geração.

LEILA PINHEIRO AO VIVO NOS HORIZONTES DO MUNDO.


Leila Pinheiro em CD e DVD ao vivo que nascem a partir do belíssimo CD de estúdio lançado em 2006, são sem duvidas prova de que a música popular brasileira pode se reinventar constantemente a partir de seus compositores e sobretudo a partir de suas interpretes.

Com um inicio de carreira muito colado a trajetória de Elis Regina e no movimento bossa novista, Leila Pinheiro conseguiu ao longo de todo esses mais de 20 anos de carreira ir marcando com a profundidade suficiente seu lugar na história de nossa musica.

Quando precisou fez álbuns excelentes com Roberto Menescal e consolidou uma carreira internacional, no mercado fonográfico brasileiro não se furtou a lançar álbuns onde trazia releituras muito particulares de obras de uma geração roqueira como foi o caso da canção de Renato Russo que gravou ainda nos anos 80 arrepiando os roqueiros e causando comoção no seleto grupo de amantes da boa música.

Este faro afinado levou-a também a obra do compositor Guinga que acabou por ter dela um álbum praticamente inteiro em homenagem a suas composições, esta audácia fez com que ficasse difícil rotular o trabalho de Leila.

Neste CD é possível encontrar “Tempo Perdido” de Renato Russo num elo arranjo que emociona e dá saudade da época em que ele estava vivo por aqui compondo sem parar.

Também encontramos o que considero a versão definitiva da canção de Marcelo Yuka “ Minha Alma”, num arranjo muito bonito que faz apenas destacar e muito a poderosa voz de Leila.

E durante o CD e DVD , Leila Pinheiro passeia pelo que há de melhor no nosso cancioneiro, temos lá composições de: Guinga , Marcos Valle, Ary Barroso, Sueli Costa, Dorival Caymmi, Djavan, Ivan Lins, Chico Buaruqe, Abel Silva, Toquinho, Francis Hime, Fátima Guedes, Joyce, Flavio Venturini, Assis Valente e João Donato.

Bem depois desta lista é impossível não dizer que este trabalho é primoroso e merece ser visto e revisto cotidianamente pelos fãs da boa música.

A FORTALEZA DE FAGNER.


Senhor soberano das terras do nordeste brasileiro, Raimundo Fagner figura única no cenário musical desde os anos 70, está de volta ao mercado discográfico com um novo CD que chama-se apenas: “Fortaleza”.

Podemos entender o singelo titulo, como uma bela homenagem a uma das cidades mais belas do litoral nordestino, ou apenas pelo seu significado literário, pois Raimundo Fagner entre todas as brigas que vêem ao longo dos anos colecionando com gravadoras, canais de televisão, órgãos de imprensa pode mesmo é ser considerado uma fortaleza de coragem e atitude.

Recentemente está fortaleza, abriu o coração para uma publicação semanal afirmando que já amara tanto homens quanto mulheres, a declaração surpreendeu porque Fagner traz nas marcas que tem no rosto, o retrato do homem nordestino, que muitas vezes não sabe como demonstrar afeto.

Evidentemente toda a sensibilidade que Fagner deveria ter mostrado para seu publico ocorre sistematicamente desde que iniciou sua carreira, mas falemos do belo CD.

Duas novas composições em parceria com o poeta Fausto Nilo abrilhantam a seleção de 12 canções; em “Amor e Utopia” eles dizem assim: ... andei fora da lei / por amor e utopia / buscando a lucidez / muito além das estrelas ... e seguem em “Fortaleza” dizendo: ... velas brancas do mar vão surgindo / com as primeiras estrelas do céu / onde o verde da tarde é mais lindo / e o azul só precisa de Deus ...

Fagner passeia por outros compositores como: Capinam, Evaldo Goveia, o jovem Jorge Vercilo e Taiguara, mas nada me emocionou mais que ouvir “No tempo dos quintais” uma composição de Sivuca e Paulo Tapajós em sua voz, a canção diz assim ... Era uma vez um tempo de pardais/ de verde nos quintais / faz muito tempo atrás / quando ainda havia fadas ... está canção me lembra meu mais belo amor que já partiu, e que amava esta canção.

O CD vale em sua totalidade pela sinceridade que sempre comoveu os fãs de Fagner, que ele continue a ser uma Fortaleza dentro do universo musical brasileiro !

SUELI COSTA E O AMOR BLUE.


Sueli Costa é uma das maiores compositoras de todos os tempos, suas belas composições vêem por décadas embalando o povo brasileiro, através das vozes femininas que dão vida a cada uma de suas belas canções.

Estão entre as interpretes que consagraram-se e fizeram consagrar Sueli: Maria Bethânia, Nana Caymmi e Simone (esta deve ser a que mais composições gravou dela).

Neste novo CD bancado com recursos próprios numa dificuldade comovente, intitulado “Amor Blue”, Sueli Costa consegue a proeza de reunir as três maiores cantoras brasileiras para interpretar canções inéditas em suas vozes compostas por ela.

Estão no CD, Maria Bethânia onde canta a canção: “ Sim, sei bem” que diz mais ou menos assim: ... Sim, sei bem / que nunca serei alguém / sei, de sobra / que nunca terei uma obra/ sei, enfim / que nunca saberei de mim / sei, enfim ...

Já a grande Nana Caymmi ficou com a singela “ Cantiga do Vento” que traz os belos versos que sopram assim: ... O vento passa a galope/ no seu cavalo marinho/ rumo a solidão do mar / eu nunca mais fui menino/ só tenho amores sozinho/ mas um dia eu soube amar ...

Em minha modesta opinião para a cantora Simone ficou a mais bela composição deste novo milênio que se chama “Porque te Amo” que nos diz: ...Andarei nos teus olhos/debaixo dos teus olhos/ além dos teus olhos andarei/ somente porque te amo / andarei no teu corpo/por cima do teu corpo/ dentro do teu corpo andarei / somente porque te amo ...
O CD conta ainda com as participações afetivas de Fernanda Cunha (sobrinha de Sueli) e cantora exemplar e de Daniel Gonzaga filho do grande poeta Gonzaguinha.

Sueli Costa toca e canta por todo o CD, mas o que realmente importa é a alegria de saber que a MPB continua viva e a pulsar forte e firme neste coração tão lindo que vive dentro desta que é nossa melhor compositora.

MÔNICA SALMASO EM NOITES DE GALA.


A cantora Mônica Salmaso faz um mergulho profundo na obra de Chico Buarque de Holanda neste CD “EM NOITES DE GALA”, lançado pela gravadora Biscoito Fino, a escolha do repertório nos mostra a leitura da cantora sobre a obra do compositor numero hum da MPB.

A canção mais jovem de Chico Buarque escolhida por Mônica Salmaso para este trabalho foi composta há exatos 10 anos (1997) e chama-se “Você, você” , na verdade Mônica faz um mergulho pelo repertório do compositor nos anos 60, 70 e 80, extraindo de suas interpretações verdadeiras pérolas.

A cantora convidou para acompanhá-la neste CD o conceituadissimo grupo “Pau Brasil” que trás um requinte totalmente pertinente ao universo buarquinho que Mônica só faz enobrecer ainda mais.

Mônica Salmaso foi convidada especial de Chico Buarque para seu CD intitulado “Carioca” de 2006 e em 2004 a cantora já havia feito um show inteiro só com musicas de Chico Buarque, faltava mesmo era o registro da voz da cantora nas composições dele.

O titulo traduz um pouco os caminhos escolhidos por Mônica para elaboração do CD, “ Noites de gala, samba na rua” bela escolha para um titulo. Percorrendo toda a obra de Chico Buarque escolhida este trabalho e de uma delicadeza única.

Certa vez ao participar de uma das primeiras edições da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) na cidade de Paraty , encontrei Mônica Salmaso caminhando com Airto Lindsay pelas belas ruelas da cidade, num ato de coragem extremado perdi a vergonha e fui falar com ela, estava com um de seus cds na bolsa e pedi que o autografasse, ela assim o fez.

Ao ouvir este CD lembro-me deste encontro com Mônica em Paraty e penso que como aquela bela cidade, a voz de Mônica Salmaso enche o Brasil de orgulho.

ISABELLA TAVIANI DIZ SIM.


A cantora e compositora Isabella Taviani, caiu definitivamente no gosto do grande publico, depois de um belo CD/DVD ao vivo que a firmou no cenário musical brasileiro, ela lança um novo CD onde apenas 02 faixas não são de sua própria safra de composições.

Isabella Taviani já deve estar se acostumando em ter suas canções escolhidas para serem temas de novelas globais, tanto que a canção que abre o CD intitulado “Digo Sim” é tema de uma das novelas da Rede Globo e chama-se: “Luxúria”, entre as canções que não são de sua autoria está uma de Gilberto Gil.

Cantora de tom fortes e postura marcante no palco, Isabella não se deixa iludir pelo apelo midiatico, e continua tocando nos assuntos que são de seu interesse, e sobretudo cantando com sua voz forte as dores e alegrias de amores diferentes e audaciosos.

Para tanto basta escutarmos com atenção a canção intitulada: “Iguais” que diz: ... no dia em que ela se declarou, a cidade inteira silenciou/ todos queriam ouvir a resposta/ águias com seus vôos rasantes, urubus à espreita de um podre instante ...

E por ai vai sempre com força, sempre lançando tonalidades carregadas as letras compostas por sua genialidade quase única no cenário do cancioneiro popular. Talvez Isabella Taviani escola uma composição de Gilberto Gil para fechar seu trabalho por saber que suas canções tem a força e a marca que foram e são características determinantes da obra de Gil.

... sou viramundo virado / nas rondas da maravilha / cortando a faca e facão/ os desatinos da vida .. bem a vida de Isabella Tavinani tem sido repleta de desatinos que acertam em cheio nossos corações, que ela assim continue !

VANESSA DA MATA E SEU SIM VERMELHO.


Todas as canções deste novo CD da cantora Vanessa da Mata, foram compostas por ela mesma, são treze faixas em que divide a parceria com compositores da safra nova da MPB. Divide a voz com o cantor Bem Harper numa canção que provavelmente tem o intuito de lançá-la definitivamente no cenário mundial da canção popular. A canção que abre o CD chamada “Vermelho” já nos mostra o quanto Vanessa da Mata vem crescendo musicalmente ao longo de sua tão curta carreira, quando a canção diz : ... ver que tudo pode retroceder / que aquele velho pode ser eu / no fundo da alma há solidão / e um frio que suplica um aconchego ... fico a imaginar esta canção na voz por exemplo da Rainha Maria Bethânia. Obra prima mesmo é a canção chamada: “ Fugiu com a novela”, onde a compositora mostra-se completamente imersa no interior de um Brasil onde o sonho encantado que as telenovelas a anos provocam transforman-se numa pequena história profunda que mostra-nos a realidade de muitas mulheres e homens que tem como única forma de distração as telenovelas brasileiras. Eu perdi o meu amor / para uma novela das oito / desde essa desilusão eu me desiludi / O meu coração / palpita aparte poupando-me / de um pouco de sonhos/ depois desse desengano ... e por ai vai alinhavando uma triste história de amor, muito comum num Brasil ainda marcado pelo machismo e pela submissão feminina. Entre tantas e belas composições, penso que Vanessa da Mata poderia e deve ser generosa a ponto de poder distribuir entre as grandes vozes femininas doe nosso cenário musical suas canções, porque é impossível ouvir seu CD sem pensar o quanto é boa compositora, ela é um misto de Marisa Monte, Marina Lima, Adriana Calcanhoto, misturadas com a força interpretativa de Clara Nunes. Em mais uma bela faixa do CD encontramos a composição chamada: “Quem irá nos proteger” que diz assim: ... você conta por aí / da nossa felicidade/ mas nem todos podem ouvir / meu bem, meu bem, meu bem / ouça o mau tom do alheio ... Bem Vanessa da Mata esta protegida, basta agora proteger todo o cenário musical brasileiro com suas belas composições e seu canto alegre.

TERESA SALGUEIRO, A VOZ DE PORTUGAL NAS CANÇÕES DO BRASIL.


Cantora consagrada mundialmente por sua participação durante anos no conjunto português MADREDEUS, lança-se em carreira solo com um álbum inteirinho dedicado a boa musica de nosso cancioneiro popular, numa rica tentativa de abrir novas possibilidades para sua carreira. Acompanhada pelo Septeto de João Cristal, a rica voz de Teresa Salgueiro passeia por um cenário musical brasileiro de mais de um século, não sei se propositadamente mas ela busca em nosso cancioneiro algo do repertório de Carmen Miranda, no CD chamado Você e Eu. Como todos sabem Carmen Miranda nasceu em Portugal e veio muito pequena para o Brasil, e no CD encontramos uma das composições de Ari Barroso que projetou Carmen internacionalmente: “Na baixa do sapateiro”. Ela passa por Dorival Caymmi outro compositor muito presente na trajetória profissional e pessoal de Carmen Miranda, talvez ainda falte aprender revirar os olhinhos como Caymmi um dia ensinou a Carmen que aprendeu tão bem que fez com que tal cacoete torna-se sua marca registrada mundialmente até os dias atuais. Mas o CD também tem seus momentos bossa nova com muitas canções deste movimento musical brasileiro reconhecido em todo o mundo, podemos perceber que talvez a intenção de Teresa seja justamente a de gravar nosso cancioneiro no que ele tem de mais internacional, assim consegue entrada em outros mercados que não o do eixo Portugal – Espanha. O CD tem quase todas as composições que solidificaram o movimento da bossa nova no mundo, as mais celebres canções estão lá registradas com entusiasmo e alegria por Teresa Salgueiro. Teresa lançou o álbum no Brasil no inicio desde ano em shows para um publico bem pequeno, mas pode mostrar que de fato interessa-se por nossa música e buscou fazer um trabalho baseado principalmente no respeito que tem pelas composições brasileiras que selecionou para o álbum Acredito que seja esse um CD que tornar-se-á item obrigatório entre os amantes da boa musica aqui no Brasil e além mar também.

CÉLIA, FAZENDO O TEMPO SOAR SUA SÍLABA.


Célia, cantora que não carece de cenários nem de grandes orquestras, como abre a apresentação deste seu CD em enxuta apresentação Hermínio Bello de Carvalho, mostra com mais esta produção de Thiago Marques Luiz que de fato sua voz aveludada é única em nosso cenário musical. Na verdade o CD intitulado “ faço no tempo soar minha sílaba” mostra Célia em parceria com o músico Dino Barioni, lançado em 2007 pela Lua Music trás uma série de participações afetivas musicais, podemos encontrar no álbum a doce voz de Lucinha Lins, a vibrante voz de Beth Carvalho, a firmeza da voz de Zélia Dunca, a musicalidade de Dominguinhos e todo o swing do Quinteto em Branco e Preto. O CD com sonoridade requintada, coloca um feixe de luz sobre esta cantora que tem mais de 30 anos de carreira e tem levado a vida a fazer pequenos shows, em bares, boates, totalmente fora da mídia nos últimos 20 anos, esta produção presenteia o publico de gosto refinado. A escolha do repertório é capitulo a parte nesta produção, temos belas composições de Caetano Veloso, Martinho da Vila, Adoniran Barbosa, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Hermínio Bello de Carvalho e Chico Buarque. Todas as músicas escolhidas cabem tão bem dentro da voz de Célia que ao terminar de ouvir cada uma das canções, nos perguntamos: Será que ela já havia gravado estas canções? Cada faixa trás algo de definitivo para as interpretações já dadas ao longo de décadas as mesmas. A canção “Disritmia” em duo com Zélia Duncan é um dos grandes destaques deste CD, soando como a tradução do imaginário feminino criando cenas que talvez nem mesmo seu compositor tenha pensado, mas que cabem perfeitamente dentro do universo em que a canção foi composta. Talvez a gravação de “Pressentimento” em duo com a cantora Beth Carvalho possa estar entre um dos mais belos encontros já produzidos no cancioneiro popular brasileiro, a bela composição ganha leveza e uma transparência que tocam a alma ao ouvi-la, duas vozes impares perpetuando para a eternidade uma das mais belas composições brasileiras. Fechando com as belas palavras de Hermínio Bello de Carvalho que diz: ... e é um régio presente dos deuses reouvi-la tão bem produzida e magnificamente acompanhada. Ouçam ........

CLAUDETTE SOARES – A VOLTA.


Ao pensarmos nas DIVAS de nossa música popular brasileira é impossível não trazermos a memória desta cantora que tem, 1m49cm, amiga de Sylvinha Telles, afilhada de Roberto Carlos, integrante da turma da Bossa Nova e respeitada por todo o universo musical brasileiro. Claudette Soares é um ícone de nossa cultura, lançou e ganhou a canção chamada “HOJE” de um dos mais interessantes compositores da musica brasileira, ninguém menos que “Taiguara”. No auge da ditadura militar lançou um LP em que só cantava canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, um atrevimento único que balançou os escritórios de sua gravadora de então, mostrou assim que a arte e seus movimentos estão sob qualquer regime, principalmente os regimes autoritários. Agora em 2007, a DIVA volta a cena com o magnífico CD “Foi a Noite – Canções de Tom Jobim” que muito mais que uma homenagem ao maestro soberano, trata-se de um CD que recoloca Claudette em destaque no cenário atual de nossa música. Muito mais que um tributo a obra de Tom Jobim o CD é uma ode a voz impecável de Claudette e uma belíssima manifestação de carinho a sua grande amiga a cantora Sylvinha Telles que partiu cedo, deixando um buraco até hoje não preenchido entre as interpretes de nossa música. A seleção de canções de Tom Jobim que foi escolhida para homenagear sua amizade com Syvinha Telles não podia ser melhor, estão lá as canções: “Discussão”, “Samba Torto” e “Eu preciso de você”, certamente os fãs devem estar enlouquecidos. Falar deste trabalho que recoloca Claudette Soares no cotidiano do mundo discográfico sem falar de seu produtor, Thiago Marques Luiz, é certamente uma leviandade que não pode ser permitida. Thiago é um pesquisador de MPB de uma generosidade imensa, menino carinhoso com os artistas que produz, ligadíssimo na memória musical brasileira e antenadissimo em relação do que de novo aparece no cenário. Os arranjos, a concepção gráfica e sobretudo a escolha do repertório tem a mão precisa de Thiago, que neste CD teve aparentemente a única intensão de recolocar no cenário musical uma de suas maiores DIVAS, e conseguiu: Salve! Salve! Claudette Soares e Salve! Salve! este jovem produtor musical!

LEILA MARIA, E AS CANÇÕES DE AMOR DE IGUAIS.


A cantora Leila Maria, após um CD de excelente qualidade onde gravou composições brasileiras vertidas pelo mundo afora para a língua inglesa, traz um novo trabalho, desta vez buscando cantar o amor entre iguais, instalando o mesmo clima jazzístico que tornou o CD anterior num dos melhores já lançados.
Leila Maria abre o CD com uma composição de Roberto e Erasmo Carlos sucesso absoluto na voz de Wanderléa no inicio dos anos 70, transposto para o universo GLS, a canção torna-se imbatível, muito embora os conhecedores da canção balancem pois todos sabem que a canção foi feita para a primeira mulher de Roberto Carlos que era desquitada na época, e não para um possível namorado do rei, esta canção chama-se: “Você vai ser o meu escândalo”. Posso dizer que o impacto desta canção nos dias de hoje é igual ou maior do que foi na época de seu lançamento, para isso é só contextualizá-la no Universo gay tanto masculino quanto feminino.
Em seguida Leila Maria trás a composição de Eduardo Dusek e Luis Carlos Góes intitulada “Seu tipo” imortalizada por Ney Matogrosso em álbum do mesmo nome lançado no inicio dos anos 80, Leila a grava de maneira a torná-la um hit das pistas de dança pelo Brasil afora, muito interessante a interpretação que a cantora dá a esta canção.
Mas a mais avassaladora das interpretações está na bela canção do magnífico Johnny Alf “Ilusão a toa”, Leila Maria se supera ao dar vida a canção que revela a paixão por alguém do mesmo sexo, num período da história que isso não era sequer permitido confidencias. Leila nos permite viajar a um período onde a intolerância fazia com que muitos sufocassem o amor.
As interpretações em Inglês que Leila Maria trás ao CD são primorosas e não deixam absolutamente nada a desejar as gravações originais, diria mesmo que inclusive tais interpretações superam as originais, pois o swing jazzístico de Leila Maria tornam suas interpretações únicas.
Ainda temos no CD uma composição de Lulu Santos hit nos anos 80 e símbolo de uma geração que aprendeu a por a cara pra fora e ir as ruas mostrar seus amores chamada: “Um certo alguém”, de balanço gostoso é impossível não cair na dança com a interpretação de Leila Maria para essa canção tão popular.
No CD temos um Chico Buarque muito inspirado em “Mar e Lua” nesta interpretação penso que Leila Maria poderia ter convidado alguém para um duo poderia inclusive ter convidado um cantor, pena que não rolou.
Enfim neste CD o amor está presente em todas as faixas independente dele ser vivenciado entre iguais ou diferentes, vale conferir e ter na cdteca de casa.

TODOS OS CANTOS DE MATEUS SARTORI.


... a beleza do mundo se enfeiou ...

Pois bem, não conhecer e não ouvir o cantor Mateus Sartori provoca exatamente o que a canção “Lamento” de Meyson diz logo no inicio destes escritos, é impossível aos amantes da boa MPB deixar de ouvir este cantor.

Nascido no interior de São Paulo, estudante de música e arquitetura, Mateus Sartori é o que de melhor São Paulo pode oferecer a música brasileira nesta primeira década do século XXI.

Em sua pequena discografia constam dois CDs e um DVD o primeiro lançado em 2005 que tem a canção “Lamento” entre outras perolas gravadas por Mateus Sartori chama-se: “Todos os cantos”, titulo absurdamente correto, nele estão contidas todas as possibilidades do canto de Mateus, ou quase todas, nele o cantor passeia por cantigas de domínio publico, caso de “Oxaguian”, e por clássicos da MPB, como: “Joanna Francesa” de Chico Buarque e “Quebra Pau” do saudoso Gonzaguinha, mas também tem Guinga, Djavan, Lenine e tantos outros.

A produção deste CD é de Mario Gil que contribui com a canção “Imperador da Ralé” um belo poema musical que diz mais ou menos assim:

... só tem paixão por mulher, se é moça pura ou mica flor, se é parideira não quer ...

Mas o trabalho recente de Mateus Sartori lançado em 2007 (CD + DVD) esgotados, é uma homenagem única ao mestre Dorival Caymmi, compositor muito cantado pelas vozes femininas de nossa MPB. Desta vez a obra de Caymmi ganha uma voz masculina impar para reler suas maiores composições, com perdão aos dois magníficos artistas e filhos de Dorival Caymmi, Dori e Danilo, Mateus Sartori trás jovialidade e leveza a quase centenária produção de Caymmi. Atreveria-me a dizer que é a voz definitiva para a obra de Caymmi se manter viva neste novo século.

Este CD sabiamente intitulado “02 de fevereiro” tem produção impecável de Rodolfo Stroeter, e tem participação do cantor Renato Brás, e trás encarte com fotos da festa baiana, o que dá requinte a produção, alias tanto o primeiro trabalho quanto este merecem parabéns pela delicadeza da concepção gráfica.

Espero que rapidamente volte as lojas a versão CD+DVD “02 de fevereiro” simplesmente porque é um item pra lá de necessário e básico para todas as casas que respiram música, as escolas que ensinam música, e as vielas que fazem música em nosso Brasil.

AS NOVAS VOZES E AS "VELHAS" CANÇÕES DA MPB.

É impossível para turma que já passou dos 35 anos de idade nada sentir ao ouvir as canções "Ronco da Cuíca", "Sem Fantasia" ou "Atrevida" respectivamente canções dos compositores: João Bosco/Aldir Blanc, Ivan Lins/Victor Martins e Chico Buarque, elas entre tantas outras, retratam um período de nossa história entre o fim dos anos 60 e meados dos anos 70, aquele período que chamamos de "Anos de Chumbo".
Pois bem, três jovens cantoras de nossa canção estão com CDs lançados agora neste final de ano, onde recriam esses clássicos. Cada uma com suas características próprias, suas referências, suas preferências, suas gravadoras e seus produtores, mas todas mergulhadas no que há de melhor no universo da música popular brasileira.
São elas as cantoras: Céu, Paula Santoro e Isabella Taviani também compositoras que só vêm reafirmar que o Brasil é um país de voz feminina. Nossa musicalidade é repleta de feminilidade, o que de inquietante essas cantoras trazem em seus CDs/DVDs é o mergulho em nossa história recente.
Há muito tempo, desde meados dos anos 80, a música brasileira optou pelo pop fácil e de gosto duvidoso, levando inclusive Damas da Canção a gravarem este estilo musical. Parecia que as canções com algum poder de reflexão estavam fadadas ao extermínio.
Nos anos 90 o surgimento de alguns compositores como: Chico César, Klébi, Zeca Baleiro trazendo novamente letras inteligentes e as canções com melodias elaboradas, recuperando assim a real vocação de nossa canção popular: alimentar com qualidade o mercado fonográfico.Quando nosso cancioneiro popular traz qualidade, nossas crianças e adolescente sentem-se estimulados à leitura e à composição, e é assim, que a gente faz um país. Pois com composições pobres e fáceis a gente desconstrói e até mesmo apaga da memória o que de bom já foi criado.Ao ouvir os três CDs que em seguida descreverei, percebo e minha alma se enche de alegria, a possibilidade de um país melhor, mais belo, singelo e cheio de inteligência e elegância. É importantíssimo a elegância em todos os aspectos de nossa existência, ao assistir a um programa de entrevistas na TV Aberta esta semana, me deparei com toda a elegância de Seu Jorge, pensei: - Meu Deus como é bom ter neste país gente tão elegante! Mas, por favor, entendam aqui elegância em seu significado mais complexo: vejamos o que o velho e bom dicionário nos diz: proporção adequada entre os elementos de uma composição artística, harmonia... in: Aurélio.
Céu - titulo do CD: Céu/2005 - paulistana de 25 anos, nome de batismo Maria do Céu Whitaker Poças trás em seu álbum de estréia, inúmeras e surpreendentes canções de sua própria autoria e recria de João Bosco e Aldir Blanc, "Ronco da Cuíca" de maneira magistral, é para lá de necessário, uma audição apurada, daquelas audições de costumamos fazer sozinhos num refúgio qualquer. Pensam que parou aí? Que nada ! Tem Bob Marley - "conCrete Jungle", estupendo e fabuloso. Para terminar que tal ... consciência, maior arma/mapa para qualquer lugar ... da canção Roda - (Céu-Beto Villares). Precisa dizer mais alguma coisa?? Quer saber mais e comprar este CD? http://www.ambulantediscos.com.br
Paula Santoro - titulo do CD: Paula Santoro/2005 - mineira há muito tempo na estrada esteve recentemente no Festival da TV Cultura, defendendo a canção: "Um samba a dois" de Eduardo Neves e Mauro Aguiar. O Cd saiu pela gravadora Biscoito Fino", como de costume, dispensou cuidados para lá de especiais. Paula trás logo de inicio a participação para lá de especial do cantor e compositor Chico Buarque em duo comovente em "Sem Fantasia". No mais ela passeia pelos mares mais profundos, abrindo literalmente o CD com a música "Se você disser que sim", dos magníficos: Moacir Santos/Vinícius de Moraes e, assim segue, por canções de Milton Nascimento, Djavan, Vitor Ramil, Cacaso, Moacyr Luz com Aldir Blanc e na canção de Seu Jorge que diz ... quando eu voltar para minha terra / eu nem sei se será frio ou primavera / se eu terei você à espera no portão / do nosso barracão, da nossa liberdade ... parceria com Robertinho Brandt. Para saber mais e comprar o CD: http://www.biscoitofino.com.br
Isabella Taviani - titulo do CD/DVD: Isabella Taviani ao vivo/2005 - carioca que diz ter em Dalva de Oliveira e Maria Callas sua inspiração para o cantar, assinou este ano contrato grandioso com uma "major" da industria fonográfica e está lançando CD/DVD de um show gravado ao vivo no Rio de Janeiro, que traz toda sua força e mostra que ela é da linhagem das Damas de Voz firme e forte de nossa canção popular. Compositora inspirada e apaixonada trás, com força poética, as dores de amor que nos toca a todos. No CD/DVD traz ainda os consagrados compositores: Sérgio Sampaio, Paulo Coelho e Raul Seixas, Ivan Lins e Vitor Martins e Antônio Maria e Fernando Lobo ... porque me olha com esses olhos de loucura? / Por que você diz meu nome?/ Por que você me procura? Se as nossas vidas juntas vão ter sempre um triste fim ... Se tiveres que escolher entre CD/DVD opte pelo DVD, porque a imagem de Isabella Taviani na telinha representa força e gana sempre.

NEY MATOGROSSO, O INCLASSIFICÁVEL


Ao longo dos anos a MPB costumou dar títulos a seus grandes cantores e cantoras, tivemos, A Divina, O rei da voz, A Sapoti, A Rainha, A Princesa, o Príncipe de nossas canções. Ney Matogrosso há mais de trinta anos na estrada que leva os ouvintes para a boa música brasileira, acaba de colocar no cenário musical brasileiro um CD e DVD intitulado “Inclassificáveis” , sem duvida deve ser este o titulo que definitivamente este grande interprete da canção deixe carimbado em seu passaporte musical. Ele é mesmo “Inclassificável”, com 66 anos de vida este é o titulo que melhor traduz esta personalidade que há muito tempo chacoalha e guia sua carreira com uma precisão dos Deuses. O CD e o show são abertos pela canção vigorosa de Cazuza intitulada “ O tempo não para” nada é mais concreto do que a dureza dos versos compostos nos anos 90 pelo poeta que partiu deixando saudade. Em seguida ele viaja no tempo para interpretar uma das mais belas canções de nossa música: “Mal necessário” que arrepia os mais sensíveis tamanha a intensidade da vigorosa interpretação, e para mim se tornou clássica desde que uma possibilidade de amor me revelou ter ido as lágrimas ao ouvi-la, alias o amor nu e cru além de explodir dentro de nossos corpos é a tônica deste trabalho de Ney Matogrosso. Entre tantas canções novas, Ney trás com força uma canção de Jorge Drexler chamada “Sea” num espanhol que emociona e o devolve ao cenário latino-americano. A canção que acabou parado nas rádios foi “ Veja bem, meu bem” de Marcelo Camelo já gravada por Maria Rita, a nova interpretação transforma a canção num bolero irresistível. Este é um trabalho que torna-se imprescindível à estante de todos os amantes da boa música, e principalmente para todos que como eu vivem a possibilidade de um novo amor. Comprem, divulguem, vão ao show, assistam-no inúmeras vezes em casa e de preferência ao lado de quem se ama ou de quem se quer amar, sem dúvida será um ótimo começo para se reaprender a amar Ney Matogrosso e o amor.

CARLOS NAVAS – E O UNIVERSO INFANTIL.


Carlos Navas cantor que lança agora seu CD “Canções de Faz de Conta”, na apresentação inicial dedica este trabalho “... a todos que são crianças no coração” pois é ao terminar de ouvir o CD é esta a sensação que fica, ainda existe uma criança em nossos corações.
Com belos arranjos, que só fazem valorizar a bonita voz de Carlos Navas, o CD feito a partir da garimpagem nas composições de Chico Buarque voltadas para o Universo Infantil é tomado por uma ludicidade muito animadora.
Para iniciar o publico de tenra idade no universo buarquiano esta obra torna-se imprescindível, como educador que sou há muitos anos e recentemente envolvido com as questões da educação infantil, atrevo-me a dizer que este CD deveria estar presente no material de todo professor brasileiro.
É bem difícil escolher ou indicar uma ou outra canção, todas são excelente e na voz de Navas ganham uma clareza estonteante, sua pronuncia de cada palavra que canta é clara e límpida batendo nos ouvidos como o sopro de uma brisa que chega num dia de calor insuportável.
Para os pequenos esta limpidez das pronuncias de Navas é fundamental para fazer com que as crianças apreendam as canções e possam depois repeti-las por toda suas vidas.
Para destacar apenas algumas das belas canções escolhidas, vale a pena ouvir com atenção redobradas as interpretações de : “Rebicharada”, “João e Maria”, “Hollywood”, “A banda” e “ O caderno” são fenomenais. Mas sabe de uma coisa? Deixe estas observações para lá e ouça todas as canções sem parar, cantarole-as, presenteie sobrinhos, filhos, alunos, de todas as idades de fato eis um belo presente para todos que tem crianças em seus corações. Porque além disso tudo o CD conta com as participações de Vânia Bastos e Bibi Ferreira, precisa dizer mais alguma coisa?
Precisa sim, é necessário dizer que a produção deste CD é de Thiago Marques Luiz , que mostra mais uma vez que é um excelente produtor e um garimpador de mão cheia, ele consegue neste CD mergulhar no Universo Infantil de maneira a contribuir com a perpetuação do que a de melhor em nossa música, acredito seriamente que as crianças que moram nos corações de Thiago, de Navas e de toda a turma que participou do CD são crianças especiais, cheias de vida e alegria que emanam ternura.

Rubi - FICA COMIGO ESTA NOITE?



... cabe tudo no mundo, que alivio, cabe até eu, que pensei que nunca caberia ...
Rubi é uma pedra preciosa vermelha, uma variedade do mineral. Os rubis naturais são excepcionalmente raros, mas produzem-se rubis artificialmente que são comparativamente baratos.
Nosso Rubi é o cantor, lançado em 1998 e que é impossivel ter cópias baratas, em 2006 ele lançou o CD “Paisagem Humana” para reafirmar que sua voz é única no cenário nacional.
O trabalho atual contem 17 faixas entre velhos clássicos da MPB e composições novas, pode parecer grande demais para alguns, mas para os ouvidos em busca de belas canções e belas vozes terão a sensação de que o tamanho é ideal.
A canção “Cabimento” de Kleber Albuquerque é a sétima do CD e podemos dizer que é a tradução fiel para este trabalho de Rubi, em seu repertório cabe absolutamente tudo da MPB, sua voz as vezes beira o terno cantar das amas de leite que outrora amamentavam os filhos dos brancos e ora lembra-nos a luta pela libertação que moveu tantos homens e mulheres mundo afora em busca da libertação.
Rubi é goiano e vive em São Paulo, sua voz vem impressionando a todos, pelas modulações que emite indo de um extremo a outro das possibilidades que uma canções oferece ao interprete sem deixar o ouvinte paralisado .
Ele trás neste trabalho canções já consagradas por duas das maiores interpretes da MPB, Gal Costa, em “Santana” de João Carlos/Junio Barreto e Maria Bethânia numa comovente interpretação de: “Para eu parar de me doer” de Milton Nascimento/Fernando Brant.
Mas é na canção “Você me chamou de nego” de Gasolina, que ele imposta a voz para reinvindicar seu lugar no cancioneiro popular de protesto emitindo suas notas raivosas nas frases: ... se você pensa que é branca, mulatinha tola que você é, essa pele amarelada, eu trago na sola do pé ... sua interpretação é contundente e fala por si.
Sucumbimos definitivamente a audição do CD de Rubi “Paisagem Humana” quando nos entregamos a faixa “ Fica comigo essa noite” de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves, certamente durante a audição sejamos homens ou mulheres, passa por nossas cabeças a pergunta que gostariamos de fazer a Rubi: - Fica comigo esta noite?

Abraçar e Agradecer Fabiana Cozza sempre!



É assim que a cantora Fabiana Cozza abre o CD de 2007 intitulado “Quando o céu clarear” da gravadora Ago, mas é sobre seu novo trabalho que quero escrever.
No cenário musical há mais de dez anos, esta cantora, atriz e excelente bailarina afro-cubana-brasileira gravou recentemente no Auditório Ibirapuera em São Paulo seu primeiro DVD em parceria com a TV Cultura – SP, só para aguçar mais ainda a curiosidade sobre esse novo trabalho, entre tantas participações especiais ela contou com Maria Rita cantora que tem grande publico e está na mídia com força.
Obviamente as participações especiais apenas emolduraram o talento sem fim desta cantora que consegue como ninguém ocupar todos os espaços do palco como só as grandes DIVAS da canção poderiam fazer.
Seria muito fácil compará-la com inúmeras cantoras da MPB, a começar pela incomparável Clara Nunes, mas isso seria leviano, pois Fabiana Cozza é única e abre espaço no cenário musical com tamanha força que se torna indescritível a sensação de vê-la cantar, dançar e representar.
Para mim o momento máximo do show foi a interpretação personalíssima de um dos mais belos sambas-afros de Baden Powell: CANTO DE OSSANHA, a voz de Fabiana Cozza entra por todos os poros do ouvinte levando-nos direto as nossas raízes, é algo que realmente arrepia.
Entre o repertório é impossível não nos reportamos a CUBA, quem teve a oportunidade de conhecer a Ilha saberá certamente do que falo, é impressionante a afinidade da cantora com os ritmos cubanos.
Sem duvida nenhuma se firma no cenário musical brasileiro uma DIVA que é fruto da miscigenação de raças da qual o povo brasileiro é formado.
Só nos resta mesmo abraçar e agradecer FABIANA COZZA sempre!

BRASIL: UM PAÍS AFRO-DESCENDENTE E DE VOZ FEMININA

Desde que a escrava negra ninou o senhorzinho com seu canto-lamento trazido das terras africanas, a formação de nosso povo tem a voz feminina como a mais pura tradução de seu cancioneiro popular.
Inúmeras são as cantoras que por séculos acalantam e acariciam o povo brasileiro, desde que a negra escrava com seu canto - lamento nos ensinou a apreciar a sonoridade vinda da alma feminina que, ao longo dos séculos, foram decalcando em nossos inconscientes a paixão pôr elas.
È impossível não lembrar do 20 de novembro, data que todo nosso povo deveria reverenciar e o feriado, deveria ser nacional, nos provoca a lembrança das grandes damas afro-descendentes de nosso cancioneiro popular.
Dona Clementina de Jesus, a mais pura tradução do canto-lamento, redescoberta já ao final da vida pelo pesquisador Herminio Bello de Carvalho fez história. A primeira dama da Bossa Nova, Alaide Costa, cantora e compositora de mão cheia com parcerias entre outras com Vinícius de Moraes (pouco fala-se até hoje da importância de Alaide Costa para a Bossa Nova) insistimos em associar a Bossa Nova aos brancos de classe média de um Rio de Janeiro que vivia seu apogeu.
Como esquecer de Carmem Costa, a dama das damas, ainda em forma implorando para ser tombada como patrimônio histórico com toda a razão que o cantor popular Elymar Santos não deixa cair em esquecimento acabando de convidá-la para a gravação de seu mais recente DVD a se lançado em 2006.
E a dama da resistência Zezé Motta, audaciosa, escancarou a sensualidade negra para as grandes platéias do cinema nacional e mundial, e não deixou-se vender às grandes gravadoras que a queriam cantando sambas. Pagou um preço alto, mas tem uma obra sólida e requintada, permitindo-a seguir com a cabeça erguida entre as Prima Donas vivas da Canção Popular como Maria Bethânia, Gal Costa e Simone. Como não lembrar do brilho impar de Zezé num antigo especial da TV Globo chamado "Mulher 80’, onde era a única mulher negra a participar.
E temos ainda Sandra de Sá, a dama de swing para lá de contagiante, passando por novos nomes como: Luciana Mello, que bem poderia ter tido todo o aparato de mídia que Maria Rita tem para divulgar seu canto e Leila Maria, uma dama no naipe de Shirley Horn e Nina Simone, que pouquíssimos conhecem e lançou este ano um Cd maravilhoso chamado "Off Key".
E as damas do samba: Alcione (a Marrom), que toca como ninguém em todas as rádios, sendo sinônimo de sucesso há anos. Leci Brandão, síntese do canto de protesto contra a discriminação da mulher negra, sempre lutadora e engajada. Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara, esta última, há mais de 80 anos compondo e cantando e, pasmem, nunca conseguiu viver só de seu canto, trabalhou uma vida inteira como enfermeira até aposentar-se.
Novo século e, aquele canto lamento da negra escrava que embalava o sinhozinho, se recria e reconstrói nas belas vozes de Negra Li, Tati Quebra Barraco, e numa Vanessa da Matta, que sintetiza a mistura de raças que transformam o canto de nosso povo em poesia.
E, para terminar, como esquecer o canto da Sapoti (Ângela Maria), negra que foi rainha do rádio numa época onde se escondia sob uma maquiagem carregada que a deixava branca. Ângela Maria nunca percebeu-se como a Primeira Dama Afro-descendente de nossa canção, mas em "Vida de Bailarina" (canção de Américo Seixas e Chocolate), prova que o Brasil é um país de alma e voz femininas e afro-descendente em essência, mesmo que muitos finjam não perceber.
Desde que a escrava negra ninou o senhorzinho com seu canto-lamento trazido das terras africanas, a formação de nosso povo tem a voz feminina como a mais pura tradução de seu cancioneiro popular.
Inúmeras são as cantoras que por séculos acalantam e acariciam o povo brasileiro, desde que a negra escrava com seu canto - lamento nos ensinou a apreciar a sonoridade vinda da alma feminina que, ao longo dos séculos, foram decalcando em nossos inconscientes a paixão pôr elas.
È impossível não lembrar do 20 de novembro, data que todo nosso povo deveria reverenciar e o feriado, deveria ser nacional, nos provoca a lembrança das grandes damas afro-descendentes de nosso cancioneiro popular.
Dona Clementina de Jesus, a mais pura tradução do canto-lamento, redescoberta já ao final da vida pelo pesquisador Herminio Bello de Carvalho fez história. A primeira dama da Bossa Nova, Alaide Costa, cantora e compositora de mão cheia com parcerias entre outras com Vinícius de Moraes (pouco fala-se até hoje da importância de Alaide Costa para a Bossa Nova) insistimos em associar a Bossa Nova aos brancos de classe média de um Rio de Janeiro que vivia seu apogeu.
Como esquecer de Carmem Costa, a dama das damas, ainda em forma implorando para ser tombada como patrimônio histórico com toda a razão que o cantor popular Elymar Santos não deixa cair em esquecimento acabando de convidá-la para a gravação de seu mais recente DVD a se lançado em 2006.
E a dama da resistência Zezé Motta, audaciosa, escancarou a sensualidade negra para as grandes platéias do cinema nacional e mundial, e não deixou-se vender às grandes gravadoras que a queriam cantando sambas. Pagou um preço alto, mas tem uma obra sólida e requintada, permitindo-a seguir com a cabeça erguida entre as Prima Donas vivas da Canção Popular como Maria Bethânia, Gal Costa e Simone. Como não lembrar do brilho impar de Zezé num antigo especial da TV Globo chamado "Mulher 80’, onde era a única mulher negra a participar.
E temos ainda Sandra de Sá, a dama de swing para lá de contagiante, passando por novos nomes como: Luciana Mello, que bem poderia ter tido todo o aparato de mídia que Maria Rita tem para divulgar seu canto e Leila Maria, uma dama no naipe de Shirley Horn e Nina Simone, que pouquíssimos conhecem e lançou este ano um Cd maravilhoso chamado "Off Key".
E as damas do samba: Alcione (a Marrom), que toca como ninguém em todas as rádios, sendo sinônimo de sucesso há anos. Leci Brandão, síntese do canto de protesto contra a discriminação da mulher negra, sempre lutadora e engajada. Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara, esta última, há mais de 80 anos compondo e cantando e, pasmem, nunca conseguiu viver só de seu canto, trabalhou uma vida inteira como enfermeira até aposentar-se.
Novo século e, aquele canto lamento da negra escrava que embalava o sinhozinho, se recria e reconstrói nas belas vozes de Negra Li, Tati Quebra Barraco, e numa Vanessa da Matta, que sintetiza a mistura de raças que transformam o canto de nosso povo em poesia.
E, para terminar, como esquecer o canto da Sapoti (Ângela Maria), negra que foi rainha do rádio numa época onde se escondia sob uma maquiagem carregada que a deixava branca. Ângela Maria nunca percebeu-se como a Primeira Dama Afro-descendente de nossa canção, mas em "Vida de Bailarina" (canção de Américo Seixas e Chocolate), prova que o Brasil é um país de alma e voz femininas e afro-descendente em essência, mesmo que muitos finjam não perceber.