sábado, 26 de fevereiro de 2011

1970: A HORA E A VEZ DE TIM MAIA.


















O primeiro LP do grande cantor e compositor Tim Maia chegou até o publico em 1970. Éramos então um país atormentado pela ditadura militar e tentando se conectar com a modernidade que no mundo propunha uma sexualidade plena e o consumo aberto de drogas para se atingir a plenitude.

Tim maia que, no ano anterior, tinha emplacado sucesso na voz do Rei da Juventude de então, Roberto Carlos, e gravado dueto com a rainha da canção brasiliera: a eterna e única Elis Regina, via surgir efetivamente a luz que nunca mais deixaria de acompanha-lo. Tim não veio devagar, não! Ele veio e se estatelou no universo de estrelas de nossa música e de cara ganhou seu lugar.

Para se ter uma pequena ideia do que foi este LP que tem como titulo apenas o nome do cantor “Tim Maia”, ele é aberto com a canção “Coroné Antonio Bento”... Isso mesmo! Aquela que retornou com força anos atrás na voz rouca de Cassia Eller. Em eguida, ouvinos um clássico romantico dos bailinhos da periferia das cidades do Brasil: a canção chamada “Cristina” que tem no mesmo LP sua continuidade na penultima faixa intitulada “ Cristina nº 2”.

Temos também neste LP uma canção que pegou viceralmente o coração de jovens nordestinos. Não dos jovens intelectualizados da época, mas aqueles jovens que enfincandos no sertão, nunca, até então, tinham sido retratados no universo pop da canção brasileira. A canção “Padre Cicero” com batida da música black americana trazia para o publico da zona sul a fé de um povo que o próprio Brasil até hoje recusa-se a conher bem.

Lembro-me que vizinhos meus neste periodo mais velhos não paravam de ouvir Tim Maia e Wilson Simonal, e passados uns 10 anos só ouviam Tim, obviamente não porque um fosse melhor que o outro, mas sim pela fase obscura na qual Wilson Simonal mergulhou, mas Tim de fato chegou com uma carga de luz tamanha que até hoje ela emana luminosidade a seus ovintes que não são poucos Brasil afora.

Entre as 12 faixas deste LP que merece ser ouvido sempre, se encontram duas canções que os filhos da periferia (como eu) jamais esquecerão. São elas: “Primavera” e “Azul da Cor do Mar”.Classicos daqueles bailinhos que nos levava a casa dos amigos nos sábados e como esquecer aquele vozeirão de Tim cantarolando “... quando o inverno chegar / eu quero estar junto a ti / pode o outono voltar /eu quero estar junto a ti / é primavera ti amo ... há se o mundo inteiro me pudesse ouvir/ tenho muito pra contar ..” Pois é! Tim Maia vive dentro de nossas memórias e está por aí... Vale procurar este LP/CD de 1970 e deixar tudo ficar azul da cor do mar.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A ROSA AZUL EXISTE E TOCA AQUI EM CASA











Estávamos no inicio do século XXI quando a gravadora Velas trouxe até nós um CD cujo titulo simples trazia uma das mais belas cores que existe no mundo “Azul” e a doce voz que o CD contém é de uma das maiores cantoras que nosso Brasil tem: Rosa Passos. Sou fã de Rosa há muito tempo e sua voz ocupa todos os espaços aqui de minha casa sempre e sempre.

Cada vez que ouço um dos trabalhos de Rosa Passos me comovo e sempre lamento o fato dela fazer mais shows e ser mais conhecida e respeitada em outros paises doque neste nosso Brsilzão. Rosa Passos deveria tocar muito em todas as emissoras de rádio e aparecer sempre em todas as midias, enfim ...

Este CD “Azul” é fabuloso e tras todas as possibilidades que a voz de Rosa Passos pode nos oferecer. Ritmos e composições diferenciadas, na maioria das vezes, arranjadas por Lula Galvão. Ela consegue ir de uma interpretação insuperavel para um classico da voz de Elis Regina, e a profundidade exigida na interpretação de uma canção de João Bosco, e sem copiar ninguém, imprime versão única as canções que passam por sua garganta.

O titulo do CD “Azul” é também titulo de uma das faixas do CD feita por Djavan nos anos 80 para um LP de Gal Costa que teria este como titulo e que ao sair da gravadora naquela época chamou-se: “Minha Voz, Minha Vida”. Sabiamente, Rosa Passos trouxe o nome da música para o titulo deste CD com sua voz ela desliza suavemente e com swing incomparavel nos versos: “... eu não sei se vem de Deus / do céu ficar azul/ ou virá dos olhos teus ...”

Mais algumas canções estão neste trabalho são elas “Açai” e “A Ilha” com interpretações únicas que devem ter enchido de alegria o autor, afinal, o compositor só existe se houver alguém que dê vida a sua criação, e Rosa Passos não só dá vida como garante a eternidade das canções dos compositores que tem a sorte de estar entre os seus escolhidos.

Grande dama da música Rosa Passos em “Azul” canta canções de João Bosco, Gilberto Gil e Djavan e são estes tres mestres de nossa canção que compõem o céu azulado e limpido que esta cantora apresenta a seu publico. O resultado da soma das canções destes mestres a voz de Rosa Passos torna o céu que está sobre cada um de nós ainda mais bonito, bastando para isso abrir o coração para esta voz que é a voz de todos que amam a beleza da vida.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A NEGRA MELODIA DE ZEZÉ MOTTA











Foi através da imagem forte de Zezé Motta na telinha da TV que toda uma geração de brasileiros aprendeu a conhecer as sutilezas da beleza da mulher negra e sua capacidade de trazer, com seu talento, todas as formas de arte que vão do canto a interpretação.

Nunca tirei da memória uma participação que Zezé Motta fez no especial de TV Mulher 80 (já editado em DVD) que emocionadamente ela conta a história de seu pai que não pôde ver seu sucesso... Aquilo me tocou profundamente assim como a interpretação de uma canção que fez a seguir a este depoimento e que neste momento não lembro o nome.

Sempre trouxe para minha casa todos os trabalhos fonograficos de Zezé Motta, e gostei de todos. Nos últimos anos, vinha sentindo falta de trabalhos novos da cantora que um dia roubou meu coração e através da gravadora Joia Moderna pude, nesse começo de 2011, trazer para casa um novo CD de Zezé Motta chamado “Negra Melodia”, onde ela canta canções de Jards Macalé e Luiz Melodia.

“... Nos galhos do arvoredo / ouvi alguém me encantar / só com o seu canto / fui levada para lá / simples de dizer / fácil de entender / alguém que vem de longe para pertinho de você ...” é com estes versos que Zezé Motta encerra seu novo trabalho em CD e ironias a composição é de Jards Macalé rotulado por anos a fio como um “poeta maldito”. Oos versos falam por si e desnudam a hipocrisia racista que reina ainda hoje na grande midia.

O CD nos remete aos grandes LPs lançados por Zezé ao longo destes mais de 40 anos de vida artisticas, e ela gosta de se definir como sendo uma “cantriz”, tudo bem” posso até concordar, mas para mim, Zezé Motta é mesmo uma das maiores cantoras de nossa música, e neste trabalho está cercadas por musicos de primeira linha que constroem arranjos e que tocam com profundidade os ouvidos dos amantes da boa música.

A seleção do repertório é genial. Se num momento Zezé Motta fecha este trabalho com a canção “Encanto” de Jards Macalé citada acima, em outro ela o abre com uma composição de Luis Melodia e Ricardo Augusto chamada “O Sangue não Nega” que diz assim: “... disseram no jornal televisão / que eu não gosto mais de samba, samba / jornal, televisão está no ar / Mas eu sou bamba, bamba / A lógiva se move, deixa estar ..”. Ainda bem que a gravadora Joia Moderna chegou para mover esta lógica e trazer nos de volta esta que é a mais bela estrela negra do Brasil.





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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A VOZ DA MULHER NA OBRA DE TAIGUARA.




Acho que o ano era 1977 e eu andava apaixonado por uma cantora que transformaria-se em uma das DIVAs de nossa canção, e como todo fã enlouquecido corri atrás de todos os LPs que ela havia gravado. Encontrei o primeiro, datado de 1973 e lá estava uma canção que diza mais ou menos assim “... Vida é só uma estrada e vai levar / Aonde o teu amor puder / Vida é teu momento de entregar / É dentro de você, mulher ..”. me chamou a atenção e corri a procurar tudo sobre seu autor: Taigura. Contava eu, então, com meus 14 anos.

Taigura nunca mais saiu de meu aparelho de som e ocupou lugar definitivo em meu universo musical. Sua história de vida e suas canções foram seguidas por mim através de seus shows, aparições em Tv e noticiarios de jornais e revistas. A cantora por quem me apixonei perdidamente nunca mais gravou composição dele... O que lamento sempre.

Com a chegada da gravadora Joia Moderna, do DJ Zé Pedro,foi possivel trazer aqui para casa um CD Tributo ao compositor Taiguara e desde então é o som que enche todos os espaços de minha casa, não paro de ouvir este CD.

A escolha das cantoras é perfeita! Cada uma com suas peculariedades vocais, monstra aos ouvintes um perfeito entrosamento do universo musical deste compositor que, melhor que qualquer outro, uniu as canções de amor as de protesto. Nunca consigo separa o amor da reinvindicação na obra de Taiguara e isso é o que o torna genial, cabe aqui ressaltar a escolha certeira dos músicos e arranjadores, todos incriveis.

A abertura do CD, com a cantora Célia cantando “Mudou”, já nos joga estatelados num canto da casa imobilizados pela voz poderosa e pelo profundo envolvimento que sentimos entre a canção e a voz desta que é sem duvida, uma das maiores cantoras brasileiras.

E é assim que nas 12 faixas seguintes nos sentimos. Cada pausa entre o término de uma canção e o inicio de uma outra nos permite respirar se ajeitar e mergulhar novamente no universo deste compositor único. Estão no CD as cantoras Luciana Mello, Evinha, Vânia Bastos, Fafá de Belém, Adyel Silva, Fernanda Porto, Verônica Ferriani, Claudette Soares, Claúdia, Cida Moreira, Aretha e Silvia Maria. Todas maravilhosas, e alinhavando todo esse universo musical de Taiguara uma faixa bonus interpretada por Teresa Criastina homenageando o com uma bela interpretação de “Modinha”, de Sergio Bittencourt.

Certamente a audição do CD “ A Voz da Mulher na Obra de Taigura” é um momento de amor único em minha vida. Lamentei a ausência desta canção, assim como lamentei a ausência daquela cantora pela qual me apaixonei em 1977, mas num pais de cantoras e com a chegada da gravadora Joia Moderna - que se dedicará a elas - certamente outros tantos momentos de amor chegarão até nós e, quem sabe, em algum deles minha cantora não estará presente?!





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

MARISA MONTE “MAIS” QUE D+


















Era o inicio da última década do século XX quando chega ao mercado fonográfico brasileiro e mundial o segundo álbum - e primeiro de estudio - da maior DIVA da canção brasileira desde o surgimento de Elis, Gal, Bethânia e Simone no final dos anos 60 e inicio dos 70, o LP se chamava apenas “Mais”, e a cantora Marisa Monte e a gravdora, a mesma que até hoje a abriga: a EMI.

O LP era incrivel! Vinha com uma série de recortes que podiam ser destacados feito albuns de figurinhas... Um prazer unico. Marisa Monte produzida pelo americado apaixonado por MPB Arto Lidsay estava rodeada pelos grandes pensadores do grupo paulista de rock Titãs, então, as primeiras parcerias com Arnaldo Antunes, Nando Reis e Branco Melo.

A parceria poetico musical com Nando Reis daria ainda belos frutos anos a frente, e a com Arnaldo Antunes continua até hoje, vinte anos depois, frutifera e sempre aguardada com ansiosidade por quem ama a boa música brasileira.

Este trabalho de Marisa Monte que está completando exatos 20 anos agora em 2011 é um daqueles que já estão no incosnciente coletivo do povo brasileiro. Como não lembrar da interpretação de “ENSABOA” também conhecida como “Lamento da Lavadeira’ do compositor Cartola, ou o resgate do folclore nordetino “BORBOLETA” que diz assim “... borboleta pequenina sai fora do rosal, venha ver quanta alegria ...”

Sem falar nas sensacionais “DIARIAMENTE” e “EU NÃO SOU DA SUA RUA” que assim como mutias canções de Elis Regina ganharam interpretação definitiva daquela que se tornaria referencia para toda uma nova geração de cantoras que surgem quase que diariamente no cenário de nosso cancioneiro.

Encontramos a faixa que abre o trabalho e que foi hit musical de todas as radios durante o ano de 1991 “BEIJA EU” que podemos considerar o embrião pra lá de perfeito dos Tribalistas, já que a composição é de Marisa e Arnaldo Antunes, este presente na já classica “VOLTE PARA O SEU LAR”, também está presente uma canção de Caetano Veloso.

Com o belo projeto gráfico e com uma modernidade atemporal “Mais” é um daqueles classicos que estão sempre presente entre as listinhas que insistimos fazer para relacionar os melhores trabalhos fonograficos da MPB. E parece que foi ontem que cheguei em casa ansioso com o meu LP “Mais” nas mãos ...




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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UM OLHAR PARA LÁ DE ESPECIAL NA MPB













Inicio de ano e de década devem mesmo ser marcados por livros que forçem nossa memória a buscar os guardados em algum lugarzinho as imagens que compõe nossa memória afetivo musical, e é isto que a Editora Aeroplano fez lançando o livro de Cristina Granato – Um Olhar na Música Popular Brasileira.

Livro de capa dura, dividido por décadas desde a dos anos 80 e composto por fotografias feitas por sua autora, o livro nos coloca dentro dos alcos e camarins da música popular brasileira por quase quatro décadas. São imagens que revelam nossos ídolos e nos permite nos sentir ainda mais próximos de cada um deles.

O livro prova que todos os rótulos e divisões que costumam existir no cenário da MPB é pura bobagem! Tanto o é que conseguiimos observar o quanto a música brasileira é unida e um sentimento de fraternidade perpaça todos os estilos.

Podemos encontrar fotografias no livro de ícones do teatro brasileiro reverenciando divas da canção popular; idolos do rock nacional agarradinhos a monstros sagrados na MPB, e assim por diante, icones do samba ao lado de reis e rainhas da bossa nova.

O olhar que,Cristina Granato divide conosco só faz com que o orgulho de ser brasileiro dobre e redobre dentro do coração. Grande idéia que ilumina todo o começo desta nova década que acaba de nascer. Livro obrigatório em todas a boas bibliotecas domesticas e publicas! Vale ter!





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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Andre L. M. Menezes
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O ÁLBUM DE RETRATOS DE DONA IVONE LARA




Lançado em 2007 o livro Álbum de Retratos Dona Ivone Lara por Zélia Duncan é parte de um Projeto do cantor e compositor Moacyr Luz que propõe um resgate da memória visual de personalidades importantes da história da música popular brasileira.

Zélia Duncan, querida cantora e compositora do cenário atual da MPB, foi a encarregada de contar através das imagens de Dona Ivone Lara e sua bonita história de vida,destacando sua importância no cenário musical do século XX e deste inicio de século XXI.

Escrito com leveza e profundidade, na medida certa para embreagar e envolver leitores que conheçam com profundidade a música popular brasileira, mas também por leitores que pouco sabem sobre a história de nossa música, Zélia Duncan consegue nos colocar em todos os momentos da vida de Dona Ivone Lara sem que nos sintamos leitores de uma revista de fofocas.

Saber por exemplo que Dona Ivone Lara fez parte do coral regido pelo Maestro Heitor Villa-Lobos é prazeroso. Assim como saber que ela trabalhou com a Dra. Nise da Silveira revolucionária médica psiquiatra que modificou os rumo dos tratamentos de doentes mentais em nosso Brasil. Cosntatamos com a leitura que Dona Ivone Lara aposentou-se de seu trabalho como enferemeira e Assistente Social no final doas nos 70 e daí por diante dedicou-se a carreira musical.

O livro é delicioso e não pode faltar em nenhuma estante deste nosso país tão musical, afinal, ter uma lenda viva ente nós com mais de 60 anos de carreira, sabendo ser ela a primeira mulher a ter um samba escolhido como enredo numa escola de samba num epriodo onde o machismo reinava absoluto é motivo de orgulho para todos que acreditam que o Brasil tem vocação para ser plural.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
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