sábado, 30 de janeiro de 2010

SALOMÃO DI PÁDUA VALE MUITO MAIS QUE APENAS UMA CANÇÃO.



Desde muito pequeno habituei-me a sonoridade do sotaque nordestino, afinal, sou filho de um pernambucano e de uma paulista do interior de São Paulo.

Desde que ouvi a bela voz de Salomão di Pádua em seu Cd “Mais Vale Uma Canção” logo fui tomado por uma alegria imensa. A primeira canção que ouvi na voz de Salomão me trouxe à memória este belo sotaque que só tem os filhos das terras nordestinas... A canção se chama “Uma Canção” de João Marinho, e diz assim: “... Uma canção é feito um viajante que tem alma / Deixando marcas pelo chão e tomou conta do meu peito / E abraça a voz que vem da imensidão / Feito amor / Feito uma brasa / Incendiou meu coração / A canção ergueu sua casa nas cordas do meu violão...”

Correndo atrás deste trabalho descobri que Salomão havia escolhido duas canções de uma compositora que me é muito cara: Simone Guimarães. Para mim, alguém que o grande publico e a grande mídia não descobriu ainda, mas que os verdadeiros apreciadores da MPB já conhecem há algum tempo.

As canções de Simone Guimarães que estão neste Cd lançado em 2009 são: “Mar dos Mares” e “Luz Acesa”, essa ultima na voz de Salomão toca com sutileza a alma.

E Salomão com sua voz forte e emocionada canta a bela canção de Caetano Veloso intitulada: “Minha Voz, Minha Vida”, que me remete sempre aos anos 80, que tem cheio daqueles 20 anos que já não voltam mais “... Minha voz, minha vida / Meu segredo e minha revelação / Minha luz escon...dida / Minha bússola e minha desorientação / Se o amor escraviza / Mas é a única libertação / Minha voz é precisa ...”

E todas as outras canções do CD chegam aos ouvidos carregadas de emoção. Sei de quem Salomão é muito fã em nossa MPB e confesso que ouvi-lo me remete a um tempo onde sentia que esses nossos idolos cantavam de fato com o coração...

Ainda bem que vi e vivi esse tempo, e ainda bem que existe Salomão di Pádua, hoje, para reafirmar a alegria do cantar.

Vale muito uma visita ao site deste cantor que hoje vive em Brasilia, e mais ainda comrpar este Cd. http://www.salomaodipadua.com.br/fotos.html





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

A RAINHA DA VOZ: DALVA DE OLIVIERA



* Item de Colecionador *

Um real item de colecionador apaixonado pela música popular brasileira, a caixa “A Rainha da Voz – Dalva de Oliveira” foi editada e comercializada pela gravadora EMI, e teve a produção artística de ninguém menos que Hermínio Bello de Carvalho.

O trabalho de remasterização, em Abbey Road, possibilitou que as gerações de jovens do final dos anos 70 em diante, que não chegaram a conhecer a estrela Dalva pudessem de fato compreender o porque do titulo que esta magnífica cantora recebera nos anos 30 do século XX.

A caixa fora produzida para se transformar em brinde de fim de ano da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), antes de ser privatizada. Desta forma, pouquíssimos e afortunados foram aqueles que receberam tal brinde da empresa. Tamanha a qualidade do trabalho e da beleza impar que a caixa ganhou.

Negociações acabaram por colocar um numero pequeno e precioso desta verdadeira relíquia à venda. Em um pais onde poucos são os que lutam arduamente para não deixar cair no esquecimento figuras que ajudaram a construir a história cultural de nossa gente, foi Hermínio Bello de Carvalho, ultimo produtor em vida de um trabalho musical de Dalva de Oliveira no inicio dos anos 70, mergulhar com um capricho todo especial nos escritos que estão em belíssimo encarte que acompanha a caixa.

A EMI detentora dos direitos das gravações de Dalva de Oliveira (sim, pois esta cantora, no final da vida, vendeu os direitos que seriam de seus herdeiros para poder tratar da saúde), caprichou de fato neste trabalho.

A primeira canção remasterizada no primeiro CD não poderia deixar de ser “Ave Maria no Morro”, que foi cantada pela primeira vez num filme brasileiro, em 1946, e a última canção do ultimo CD é anda mais nada menos que “Bandeira Branca”, uma das ultimas canções gravadas por Dalva de Oliveira e que se tornara um hino do carnaval brasileiro.

O restante do recheio musical da caixa “A Rainha da Voz – Dalva de Oliveira” é o resumo musical de um período da história brasileira a década de 40, 50 e 60 que não existiriam sem a presença desta voz, que é merecidamente a voz do Brasil.





Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

“ SINFONIA DE PARDAIS UMA HOMENAGEM A HERIVELTON MARTINS”



* Item de Colecionador *

SINFONIA DE PARDAIS... UMA HOMENAGEM A HERIVELTON MARTINS Era 1999 quando uma bela homenagem a um dos maiores compositores de todos os tempos de nossa musica popular brasileira chegou ao CD - e cá entre nós, bem que mereceria um registro em DVD... Mas enfim...

Graças à gravadora Som Livre, e ao seu Diretor na época João Araujo, a obra do compositor Herivelton Martins ganhou a voz de bambas de nosso cancioneiro, sacramentando de vez sua importância. Desde que criou o Trio de Ouro (que reunia Nilo Chagas e Dalva de Oliveira) nunca mais se viu tanto cuidado com a obra deste compositor.

Desde que a Rede Globo neste inicio de 2010 apresentou sua micro série televisiva “Dalva e Herivelton”, o Brasil vem sendo tomado pelo revival deste tempo encantado de nossa música, tratado pela serie de TV com tons muito mais amenos do que utilizou de fato em sua relação com a cantora Dalva de Oliveira, para aprender a gostar da obra de Herivelton é preciso separar o casal, pois os requintes de crueldade com que Herivelton tratou Dalva fizeram no amargar por décadas o ódio da população brasileira.

Mas como todo grande compositor é de fato reconhecido quando muito do tempo cronológico tenha passado, desde suas composições ao longo das ultimas décadas tem suas canções reafirmadas como únicas no cenário de grandes compositores que nosso pais possui.

Para este CD foram selecionadas treze canções de seu vasto arquivo e convocados para entoá-las um time de primeira da MPB, estão lá em ordem: Caetano Veloso, Beth Carvalho, Renata Arruda, Moraes Moreira, Ney Matogrosso, Leny Andrade, Paulinho Moska, Oswaldo Montenegro, Zeca Pagodinho, Maria Bethânia, Baby do Brasil e João Marcelo e José Carlos. Bem, as canções são: “Pensando em Ti”, “Camisola do Dia”, “Caminhemos”, “Culpe-me”, “Odete”, “Atiraste Uma Pedra”, “Praça Onze”, “Quarto Vazio”, “Cabelos Brancos”, “Nega Manhosa”, “Segredo”, “Ave Maria no Morro” e “Obe” (esta ultima mostrando-nos a religiosidade afro que acompanhou Herivelton Martins por toda sua vida).

Este trabalho contou com o apoio total da filha de Herivelton: Yaçanam Martins, e conta com depoimentos escritos no livreto de cada interprete convidado e é com o depoimento de Ney Matogrosso que fica a importância deste trabalho para a memória de nossa musica “... gravar Herivelton para mim é sempre um prazer e uma grande oportunidade.

Ele oferece a nos, intérpretes, a chance de exercício da sensibilidade ...” Por isso, é impossível não reverenciar este compositor que viveu seu tempo plenamente e ainda irradia sentimentos com suas composições.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

“ A CANTORA SIMONE E A MUSICA LATINA”



* item de colecionador *

De todas as cantoras brasileira Simone é a que mais Cd’s tem em língua hispânica, o primeiro trabalho da cantora para o mercado hisnanico aconteceu em 1991 e nunca chegou a seri lançado comercialmente no Brasil, sua gravadora à época era Sony Music que investiu muito no lançamento da cantora neste mercado e facilmente enontramos registros pelo youtube destes trabalhos. Antes Simone havia gravado um LP que serviu de teste para a gavadora.

O primeiro Cd chamou-se “Procuro Olvidarte” em alguns países e em outros apenas “Simone”, o cd trazia uma mescla de ritmos latinos que incluíam inéditas e tradicionais canções do repertorio hispânico, como por exemplo: “La barca”, e ainda um belo duo com Pablo Milanês na consagradissíma canção “Yolanda”.

Este primeiro Cd totalmente dedicado ao mercado hispânico trazia também um versão para o espanhol da canção de Martinho da Vila “Me ama amo”, que ganhou a seguinte tradução: “El que no llora no ama”, é curioso ver nosso compositor “carioca e sambista da gema” vertido para outra língua, mas considerando que até Nana Mouskouli já gravou Martinho e diga-se de passagem muito mal, a gravação de Simone é soberana. Também encontramos neste trabalho a versão para um sucesso popular de Fagner que fora composto pela dupla Sulivan e Massadas chamada: “Deslizes”, que em espanhol ganhou tons e cores dramáticos na voz grave e melodiosa de Simone.

Encontramos compositores como Jose Luis Perales e Juan Carlos Calderon que enviaram inéditas para este trabalho, alem da elegante participação de Pablo Milanês o Cd traz ainda a participação do respeitado cantor e instrumentista Manzanita.

Este primeiro cd serviu para firmar a cantora no cenário hispânico, em 1993, sob o titulo de uma canção de Roberto Carlos, Simone lança seu segundo CD dedicado apenas ao mercado hispânico: “La Distancia”, mais solta o trabalho é grandiloqüente e trás algumas canções que se transformaram em sucesso na Espanha, no México, na Argentina e na Venezuela.

O Cd contou com a participação do cantor Raul Torres, que também aparece no cuidadoso clip da canção produzido pela gravadora Sony Music. Dois CDs que só enobrecem a carreira desta cantora, e que valem ser garimpados em lojas internacionais.

É importante o Brasil saber uma das Divas de sua música popular é também respeitada no universo hispânico da canção.









Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes Revisão Afetiva

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

“ JOÃO BOSCO - SONGBOOK”





* item de colecionador"

Almir Chediak ao longo dos anos foi se tornando um dos mais queridos produtores da nossa musica popular brasileira. Sua serie de songbooks dos maiores compositores contemporâneos de nossa musica foram ganhando destaque dentre os colecionadores e os apreciadores da boa musica.

Antes de sua partida repentina e muito sentida entre nós ele produziu o songbook de João Bosco, lançado por sua gravadora, a Lumiar, numa tiragem de 1.000 (hum mil) CDs, tornou-se rapidamente um item de colecionador, daqueles apaixonados pela musica popular brasileira.

Como em toda sua serie de songbooks, Chediak, junto com o compositor, escolheu intérpretes de diferentes estilos musicas para reinterpretar a obra em questão, e eis o que mais enchia os olhos e ouvidos dos amantes da boa musica, justamente a oportunidade de poder ouvir na voz de nossos ídolos as canções que eles nunca interpretaram.

E com João Bosco tem-se a impressão que as escolhas, mais do que nunca, foram acertadissimas,Tudo que ouvimos nestes três CDs parecem ecoar como clássicos imutáveis, e estão presentes neste trabalho ninguém menos que Cauby Peixoto, Martinho da Vila, Leila Pinheiro, Djavan, Ney Matogrosso, Ana Carolina, Rosa Passos, Zeca Baleiro, Chico César, Chico Buarque, Daniela Mercury, Leny Andrade, Milton Nascimento, Joyce, Lenine, Gilberto Gil, Zizi Possi, Zélia Duncan, Zeca Pagodinho, Simone entre outros.

As canções abrangem várias fases da carreira do compositor e é ai que as alegrias começam: as escolhas estão simplesmente magníficas. É de arrepiar a interpretação de Simone para a canção “Nação” consagrada na voz de ninguém menos que Clara Nunes, acompanhada do próprio João Bosco, a cantora Simone mostra o porque é uma diva de nossa musica popular.

Soberbo está Edson Cordeiro na interpretação da canção “Miss Suéter” que o compositor fez em homenagem a cantora Ângela Maria. Edson dá o tom correto e rejuvenesce a canção de maneira lírica.

Zizi Possi consegue se superar ao interpretar a canção “Quando o Amor Acontece”, já considerada uma das melhores interpretes das composições de João Bosco. Zizi, nesta gravação, mostra que a MPB não existirá sem ela.
Ana Carolina mostra toda sua força interpretativa em “Linha de Passe”, abrindo o caminho para que a canção se reinvente ganhando assim novos ouvintes;

E o maior cantor brasileiro ficou com a tarefa de se superar em “Dois pra Lá, Dois pra Cá” e foi isso que Cauby Peixoto fez na interpretação da canção um dia consagrada na voz de ninguém menos que Elis Regina.

Vale garimpar e encontrar a caixa e assim se deleitar com interpretações raras que somente confirmam a grandiosidade do compositor João Bosco.


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva