sábado, 2 de junho de 2012

RITA LEE E O PODER DE SUAS REZAS.




             
Rita Lee está de volta com um CD inteirinho de canções inéditas, a a titia do rock que já é avó também continua tão incrivel quanto quando encantou a todos pela ousadia e pela extrema beleza nos anos 60 quando integrava o magnifico grupo “Os mutantes”

            A força de Rita Lee já começa a ser sentida na abertura do Cd que traz uma belissima ode ao interior paulista como só mesmo Rita Lee poderia fazer e envocando cantigos de rezadeiras pelo interior do brasil afora ela canta ... Nossa Senhora Aparecida dai-me força nessa vida ...

            Esse inicio do CD deixa a qualquer um comovido, afinal todos nós brasileiros e amante de nossa boa música conhecemos e muito bem a trajetória de Rita Lee nesta nossa história da MPB nem sempre bonita, afinal quem mais no cenário musical foi presa gravida durante o regime militar ? Só Rita Lee.

            Rita Lee é merecedora de nosso respeito eterno, afora isso devemos também reverencia este niovo trabalho de Rita Lee lançado pela gravadora Biscoito Fino e intitulado REZA, que alias trata se de composição inedita dela e de Roberto de Carvalho que vem puxando o disco em sua divulgação nas radios e TVs.

            Reza diz assim em sua letra: ... Deus me proteja da sua inveja / Deus me defenda de sua macumba / Deus me salve da sua praga / Deus me ajude de sua raiva / Deus me imunize do seu fim ... só mesmo a Rainha do Rock and Roll brasileiro tem permissão para compor versus como este.

            Que Deus não nos livre nunca do poder e do encantamento que só mesmon Rita Lee é capaz de exercer sobre todos nós, o CD que também já está a venda no formato LP é item obrigatória e certamente estará entre os melhores lançamento deste ano de 2012.
           


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB


domingo, 29 de abril de 2012

CÉLIA: A VOZ MAIS ROMANTICA DA MPB.

     A cantora Célia esta guardada em minha memoria afetiva músical desde os anos 70 quando aparecia sempre aos domingos, na telinha aqui de casa, atravez de suas participações no Programa Silvio Santos que era religiosamente assistido por minha família.

     Desde então, me tornei um apaixonado por esta cantora que tem na garganta um verdadeiro rouxinol, daqueles que conseguem enfeitiçar o ouvinte com seu cantar cheio de leveza e romantismo. Comprei LPs, e depois CDs de Célia que estão aqui em casa.


     Mas confesso que desde que seu ultimo trabalho lançado pela gravadora JOIA MODERNA chegou por aqui não mais parou de tocar, minha casa está totalmente tomada pelo canto de Célia. A ideia genial de escolher o que seria um possível LADO B da obra de Roberto Carlos e colocar Célia para interpretar roubou meu coração. Simplesmente Genial!

     Logo de inicio, já ouvimos sua interpretação para a canção de Ivor Lancelotti chamada “Abandono”... Pronto! já se pode imaginar o que virá pela frente: emoções, emoções e mais emoções, o tempo só fez com que o domínio e a técnica tornasse Célia gigante e iluminada.

    Belíssimo trabalho que a recoloca entre as grandes DIVAS de nossa canção popular, alias me atreveria mesmo a afirmar que Célia é a VOZ mais romântica da MPB e se voce quer confirmar esta afirmação basta ouvir com o coração sua interpretação para a canção de Carlos Colla e Mauricio Duboc, “SONHO LINDO” que diz assim “... Sonho lindo que se foi / Esperança que esqueci / Foi por medo de perder que eu perdi ...”

    O CD “Outros Românticos” da cantora Célia, lançado pela gravadora JOIA MODERNA, é um daqueles que qualquer colecionador da boa música brasileira dos últimos dois séculos tem obrigação de ter abrigado e mimado entre todos os outros discos de sua morada.

     Salve Célia!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

André Luis Moura de Menezes
Correção Afetiva
menezesalm@gmail.com

AS BELAS PÁGINAS ESCRITAS POR MARIA GADÚ.

     “Teu amadorismo impõe tal carência / Não sou da cadência, não sou de valor / Você é rara, no mundo / Só dance essa valsinha se preciso for …”

      A 12ª canção do CD intitulado “Mais uma Página” da cantora Maria Gadú lançado pela Som Livre trás estes versos nas vozes de Gadú e do cantor expoente da nova geração do fado portugues: Marco Rodrigues, que nos chega aos ouvidos da maneira mais sublime e bela. 

     Confesso que demorou a me mover em direção a este trabalho de Maria Gadú, talvez por conta da mega exposição que a cantora sofreu assim que foi lançada e o trabalho seguinte, em parceria com Caetano Veloso, me deixou bem retiscente em relação a cantora. Puro preconceito.

     A bobagem foi tamanha que desde a primeira audição do CD “Mais uma Página” o deslumbramento e a identificação com cada faixa que ouvi deste belissimo trabalho me deixou estufetado e feliz ao mesmo tempo. E que arrependido, afinal, sei bem que “preconceitos” devem ser jogados no lixo!

     Mas me redimo nestes parcos escritos... Este trabalho mostra que Maria gadú sabe bem onde quer chegar. Ela está construindo uma obra com um registro só seu, e percebo que está confeccionando aos poucos uma carimbo com sua assinatura que já já vai ser daqueles carimbos eternos que nossa música tão bem conhece.

     Compositora excelente e cercada por um pessoal bacana que corre atrás do céu infinito da MPB, este disco traz regravações primorozas de canções consagradas, caso da comovente canção de Caetano Veloso, “ORAÇÃO AO TEMPO”, durante toda a década de 80 esta canção acompanhou minha vida, e agora renasce comovente na voz de Maria Gadú.

     E ainda no quesito regravações este CD trás “AMOR DE INDIO”, de Beto Guedes, que coloca a cantora em sintonia plena com o Clube da Esquina, alias, ao meu ver, sintonia muito maior do que com o povo da tropicalia.

    A canção primeira do CD arrebatou de forma plena e permanente e já toca permamentemente dentro de mim. Ultimamente poucos são os novos versos da MPB que me tocam e estes já se eternizaram dentro de mim “... Mais uma página do mesmo livro / Mais uma parte da mesma história / Mais uma telha do mesmo abrigo / Mais uma bênção da mesma glória...”

     Maria Gadú é grande!


Paulo Gonçalo dos Santos Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

 André Luis Moura de Menezes
Correção Afetiva
menezesalm@gmail.com

ANA CAROLINA E SEU ENSAIO DE CORES.

     O CD ao vivo de Ana Carolina – Ensaio de Cores - lançado a alguns meses por sua gravadora poderia muito bem ter ficado a espera do DVD/Bluray que em breve chegará as lojas e a casa dos muitos fãs que seguem a cantora de timbre forte e interpretações arrebatadoras.

     A meu ver, a edicação do CD foi totalmente desnecessária e como uma vez li em numa das mutias criticas musicais dos anos 90, pareceu me mesmo um caça niqueis lançado pela gravadora, pois além de não traduzir a força e beleza do show de mesmo nome, parece mesmo uma grande repetição de tudo o que Ana Carolina já fez.

      As interpretações são arrebatadoras em sua grande maioria, e a cada vez que ouço a potência e a extensão vocal desta cantora, que também compõem com maestria suas canções, me preocupo com o futuro, pois estes “exageros” de interpretação tendem a desapercer com a idade, o que pode enfraquecer um dos poucos idolos itneressantes que surgiu no cenário musical brasileiro no inicio deste século XX. 

     Poucas são as novidades que este CD apresenta afora uma ou outra nova canção o que deixa fãs, como eu, um tanto desenchavidos ao término da audição.

     A bela composição que encerra o CD “Ensaio de Cores” de Dudu Falcão e Chiara Civello tem uma estrofe que parece traduzir com perfeição minha impressão ao terminar de ouvir este trabalho da grande Ana Carolina “... Se tá tão difícil agora / Se um minuto á mais demora. / Nem olhando assim mais perto / Consigo ver porque tá tudo tão incerto...”

      Que a Sony Music nos presenteie rapidamente com o DVD/Bluray deste show belíssimo!



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br


André Luis Moura de Menezes
Correção Afetiva
menezesalm@gmail.com

O OÁSIS DE MARIA BETHÂNIA... MAIS BRASILEIRINHO QUE NUNCA .

Maria Bethânia lançou recentemente pela gravadora Biscoito Fino mais um CD com um simples e complexo titulo: ”OÁSIS”. Simples porque anda é mais belo que um oásis a nossa frente quando, sedentos, procuramos, água, amor, afeto ou emoções. Complexo porque nada é mais distante e quase inatingivel do que os oásis que existem escondidos pela vida.

     Mas Bethânia é mesmo assim: uma entidade simples e complexa ao mesmo tempo e isso é o que nos encanta com enorme força por quase meio século. Eis uma rainha da canção popular que já foi chamada de Abelha Rainha e que vive numa familia linda e muito musical lá da Bahia.

    O novo neste trabalho é que Maria Bethânia resolveu dar um descanso a seu Maetro, há mais de 20 anos, o músico Jaime Além, e convidou dez arranjadores para, assim, buscar uma sonoridade diferente para cada uma de suas interpretações.

     Bethânia convidou Lenine, Hamilton de Holanda, Jorge Helder, Jaime Além, Maurício Carrilho, Marcelo Costa e André Mehmari, todos grandes músicos que poderiam ter acrescentado muito a obra de Bethânia caso ela tivesse feito 10 CDs diferentes, um sob o arranjo e regência de cada um destes magníficos músicos. 

     Mas não foi isso que aconteceu, e em meio a composições novas, feitas especialmente para sua voz, e regravações de belas canções, a sensação que se tem é que o belo espetáculo transformado em CD/DVD “Brasileirinho” foi fatiado e distribuído para vários diretores imprimirem suas marcas.

     Bethânia é rainha, está acima do bem e do mal, como criou uma obra prima chamada BRASILEIRINHO, qualquer OASIS parecerá mesmo pouco diante do tanto já feito.

A Abelha Rainha continua a mesma, abelha rainha!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br


André Luis Moura de Menezes
Correção Afetiva
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domingo, 4 de março de 2012

‘LEVA MEU SAMBA’ – ELIZETH CARDOSO E ATAULFO ALVES JR






Ganhei uma “edição histórica” rara de CD da gravadora Eldorado que reuniu Elizeth Cardoso e Ataulfo Alves Jr em 1984 no LP “Leva Meu Samba”, onde a “Divina” como era chamada Elizeth carinhosamente reascende a paixão pela obra atemporal de Ataulfo Alves, compositor que há pouco completou 100 anos de nascimento, deixando um vazio imenso com sua partida.

A edição do CD é muito desleixada e nem mesmo existe o nome original do LP, mostrando o que já se tornou rotina entre os que trabalham nestas gravadoras: “despreparo e desconhecimento” para não falar no desrespeito a memoria de mestres, como é o caso de Elizeth e Ataulfo.

Mas ouvir a voz de Elizieth Cardoso é por demais prazeroso. Parece que cada canção foi feita para sua voz... Até hoje, quando ouço algumas canções penso o quanto as mesmas ficariam bonitas na voz dela, e em 1984 ela encontrava -se plena e com a voz lindissima.

Ao lado do filho e herdeiro musical de Ataulfo Alves, ela mostra o que é fazer um Tributo à obra de um compositor. Certamente, os produtores que hoje trabalham incansaveis nas homenagens aos grandes compositores que partiram devem sentir muito não ter a voz de Elzieth para poder valorizar esses tantos tributos.

Sem medo de colocar sua voz em classicos que tornaram-se praticamente a fotografia de suas primeiras interpretes, Elizeth Cardoso coloca sua voz à serviço da musica quando transforma num tango delicioso a canção “Errei Sim” que vive grudada a voz e a imagem de Dalva de Oliveira, sendo imbativel a interpretação de Elizeth.

Fico a imaginar a reação da plateia que a ouviu neste show, assim como imagino a reação que o Japão teve ao ver e ouvir “A Divina” em suas terras, quando Elizeth gravava esse “LP” havia acabado de chegar de uma turne naquele pais, que a recebeu da maneira mais calorosa possivel.

Elizeth Cardoso e Ataulfo Alves são daqueles talentos que qualquer nação deste mundão cultuaria incansavelmente séculos afora. Infelizmente, ainda temos que criar esta “cultura” do culto aos que constroem a cultura de nosso pais.

Passou da hora de prepararem caixas com todas as gravações de Elizeth Cardoso, assim como estamos atrasadissimos em disponibilizar o material em video que colecionadores, emissoras de TV possuem e estão mofando em algum canto qualquer.

A Divina Elzieth Cardoso é estrela eterna!






Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

André Luis Moura de Menezes
Correção Afetiva
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MEU POBRE CORAÇÃO TREME DIANTE DA “DAMA INDIGNA”






Boquiaberto, assisti do inicio ao fim, sem me mover do sofá de sala, o DVD da cantora Cida Moreira, ‘A DAMA INDIGNA’, lançado pela gravadora Lua Music, show saído do CD do mesmo nome lançado na estreia da gravadora Joia Moderna.

Com bela produção de Thiago Marques Luiz e da propria Cida Moreira e Direção de Humberto Vieira, o DVD me transportou a um tempo onde cada show que assistia - fosse num auditorio imenso ou numa sala como a da Funarte em São Paulo - nunca voltava para casa sem ter milhares de informações novas que me levassem a uma busca, por meses a fio, de poetas e compositores que não conhecia, até então.

Nos anos 70 e parte dos 80 os shows, principalmente das cantoras da MPB, eram recheados de novos compositores, de versos, textos e manifestos que elas liam, declamavam e cantavam durante suas apresentações, e foi assim que Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Paulo Leminski, Brechet, Maiakovski e tantos outros invadiram definitivamente minha vida e minha casa.

O DVD “A Dama Indigna” me trouxe esta lembrança, terminei e fui correndo ler Cesare Pavese. Tenho aqui em casa comigo desde o lançamento os CDs de Cida Moreira que tem destaque sempre que quero sentir minh’alma enriquecida por saberes emanados a partir da voz que acolhe e chacoalha: uma canção pelo ar... E Cida Moreira canta Chico Buarque que junto ao Cd “A Dama Indigna” e ao DVD que entrou direto em minhas veias, formam um campo sagrado em minha estante.

A Dama Indigna precisaria ser distribuído a todas as escolas do Brasil para que uma nova geração fosse formada a partir do contato do que podemos chamar de CULTURA, pois um Brasil que tem esta DAMA tão digna a lutar para manter uma carreira tão coerente deve ser, sim, um pais de destaque.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

André Luis Moura de Menezes
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