quarta-feira, 15 de abril de 2009

PIANO E VOZ UNEM: NÁ E ANDRÉ!


Em 2006, num teatro em São Paulo, a cantora Na Ozzetti e o músico André Mehmari eternizaram em CD e DVD a parceira musical, num dos registros que julgo atemporal.

A edição primorosa trás encartado CD e DVD em um requinte gráfico pouco visto ultimamente nos trabalhos tão descartáveis da industria fonográfica que anda perdida com a chegada (com força e a popularização) dos MP3s e Ipods.

André Mehmari é um dos maiores instrumentistas brasileiros nascido em Niterói mudou-se para São Paulo em 1995 e ganhou notoriedade e respeito entre todo o meio musical brasileiro.

Na Ozzetti, paulistana, conhecida desde os anos 80 por sua participação no excelente Grupo RUMO, que junto a Vanguarda Paulista trouxe um respiro a década do rock nacional, onde víamos pipocar bandas do Rio de Janeiro e Brasília que ocupavam quase todo o cenário musical da época.

Logo na abertura do DVD vemos a interpretação avassaladora da canção de Tom Jobim, consagrada na voz de Gal Costa, “ Suíte para Gabriela” onde Na mostra todas as técnicas e emoção de seu belo canto. A gravação de Gal Costa fica esquecida após ouvir a interpretação grandiosa de Na.

O repertorio é tão requintado quanto todos os cuidados gráficos e de gravação do trabalho, ouvimos uma emocionada interpretação de “Rosa” de Pixinguinha que arrepia e alegra a existência.

A canção de Chico Buarque feita para o filme do mesmo nome: “A Ostra e o Vento” é valorizada ao extremo por arranjos e interpretações da dupla e a coloca entre as grandes obras primas feita pelo compositor.

Do mesmo Chico Buarque, encontramos a canção “Sabiá”, dos anos 60, em linda e melancólica interpretação, assim como é também a interpretação da canção que consagrou Audrey Hepburne: “ Cry Me a River”, numa livre tradução que deixa evidente aos ouvintes e expectadores que Na Ozzetti é uma das maiores cantoras deste Brasil.

Destaque absoluto no CD é a interpretação e o arranjo criado para uma das obras primas do universo de Caetano Veloso: “ O Ciúme”, sendo impossível não chegar as lágrimas ouvindo tal canção, de inspiração única.

Fecha o trabalho a mundialmente conhecida canção de Tom Jobim: “Águas de Março”, impossível não pensarmos no fim dos verões e no inicio dos outonos que nos fazem perceber que a vida é um motor continuo e sobretudo que a vida é maravilhosa principalmente quando ouvimos Ná e André.



Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

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