domingo, 2 de maio de 2010

A MARAVILHOSA NEGRITUDE DE ZEZÉ MOTTA.



* Item de Colecionador*

Há exatos 31 anos o acervo musical brasileiro recebia um LP de presente da gravadora Warner. Tratava-se de um trabalho produzido pelo grande João de Aquino e a cantora era ninguém menos que a estrela do cinema e TV Zezé Motta e este trabalho chamou-se simplesmente “Negritude”.

A abertura do disco traz o imortal Manacéa em voz e cavaquinho numa composição sua chamada “Manhã Brasileira” e Zezé faz um belo dueto com o compositor mostrando ao ouvinte quais as maravilhas iria encontrar pela frente.

A segunda canção também de ilustre compositor é “Atividade” de Padeirinho que diz assim: “... malandro prá ser malandro / tem que ter capacidade / se tiver mulher bonita / tem que andar na atividade ..”. Já mostrando mais uma gíria carioca que haveria de tomar conta do vocabulário de todo nosso imenso Brasil.

A próxima é a canção de John Neschiling e Geraldo Carneiro chamada “Ai de Mim” um chorinho rasgado que numa interpretação para lá de sensual de Zezé Motta ganha um swing todo especial e torna praticamente impossível se ouvir a canção sem sacudir o corpo.

Temos a seguir uma canção da melhor safra de Moraes Moreira que inicia a re-ligação dos laços da musica brasileira com a música feita no continente africano, a canção que Zezé interpreta soberanamente, chama-se “Pensamento Ioruba” e toda a negritude vocal da cantora é percebida nesta interpretação marcante.

O poeta maior da Mangueira, Cartola, esta presente no disco através de uma de suas obras primas a canção: “Autonomia”: “...É impossível nesta primavera, eu sei / Impossível, pois longe estarei / Mas pensando em nosso amor, amor sincero / Ai! se eu tivesse autonomia / Se eu pudesse gritaria / Não vou, não quero ...”

Uma canção surpreendente das raríssimas composições feitas pela cantora Maria Bethânia, em Parceria com Rosinha de Valença, estão presente neste trabalho requintado de uma das Divas de nossa canção, intitulada “Caca Caiana” que diz assim: “... meu rumo foi traçado / na palma de uma palmeira / ai, ai, ai, ai / na beira do Paraíba / do sul do sul / brinquei nos canaviais ...”

O disco trás ainda composições de Tunai e Sergio Natureza intitulado: “Trovoada”, marcando a solidificação do nome destes compositores no universo da musica popular do Brasil.

Mas definitivamente a canção: “Senhora Liberdade” de Wilson Moreira e Nei Lopes ganhou interpretação definitiva na voz de Zezé Motta e registrada neste disco, certamente os amantes da boa musica lembra-se de Zezé Motta imediatamente quando ouvem os primeiros acordes desta que podemos considerar um dos clássicos da composição mpbistica, e, como a “Negritude” de Zezé Motta, exala liberdade torna-se impossível terminar esses escritos sem cantarolar “... Abre as asas sobre mim / Oh senhora liberdade / Eu fui condenado / Sem merecimento / Por um sentimento / Por Uma paixão / Violenta emoção / Pois amar foi meu delito / Mas foi um sonho tão bonito ..”.

Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva


2 comentários:

Marcos Mendes Pontevedra disse...

Bom Dia, Amigo!
Seu Trabalho é muito relevante, faz-nos pensar e Creditar Valores aos brasileiros que tanto representam o Brasil mundo a fora.
A 'Zezé' merece todo esse Carinho e Reconhecimento dos Brasileiros. É uma Dama do Nosso Teatro, uma excepcional Atriz do Cinema; "XICA DA SILVA", é um Grande exemplo da sua filmografia. Ressalto também a voz belíssima, culto a incrível miscigenação que o País sofreu, presenteando-nos com grandes (pérolas negras).
Parabéns pelo Trabalho! Sou seu fã!
Saudações e Abraços,

Marcos Mendes

Paulo Gonçalo disse...

Obrigado pelo comentário. Sem história e sobretudo respeito ao passado nunca teremos um Brasil melhor!