domingo, 18 de outubro de 2009

AS TAIS FRENÉTICAS
















Nos últimos anos muitos tem sido os lançamentos das editoras nacionais biografando a vida, trajetória e histórias de nossa música brasileira. Tivemos até um grande livro com a biografia do Rei, tirada de circulação (coisa feia), passando pela bela história do cantor de “Conceição” (Cauby Peixoto)e do autor de “Travessia” entre tantos bons livros.

Me pego sentado à poltrona de meu escritório, no inicio da primavera de 2009, agarrado na leitura da mais recente destas biografias e atrevo-me a dizer da mais deliciosa delas. Escrito por Sandra Pêra. Isto mesmo! Aquela que é a nossa eterna “Frenética” e intitulado “As Tais FRENÉTICAS – Eu Tenho Uma Louca Dentro de Mim” , da Ediouro, com 223 páginas de pura alegria.

Na primeira pessoa, como um diário de adolescente, Sandra Pêra atrai o leitor logo no inicio de seu livro quando podemos ler a apresentação feita por ninguém menos que o Dr. Dráuzio Varella (sim, o infectologista que vira e mexe aparece no Programa Fantástico, da rede Globo) em curiosa apresentação ele deixa-nos aguçado para o inicio da leitura.

Ler de fato é um prazer que deve ser adquirido pela vida a fora, sobretudo depois que deixamos as escolas e as leituras que os antigos professores nos obrigavam a fazer, e vamos passando a criar nosso próprio gosto e nossa própria coleção de livros, seja física ou mentalmente. Os livros tem cheiro, gosto, sabor, e este têm tudo isso, além de uma textura gostosa que atrai o tato.

O jeito faceiro com que Sandra Pêra vai nos contando a história da trajetória do mais famoso grupo vocal dos anos 70 em nosso Brasil é apaixonante. Na leitura descobrimos que Sandra, apesar de pertencer a uma família tradicional do teatro brasileiro, não tinha dinheiro e corria atrás de trabalho para poder sobreviver. Isso nos aproxima. Como se trata da irmã de uma das maiores divas do cinema, teatro e televisão brasileira, esta é uma revelação inicial que mostra o quão interessante se fará a leitura.

E as descobertas vão se acumulando. A leitura nos mostra que a cantora Simone foi e é grande amiga do grupo e das componentes dele até hoje, e ficamos a pensar nossa Simone, sempre tão densa de repertório voltado ou para o amor explicito ou para a reivindicação, tem ou teria semelhanças artísticas/vida com estas meninas??

Descobrimos que Ney Matogrosso foi grande amigo e parceiro de Sandra e as histórias que ela descreve envolvendo os dois são muito gostosas de ler, eram vizinhos de apartamento... Iimaginem só a delicia que não era ser morador deste prédio.

Bem, eis um livro que deve estar em todas as casas de quem ama a música brasileira. Nele as histórias são muitas: drogas, sucesso, separações e amores.

Que Sandra Pêra escreva mais e mais, pois tenho a impressão que o universo literário do Brasil acabou de ganhar uma Frenética escritora. Cuide –se Paulo Coelho!


Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br
Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

Um comentário:

clovisgau disse...

Por ser quase mais uma frenética naqueles tempos , claro que corri para ler o livro. Achei tudo a cara dos anos 70/80 (só quem viveu..)sabe que era outro sabor..Influências fortes de woodstock. Interessante é que a Amora Pera e a irmã , as duas filhas do Gonzaguinha com mães diferentes hoje tocam na mesma banda. Apresentaram-se por aqui no SESC Pompéia. Atitude libertária que tem super a ver com a mãe, Sandra.