terça-feira, 2 de março de 2010

MILTON NASCIMENTO AO VIVO EM 1983 EM SAMPA. SIMPLISMENTE LINDO.



* item de colecionador*

Na década de 80 (século XX) foram inúmeras as vezes que me aprontei com o coração disparado desde o dia da compra dos ingressos para ir assistir alguns shows no Palácio das Convenções do Anhembi aqui em São Paulo. Época em que assistíamos aos grandes da MPB em teatros sem uma confusão de garçons e gente fazendo de tudo, menos prestando a atenção no cantor (a) no palco.

Foram inúmeros os momentos maravilhosos que lá passei, e um dos mais lindos aconteceu em 1983, quando fui assistir a Milton Nascimento. É preciso lembrar que estávamos a caminho do movimento das “Diretas Já’, queríamos votar pra presidente e tudo parecia conspirar contra, e Milton Nascimento era o compositor que maior sintonia tinha conosco, estudantes de todos os níveis que desejavam mudar o Brasil e o mundo.

A canção ‘Coração de Estudante’ já andava em nossas bocas, corações e mentes e era certeiro que ela estaria no show, pensamento correto e o show foi aberto com esta composição, na verdade, o show serviu para gravar um LP do Milton Nascimento para a Philips, sua gravadora. O Palácio das Convenções do Anhembi quase veio abaixo, quando a mais bela voz masculina do Brasil e quiçá do mundo entoou: “... quero falar de uma coisa / adivinha onde ela anda? ...” obviamente nossos corações gritavam e pela primeira vez na vida o inicio de um show me fez chorar copiosamente, isso só aconteceu uma outra vez quando assistindo a um show de Maria Bethânia ela altiva no topo de uma rampa abre o show em duo (virtual) com Nina Simone entoando os versos de uma canção de Caetano Veloso.

O repertorio do show/disco é irretocável e hoje é de fato um item de colecionador, um daqueles raros “discos ao vivo” que tem qualidade de fato e fica pra posteridade orgulhando o interprete pra sempre. Estavam no repertório as canções; “Nos Bailes da Vida”, o clássico de Dolores Duran, que na voz de Milton ganha força inigualável “ A Noite do Meu Bem”, a belíssima canção de Milton imortalizada na voz de Fafá de Belém: “Menestrel das Alagoas”, “Para Lennon e McCartney”, “Canção do Novo Mundo”, e tantas outras. Outra emoção - sentida poucas vezes - foi a participação surpresa para o publico de Gal Costa, maravilhoso e único momento, na canção “Solar”.

A voz cristalina de Gal aparece no fundo do cenário e vamos ao delírio na platéia “... Venho do sol a vida inteira no sol sou filha da terra e do sol...” quem viveu estas emoções dificilmente pode ser infeliz. E este monumental momento da MPB termina com a canção “Maria, Maria “ ... mas é preciso de força, ter garra sempre ... “. Eis um item que não deve faltar em nenhuma casa do povo da raça Brasil.




Paulo Gonçalo dos Santos
Historiador / Pesquisador de MPB
paulogoncalo@uol.com.br

Andre L. M. Menezes
Revisão Afetiva

Um comentário:

Zé Luiz Soares disse...

Eu estava lá na primeira noite de gravações, que - tenho certeza - foi a que prevaleceu no registro do disco. De muitos momentos (como quando Gal errou uma parte da letra, ou quando alguém gritou "beija-flor é você!!") eu me lembro perfeitamente.

Foi uma das noites mais importantes da minha vida, principalmente pela mulher que estava comigo, e a cada vez que ouço o disco choro por dentro. Aliás, até evito ouvi-lo.

Nada - mas nada mesmo - será como antes.

Um abraço.